Autor

Paulo

 

Data

10 de Agosto de 2024

 

Secção

A Página dos Enigmas [34]

 

Competição

Torneio Rápido

Problema nº 1

 

Publicação

Blogue A Página dos Enigmas

 

 

O MISTÉRIO DA MORTE DO TRAFICANTE

Paulo

 

Era uma residencial barata numa rua escura e mal frequentada. As paredes exteriores do prédio, de um amarelo esburacado e desbotado, coincidiam com o interior mal conservado. Lá dentro, um homem jazia de bruços, no chão, com as mãos sob o ventre. Brotara sangue do nariz, em quantidade não muito elevada, e a posição da cabeça em relação ao tronco não deixava qualquer dúvida sobre o estado de cadáver do corpo a meus pés. Olhando para cima observei, após o último degrau das escadas, o patamar sem proteção.

A vítima vestia uma camisola verde, onde pousava o corrimão do patamar, que caíra lá de cima, e umas calças de ganga azul. Sapatilhas azuis com riscas brancas escondiam-lhe os pés.

Subi os degraus de madeira decadente até ao topo. No percurso, lancei a mão ao corrimão da escada, que estremeceu, mostrando não ser necessária grande força para que se precipitasse no vazio. No patamar, na extremidade oposta àquela onde desembocavam os degraus, via-se a passadeira levantada. Sem dúvida que se alguém tropeçasse e se desequilibrasse, não teria sido o corrimão do patamar que teria evitado a queda.

Eu conhecia o morto. Um conhecido consumidor e traficante de heroína. Se não se curasse da toxicodependência, um dia qualquer uma overdose seria a causa da sua morte. O destino, ou alguém por ele, antecipara-se.

Depois de observar o cenário a partir do patamar, voltei para baixo.

Tinha sido o proprietário e rececionista da residencial quem dera o alarme. Só estava mais um hóspede no edifício no momento da queda, também ele conhecido por traficar droga.

– Eu estava a sair do meu quarto, ao fundo (apontou para a extremidade do corredor que desembocava no patamar fatídico), quando vi o Melro (era esta a alcunha do morto), a caminhar, a tropeçar na passadeira, a deitar a mão ao corrimão e a cair com grande estrondo lá em baixo. Apareceu logo o senhor Lopes, vimos que o Melro estava morto e chamámos a polícia.

O senhor Lopes, o proprietário, confirmou tudo.

– Eu estava aqui, na entrada, ouvi um ruído no patamar, olhei, ainda vi o Melro a deitar as mãos ao corrimão e a cair no chão agarrado a ele. Corri para o sítio onde ele caiu, mas pela posição da cabeça vi logo que tinha o pescoço partido. Entretanto o Afonso desceu, e como não podíamos fazer mais nada chamámos a polícia.

Depois de ouvir as duas testemunhas ainda dei uma vista de olhos ao quarto do Melro. Cama, mesa-de-cabeceira, um armário, uma cadeira, e nada mais de mobiliário. Roupa velha e em mau estado acumulava-se no roupeiro.

Enfim….

Faltava a autópsia do corpo, que iria determinar a efetiva causa da morte, mas para já, havia algumas ideias que poderiam ser tiradas sobre aquele caso e que encaminhariam a investigação.

Posto isto, colocam-se quatro hipóteses, para elaborarem uma possibilidade que explique o sucedido com base no texto apresentado. Pede-se que selecionem uma.

 

A – Tudo aponta para que a morte do Melro tenha sido causada por um acidente.

B – O proprietário da residencial matou o Melro sem cumplicidade de ninguém.

C – O Afonso matou o Melro sem cumplicidade de ninguém

D – O Afonso e o Lopes agiram em cumplicidade para matar o Melro.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO