Autor Data 1 de Setembro de 2006 Secção Publicação O Almeirinense |
A MORTE ESTÁ AO VOLANTE Repórter S.O.S. O
Inspector Cativo acompanhou o sargento Gil, do
posto até ao local da tragédia – em plena estrada nacional X. –
Então, Sargento, deveras aflito, hem?!... –
Na verdade, inspector, é o
caso mais intrigante que foquei em toda a minha vida – 12 anos de serviço activo! Chegados
ao local, Cativo viu um esplêndido Hudson, com a frente amachucada contra uma árvore, do lado
direito da estrada. Ao volante, jazia um rapaz de pouco mais de quinze anos,
já apresentando a cor térrea da morte. O
inspector observou tudo, minuciosamente. O pneu da
frente do lado esquerdo tinha rebentado antes do embate, via-se claramente
pelos vestígios deixados na estrada. Fora isso, certamente, a causa do
sinistro. No entanto, Cativo estava apto a provar que houvera crime. Pouco
depois, o sargento informou também de que o Hudson ficara engatado em
primeira. Estava
tudo a postos para removerem o corpo, quando foram informados de que alguém
pedia para fazer declarações. Com a devida autorização, um indivíduo, que
dizia chamar-se Lupe, expôs: Saibam V. Exas. que o pobre rapaz, morto tão
tragicamente, é meu sobrinho, órfão de pai e mãe, de quem eu era a única família
e tutor. Há dias que o ando a ensinar a conduzir e ontem saímos da cidade,
para dar um passeio pelos arredores. A certa altura, o carro empanou e eu,
deixando-o ao volante para dar umas acelerações, abri o capot
do carro e observei o motor. Resolvida
a avaria, e quando fechava o capot, o carro arrancou
e só tive tempo de saltar da frente do carro, dando um salto para o lado. O
carro partiu em grande velocidade. Julguei que fosse partida do meu sobrinho,
para me provar que já sabia guiar. Pensei que seria detido pela polícia e
conduzido a casa, mas nunca julguei que passasse de um ligeiro aborrecimento.
Infelizmente… Sim, senhores, soube da triste
ocorrência. Após
a declaração do indivíduo, deu mais umas voltas e, pouco depois, dizia para o
sargento: –
Já sei quem matou o rapaz. Foi este tipo, Lupe, e… –
O quê? Este? –
Sim! Tu não descobres; também não faz mal! –
Vou fazer duas perguntas aos leitores de “O Almeirinense”, enquanto tu
pensas. E,
agora, perguntamos nós: Quais
os dados em que Cativo se baseou para afirmar: 1
– Que havia crime. 2
– Que fora Lupe o assassino.
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© DANIEL FALCÃO |
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