Autor Data 30 de Março de 2003 Secção Policiário [611] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2002/2003 Prova nº 5 Publicação Público |
Solução de: UMA AVENTURA DE SHERLOCKÃO Rip Kirby A autoria do rapto e a
responsabilidade pela morte do gamo bebé cabe inteiramente à águia. Como chegamos a esta
conclusão? Se estiveram com atenção
aos debates durante a assembleia que decidiu a nomeação do Sherlockão para investigar o caso, devem ter reparado que
a determinada altura a Águia perguntava com algum desdém: Mesmo assim quem quereria
um miserável filhote de gamo? Como sabia ela que o
filhote era de gamo? Até ao momento ninguém sabia quem tinha sido raptado.
Apenas se sabia que pertencia ao clã dos cervídeos que, como se sabe, é muito
vasto. Vejamos outros pormenores.
No local onde foi encontrado o corpo do jovem gamo não haviam pegadas, o que
demonstra que não foram nem o Leão, nem o Mabeco que levaram para ali o
cadáver. Se tivessem sido eles, forçosamente teriam lá deixado as respectivas pegadas. Por outro lado, como vimos,
o Leão apresentou um álibi que foi confirmado pelo elefante, que presidia à
assembleia. Quanto ao Mabeco, o próprio confessou que
teve vontade de caçar o jovem gamo, mas que foi antes procurar os irmãos e
quando voltou já não o encontrou. É um depoimento verosímil já que, como
sabemos, o mabeco não caça sozinho mas sim em matilha. De referir, por último, que
caso tivessem sido o Leão ou o Mabeco, certamente não teriam ali deixado a
sua presa, mas por certo que a teriam devorado. A Águia apresentou como
álibi o facto de no dia do rapto ter sido alvejada por um humano e ter ficado
com uma pata inutilizada, o que foi confirmado por Sherlockão.
Contudo, isso não impedia que antes de ter sido alvejada tivesse levado a
cabo o rapto. Quando observamos o corpo
do infeliz cervídeo, vemos que num dos lados do dorso há dois buracos
profundos, enquanto no outro há seis – o que corresponde ao número de garras
que formam as patas de uma águia e que o haviam segurado. Vemos também que os
buracos mais próximos da cabeça se encontravam rasgados. Isto significa que,
ao ser alvejada, e tendo ficado com os tendões cortados, a pata
correspondente à perna ferida deixou de poder agarrar pelos quartos traseiros
a sua vítima, que descaiu daquele lado. A violência do impulso que isso
causou e o peso da presa, que já era crescidinha, provocou os rasgões nos
ferimentos do lado da cabeça do gamo, que se despenhou no espaço – também por
isso, as costelas se apresentavam todas partidas, bem como outros ossos
devido ao embate violento com o solo. A hipótese de o cervo ter
sido também atingido pelo humano que alvejou a águia está fora de causa. O
tiro foi de bala e não de chumbo ou zagalote. |
© DANIEL FALCÃO |
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