Autor

Paulo

 

Data

10 de Outubro de 2024

 

Secção

A Página dos Enigmas [42]

 

Competição

Torneio Rápido

Problema nº 3

 

Publicação

Blogue A Página dos Enigmas

 

 

O MISTÉRIO DA RUA ESCURA

Paulo

 

A rua ficava numa zona degradada e quase desabitada. Os candeeiros todos partidos escureciam ainda mais a noite sem luar.

Os dois polícias da ronda tinham acompanhado o queixoso ao local onde ele dissera que fora o roubo. Mais tarde, apresentaria a queixa oficialmente na esquadra.

Pelo caminho ele tinha apontado um culpado; um outro indivíduo que com eles se cruzara.

Os quatro estavam na rua estreita e sinuosa.

– Foi este o ladrão. Levou-me tudo; dinheiro, telemóvel e documentos.

Eu estava mais ou menos aqui, quando de repente senti uma arma nas costas e uma voz a dizer que não voltasse a cabeça. Mandou deitar-me no chão, com a cabeça para baixo, sem nunca me deixar olhar para trás. Tirou-me tudo. Depois mandou-me contar até 100. Só depois, poderia levantar-me, senão dava-me um tiro. Eu obedeci. Não sabia se ele estava perto. Quando me levantei já ele tinha desaparecido.

Os polícias tiveram que segurar o acusado, que pretendia agredir o declarante.

– Ele está maluco. Conheço-o de vista e pouco mais. Eu vinha de um bar quando passei por vocês e ele me apontou. Tenho a impressão de que ainda não há muito tempo ele também lá estava.

Reiniciaram o movimento na rua, onde mal se distinguiam as janelas e as portas, algumas delas abertas, dando acesso a prédios desocupados e em ruínas.

– Foi aqui. Se ele não tivesse a arma, eu dava cabo dele.

Perante a dúvida dos polícias, questionando se o outro era mesmo o agressor, ele continuou.

– Não tenho dúvidas! É a mesma cara, o mesmo casaco verde-escuro e as mesmas calças castanhas. A arma deve estar perto, se é que ele ainda não a tem. Não teve tempo de ir longe, mas em algum local escondeu o que me roubou. Se calhar passou tudo a um cúmplice.

Iniciaram o movimento no sentido da saída da rua escura, cujo nome se adequava às características da artéria.

Quando saíram da rua, os polícias conseguiram observar os rostos do queixoso e do acusado. Aparentavam ter idades próximas, entre os vinte e os trinta anos. Cabelos curtos, sem brincos nas orelhas nem outros adereços metálicos visíveis.

Mas uma ideia estava a formar-se dentro da mente de cada um dos agentes da autoridade.

Neste momento interrompe-se a narração. Das quatro hipóteses que se seguem, devem os leitores optar pela que parece descrever melhor o que pode ter sucedido.

 

A – O acusado cometeu o assalto e escondeu a arma e o produto do roubo.

B – O acusador está a mentir pois os factos dificilmente se passariam como ele descreve.

C – O acusado cometeu o roubo ajudado por um cúmplice.

D – O acusador foi assaltado mas o assaltante escondeu-se num dos prédios da rua.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO