Autor Data 10 de Novembro de 2023 Secção Publicação Blogue A Página dos Enigmas |
O MISTÉRIO DA CARTEIRA ROUBADA Paulo Este
caso passou-se em maio, há uns quatro ou cinco anos, nos arredores da cidade,
num lugar onde um reduzido conjunto das casas forma aquilo que se poderia
considerar um pequeno povoado, embora tal definição perca cada vez mais
sentido nos dias que correm. O
sr. José Alves por volta das nove da manhã tirou o
automóvel da garagem e colocou-o na rua. Cometeu dois erros: deixou a janela
aberta e a carteira em lugar visível. Pouco depois das dez horas voltou ao
carro, e a carteira, onde havia mais de 100 euros, desaparecera. Enquanto
se dirigia à esquadra para participar o roubo, pensava para si: “excelente
forma de começar o mês; se o primeiro dia é assim, como serão os outros”. A
polícia deslocou-se ao local do furto para iniciar as investigações, tendo
ouvido os quatro vizinhos do sr. José. Os agentes
queriam saber se algum dos moradores tinha reparado na presença de estranhos
no local. Foram
obtidos os seguintes depoimentos, transcritos de forma resumida. António
Ferreira, reformado, com 62 anos, vivia com a esposa, ocupando o tempo com
“pequena agricultura” no seu “pequeno quintal”. –
A essa hora não estava em casa. Gosto de sair de manhã, ir tomar um
cafezinho, conversar com os amigos reformados como eu, e voltar para casa, já
quase sempre depois das dez. Foi o que hoje fiz, pelo que se alguém estranho
andou por aqui a rondar, eu não vi. Hoje a minha mulher também foi comigo.
Fomos e voltámos juntos. Luís
Figueira, carteiro, 32 anos, casado com um filho com ano e meio. –
Entre as nove e as dez andei mais dentro de casa que fora. Não vi ninguém
estranho. Nem os vizinhos vi. Reparei no carro, lá fora, mas não notei que
tivesse o vidro aberto. Se tivesse visto, avisava o Sr. Alves. A minha mulher
passou quase todo o tempo de volta da criança. Não deve ter visto nada. Rui
Fernandes, 23 anos, desempregado, vivia sozinho numa casa que herdara dos
pais que tinham morrido num acidente três anos atrás. –
Entre as nove e as dez? Nem sequer estive em casa. Tive uns assuntos para
tratar no banco, mas tive azar. Enquanto estava à espera, lembrei-me que não
levara os documentos de que precisava e vim embora sem chegar a ser atendido.
Cheguei quase às onze. Quando saí de casa já lá estava o carro, mas não
reparei na janela. Norberto
Campos, mecânico de automóveis, casado, um filho. –
Desde mais ou menos as nove horas que andámos todos nas traseiras, lá para o
fundo a fazer uma pequena sementeira de batatas, que sempre são melhores do
que as compradas. Se alguém estranho passasse pelo sítio onde estava o carro
não o conseguiríamos ver. Os
polícias que tinham estado a falar com os vizinhos do assaltado estavam
espantados. Apenas
tinham pretendido saber se alguém estranho passara pelo local, para obterem
uma possível descrição física do gatuno, no entanto deparavam-se com um dos
interrogados a mentir descaradamente. Estava a pretender usar um álibi falso.
Provavelmente seria o ladrão. Quem
é que estava a mentir? A
– António Ferreira B
– Luís Figueira C
– Rui Fernandes D
– Norberto Campos |
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© DANIEL FALCÃO |
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