Autor

Pedro Silvestre

 

Data

3 de Abril de 1975

 

Secção

Mistério... Policiário [4]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [79]

 

 

O RELÓGIO PAROU ÀS 5…

Pedro Silvestre

 

– Eu sou mais alto do que tu!

– Isso é que não és!...

– Não sou?... Então vamos ver! E o garoto foi buscar a fita métrica à caixa de costura da mãe e, imediatamente, todos foram medidos.

De facto, o Jaime era o mais alto, com 1,30 metros; a seguir estava o Necas, com 1,19; depois a Mimi, com 1,13; e, por último, a Lena, a mais pequenina, apenas com 96 centímetros…

Enquanto as brincadeiras dos garotos continuavam, as mães destes, sentadas à volta de uma mesa totalmente cheia de embrulhos e adornos femininos, conversavam.

A mãe da Lena lamentava que a filha tivesse um dente estragado, do que resultavam grandes dores sempre que comia qualquer doce; a mãe da Mimi queixava-se de que a filha era bastante gulosa, o que já lhe motivara uma grave doença; a mãe do Necas, pelo contrário, gabava a saúde do filho, mas queixava-se das suas maldades, classificando-o como um «inventor de partidas»; e a mãe do Jaime dizia-se desgostosa com a pouca inteligência do filho ou sua pouca aplicação…

O motivo daquela reunião era o aniversário do Jaime. A mãe deste, convidando suas irmãs para um chá, proporcionava, a seu filho, uma tarde inteira de brincadeiras com os primos.

Vindo do jardim, o avô entrou na sala e mostrou às filhas um bolo de creme que mandara fazer… E como de momento não encontrasse melhor sítio onde o pôr, colocou-o sobre uma vitrina, tendo ao lado um pequeno relógio, que marcava um quarto para as cinco…

Em seguida convidou as filhas a irem ver uma nova colecção de cactos que recentemente lhe haviam oferecido. E foram…

Meia hora depois, quando a criada anunciou que o chá estava na mesa, apareceu a Lena a chorar com uma dor de dentes…

Todos se sentaram à mesa, enquanto a criada, a pedido do avô da garotada ia à sala buscar o bolo.

A este faltava-lhe um bocado…

O avô cofiou a longa barba branca e começou a interrogar os netos.

– Diz-me Mimi, a que brincaram durante toda a tarde?

– Nós brincámos à cabra-cega, ao pau queimado e às escondidas…

– Qual de vocês esteve escondido na sala?

– Esteve o Jaime e depois o Necas!

– A seguir às escondidas a que brincaste, Necas?

– A seguir, brincámos aos comboios. Eu ia à frente; atrás de mim ia a Lena; depois a Mimi e, por último, o Jaime…

– Tens uma nódoa de creme nas costas e já sujaste a cadeira…

– O que te fez doer o dente, Lena?

– Eu conto, vôvô: Quando brincávamos aos comboios, íamos a correr… Nisto o Necas parou de repente e eu fui bater com a cara nas costas dele e o dente começou a doer-me…

– Diz à tua mãe que limpe uma nódoa de creme que tens na gola do vestido…

– Ouve, Jaime, que horas eram, mais ou menos, quando estiveste escondido na sala?

– Sei ao certo. Faltavam 5 para as 5, avô!

O avô dirigiu-se então para a sala e mediu a vitrina com a vista… Teria, quanto muito à volta dos 2 metros…

Próximo do móvel fora colocada uma cadeira e espalhadas no chão viam-se algumas migalhas do bolo…

O relógio fora levemente afastado do seu poiso habitual, razão, porque viera a parar nas 5 horas. A 60 cms do chão, uma nódoa de creme sujava um dos vidros laterais do móvel…

– Já sei quem mexeu no bolo… – disse o avô, a meia voz.

 

E nos aproveitamos para «cortar», fazendo as seguintes perguntas aos caros amigos e gentis amiguinhas:

01 – Qual o raciocínio seguido pelo avô?

02 – Quem acha que comeu o pedaço do bolo?

03 – Como, e quando, o tirou?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO