Autor Data 24 de Maio de 1984 Secção Mistério... Policiário [421] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” - 84 Problema nº 5 Publicação Mundo de Aventuras [524] |
ROUBO INCRÍVEL! Pink Floyd …Já os
palhaços se tinham retirado e eu ainda me sorria ao lembrar-me das suas piadas…
Depois vieram os cães e os macacos, que também divertiram o público… e seguiram-se
em pista os homens das andas, exímios malabaristas… e vieram os saltadores da
cama elástica e aquele chinês, extraordinário equilibrista numa simples vara
de bambu ou fibra de vidro que muito bem o imitava, que conseguia por ela
subir e colocar bandeiras no topo, a quase 5 metros de altura e… …continuava a
divertir-me quando apareceu o meu ajudante, com cara de caso… Até certo ponto
não era para menos – ali bem perto, uma vivenda quase isolada tinha sido
assaltada… e lá se foi o resto do espectáculo!… Cá fora o
tempo continuava húmido, mas já não chovia. – Então,
Manel, conta lá o que se passou. – Bem, chefe…
Há cerca de uma hora, recebi um telefonema de uma senhora, idosa, dizendo que
lhe tinham roubado de sua casa, há alguns minutos, uma caixa com alguns
diamantes, colocada sobre o mármore do toucador do seu quarto… Tomei nota da
morada e fui para lá direitinho, sem perda de tempo. Enquanto o meu
ajudante me punha ao corrente do que observara, nós íamos seguindo, a passa
de caracol, por uma rua alcatroada, com pouquíssimo movimento. E depois de acender
um cigarro, ele continuou: – Tratava-se
de uma vivenda de dois andares, ou seja de três pisos e situada nesta mesma
rua a pouca distância daqui. Quando lá cheguei, a senhora levou-me logo ao
seu quarto, no segundo piso. Aí, nada havia a assinalar a não ser que o
ladrão se deveria ter infiltrado ali pela janela, que estava aberta, mas no
sobrado, encerado e limpo, não havia quaisquer pingos de água nem lama… Reparei
também, que a única maneira… Foi nesta
altura que me lembrei de outra das diabruras dos palhaços, e sorri
francamente, o que não foi nada bom para o meu ajudante, muito cioso das suas
descrições… – Que foi chefe?…
Qual é a piada? – Não é nada,
Manel; podes continuar. Estava apenas a recordar a piada que o palhaço da
perna de pau contou lá no circo… Mas continua, Manel, continua! – Bem… estava
eu a querer dizer, que a única maneira possível de o ladrão (ou ladra!) ter
conseguido chegar à janela para entrar no quarto, seria utilizando as fortes trepadeiras
que se encostavam pela parede exterior da vivenda… mas o mais estranho é que
a trepadeira não apresentava quaisquer vestígios de ter sido utilizada para
tal… concluí, então, que o ladrão (ou ladra!) era muito ágil para trepar
assim ou então tinha utilizado uma escada… Calou-se…
Olhou para mim à espera de qualquer reacção, e depois continuou: – Ao examinar
o solo na esperança de encontrar quaisquer indícios que me provassem que o
ladrão (ou ladra!) se teria servido de uma escada, não encontrei esta e logo
pensei que o ladrão (ou ladra!) poderia tê-la trazido e depois levado consigo…
É que, no terreno fofo e quase encharcado pela chuva, encontrei umas pequenas
marcas redondas, profundas, em duas filas, com mais ou menos dois centímetros
de raio, num trajecto da janela – isto é, em frente da janela, no terreno do
jardim – até ao muro que defende a vivenda na estrada, como se vê ali à
frente, à esquerda, continuando depois do muro, na berma, até ao alcatrão,
perdendo-se aí… – Sendo aquele
o muro, que ainda mal diviso, que alturas lhe dás? – Talvez aí,
uns… três metros de altura! Mas é facilmente trepado, pelas reentrâncias e
saliências… Quando o meu
ajudante ia a continuar os relatos e já divisando perfeitamente o muro, a
vivenda e a janela do quarto da senhora a quem tinham “fanado” os diamantes e
que ele me apontava… Parei… Peguei-lhe pelo cotovelo e disse-lhe: – Anda daí!
Vamos voltar para trás, Manei! – Voltar?…
Porquê, chefe? – Vamos “prender”
um possível ladrão… Abriu muito os
olhos e ficou de boca aberta… 1 – Quem acha
que poderia ter roubado? 2 – Explique
convenientemente a razão da sua resposta.
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© DANIEL FALCÃO |
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