Autor Data 2 de Agosto de 2025 Competição Torneio do Cinquentenário de
“Mistério… Policiário” Problema nº 7 Publicação Blogue A Página dos Enigmas |
Solução de: O ASSASSINATO DO VELHO MILIONÁRIO… Rigor Mortis –
Como assim?! – questionou o inspetor. De pé, acendeu
o cachimbo enquanto olhava intensamente para a sobrinha, sentada na poltrona. –
Bom… Dos dois, a Susana é a que parece ter motivos para desejar a morte do
pai. A rejeição por este da relação que ela tem com o namorado e a ameaça de
a deserdar, claro. Uma fortuna como a do pai não será uma coisa a desprezar…
Pelo contrário, o Rui parecia estar relativamente de bem com o pai, é
verdade. Mas valerá a pena investigar isso mais profundamente, tal como o
estado das suas finanças. –
A pistola era do Rui, é um facto – continuou a Júlia. – Claro que teria sido
possível à Susana tirá-la do estojo sem que ele desse por isso, por exemplo
naquela manhã, quando o irmão estivesse na casa de banho. Mas porque é que a
iria esconder a seguir ao crime num sítio onde guardava artigos pessoais
seus? Era de supor que seria encontrada numa busca que a Polícia fizesse, e
isso iria dirigir suspeitas sobre si própria. Deixá-la em qualquer outro
sítio, até mesmo no escritório, seria bem melhor… –
E a ausência de impressões digitais na arma e o facto de em nenhum deles
terem sido detetados indícios de pólvora? – perguntou
o inspetor. –
A circunstância de a pistola não ter impressões digitais significa que
qualquer dos dois a poderá ter usado, limpando-a a seguir. E qualquer deles
poderá ter lavado cuidadosamente as mãos e os braços depois do crime. Tiveram
tempo para isso… –
Significará a tua conclusão que de alguma forma simpatizas com a Susana, por
ela ser mulher e fisicamente frágil?... – ironizou o inspetor. – Olha que já encontrei casos de
mulheres minúsculas a cometerem assassínios… –
Não, tio. Mas é precisamente por ela ser muito pequena. –
Como assim?! – repetiu o inspetor. –
Porque, com o metro e sessenta que ela tem, lhe teria sido impossível atingir
o pai, sentado à secretária, com um tiro no alto da cabeça. –
Ora, ora! – O inspetor despediu o argumento da sobrinha com um gesto de uma
mão, enquanto se agachava e, com a outra, usava o cachimbo com o braço
esticado, simulando segurar uma arma à frente da cara, a disparar para o alto
da cabeça da Júlia. –
Não, não, tio! Do outro lado da secretária, o tiro teria que ser dado a uns
dois metros de distância, não menos que metro e meio. Certamente com o velho
ligeiramente dobrado para a frente, pelo espanto de ver uma pistola apontada
a ele, mais ou menos como eu estou. Mantendo-se
agachado, o inspetor afastou-se um passo da sobrinha. – Pois, daí… Mas note que seria impossível que
esse disparo pudesse levar a bala a alojar-se no topo da pequena lomba da
zona dos rins da cadeira onde estava o morto – continuou Júlia, calmamente,
sorrindo com a surpresa estampada na cara do tio – o que aconteceria com
certeza se o tiro fosse disparado pelo Rui, com os seus dois metros de
altura… |
© DANIEL FALCÃO |
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