Autor

Rip Krby

 

Data

19 de Dezembro de 1999

 

Secção

Policiário [440]

 

Competição

Torneio “Fórmula 1”

Torneio “Detective Said

Prova nº 7

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

MISTÉRIO NO 2º ESQUERDO

Rip Kirby

 

O inspector Eduardo Trindade depressa concluiu que o autor do crime não podia ser alguém estranho ao prédio, pois, de acordo com as declarações das moradoras do rés-do-chão, ninguém saiu dali desde que foi dado o alarme até à chegada da polícia. Também as referidas moradoras não demoraram a ser excluídas da lista de suspeitos, uma vez que os testemunhos de cada uma delas iliba a outra. O mesmo raciocínio serve para as manas do 3º andar.

No 4º Esq. vivem o Armando Fontana e a mãe e também eles terão que ser excluídos de entre os suspeitos. Como vimos, as moradoras do 3º andar encontravam-se no patamar das escadas, quando ouviram o que lhes pareceu ser um tiro e ali permaneceram até ao momento em que foram interrogadas; entretanto ninguém passou para cima; certamente que, se tal tivesse acontecido, elas tê-lo-iam referido.

Resta-nos o Alberto Vaz. Segundo os depoimentos das moradoras do rés-do-chão, ele entrou no prédio pouco depois de tudo ter acontecido e, como elas não se referem ao facto de o terem visto sair, poderíamos supor que ele tivesse saído antes de elas terem ido sentar-se no patamar. Isto poderia contribuir para que fosse retirado do rol dos suspeitos. Contudo, ele próprio afirma que havia saído perto das 14h, o que não é verdade. Ora, se ele mente, a possibilidade de um engano da sua parte está fora de questão, pois teria que ser superior a uma hora; então, é porque tem algo a esconder, provavelmente o facto de se encontrar em casa. Na realidade assim aconteceu e o assassino só podia ter sido ele. Vejamos como tudo poderá ter ocorrido.

O Alberto Vaz matou o seu vizinho de piso e lançou pela janela aberta a arma. De seguida correu para o seu apartamento e, através da janela da cozinha, com o auxílio de uma corda, desceu para a rua, voltando de seguida a entrar no prédio, o que foi testemunhado pelas moradoras do piso térreo. Reentrou em casa soltou a corda e deixou-a cair para o exterior. Tal operação não apresenta grande dificuldade, pois, como sabemos, ele havia sido fuzileiro naval.

Tudo parecia correr de feição, mas teve azar e a corda ficou presa mais ou menos a meio, no estendal da roupa do apartamento por baixo do seu e o azar ainda foi maior por o ajudante do inspector se ter lembrado de ir olhar as traseiras do edifício.

A possibilidade de a corda poder ter sido utilizada pelo Armando Fontana para entrar em casa da vítima e de lá voltar a sair não pode ser considerada, pois, para além do facto das janelas dos respectivos apartamentos não se encontrarem na mesma prumada, acresce ainda que as janelas do apartamento onde ocorreu o crime se encontram todas fechadas. A excepção é a da biblioteca, mas nos apartamentos do lado direito essa janela não existe.

© DANIEL FALCÃO