Autor Data 9 de Outubro de 2016 Secção Policiário [1314] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2016 Prova nº 9 (Parte II) Publicação Público |
ACONTECEU NUM DIA À TARDE Quaresma, Decifrador Não
imaginam durante quanto tempo tive de me preparar para aquele momento único em
que teria a oportunidade da minha vida. Tratava-se de um grupo de acesso
muito restrito, no qual se entrava caso conseguíssemos resolver o enigma que
nos era proposto. Só era concedida uma oportunidade: ou se acertava ou as
portas encerravam-se para todo o sempre. Depois
de muita preparação com recurso a muitas leituras e muitos desafios
ultrapassados, decidi ser chegado o momento de me apresentar para a prova
definitiva. Seriam
umas quatro horas da tarde quando bati à porta. Passados poucos segundos, a porta
abriu-se e ouvi uma voz que provinha algures da penumbra ao fundo do
corredor: “Entra e segue em frente!” Obedeci
sem questionar. Repentinamente, alguém segurou no meu braço esquerdo e senti
que me conduziam. Durante alguns minutos, a pessoa que me conduzia forçava-me
a virar quer para a esquerda quer para direita. Assim que me apercebi que
largaram o meu braço, as luzes acenderam-se. Depois de ultrapassar esta
rápida passagem da escuridão para a luz, reparei no indivíduo encapuzado
defronte de mim, com a mão esquerda estendida da qual pendia uma folha. Enquanto
pegava na folha que me era dirigida, o encapuzado perguntou: “Acha-se capaz
de resolver o enigma que lhe apresentamos?” Assim
que segurei a folha nas minhas mãos, comecei a ler. «Os
investigadores identificaram quatro mulheres com fortes motivos para
assassinar o Joaquim da Barroca. Duas delas, Roberta Dias e Rute Semanas,
apresentaram alibis demasiado duvidosos para o período em que ocorrera o
homicídio. No entanto, havia testemunhos que afirmavam ter escutado, poucos
dias antes, Ana Portugal e Maria França a ameaçarem a vítima. Eis alguns
extratos dos depoimentos recolhidos: Ana
Portugal: “Eu seria incapaz de matar quem quer que fosse. Já há vários dias
que não falava com o Joaquim.” Maria
França: “Tive vontade de o matar mais de uma vez. Mas acho que alguém se
antecipou.” Roberta
Dias: “Como o meu marido pode comprovar, há muito tempo que não falo com o
Joaquim.” Rute
Semanas: “Houve vários momentos em que se tivesse uma pistola à mão, ter-lhe-ia
dado um tiro mesmo no meio da testa.” No
local do crime foi encontrado um pedaço de papel que comprovadamente fora
redigido pela vítima, possivelmente nos curtos minutos que antecederam a
morte, com a seguinte sequência: 3,3 – 6,3 – 4,3 – 2,1 – 7,3 – 6,3 – 2,2 – 3,2 –
7,3 – 8,1 – 2,1 Será
que a vítima deixara uma mensagem que apontava o autor do crime?» Assim
que afastei os olhos da folha, observei o encapuzado que se mantinha à minha
frente e ouvi: “Sabe a resposta a essa pergunta?” Voltei
a concentrar-me no que estava escrito na folha e, após levantar a cabeça,
respondi: “Sim!” Minutos
depois, voltei a atravessar a porta de entrada, satisfeito com a minha
prestação. E
os leitores, será que também sabem quem assassinou Joaquim Barroca? A
– Ana Portugal B
– Maria França C
– Roberta Dias D – Rute Semanas |
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© DANIEL FALCÃO |
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