Autor Data Outubro de 2005 Publicação (em Secção) |
Solução de: OITO À MESA Rip Kirby Solução apresentada por Dic
Roland PRIMEIRA PARTE 1 Está morto o
Januário! Camisa cor de
lilás, Fato bege, de bom
corte… Dos “Leões” é
partidário Tão ferrenho, que
só traz A gravata que dá
sorte… Sentado a meio da
mesa, Tendo à esquerda o
anfitrião, A todos causa
surpresa, A dormir no cadeirão!! Mas não dorme, nem
é manha! Desta vez não
vence; perde, Que a Sorte não
acompanha A bela gravata
verde… 2 Quem matou? Será,
decerto, Um dos “amigos”
mais reles, Mas que brilham
como sois! Há quem aponte o
Alberto Que, em verdade, é
um daqueles Que só pensa em futebois… O fato é da cor
dos céus, A camisa lembra a
Lua, E a gravata – meu
Deus! – É do Sol a imagem
crua!... Oiro, vermelho,
azulado (Ironias do
Destino!...): À dextra do
assassinado, As três cores do
assassino!... 3 Ao Vítor, que é
diplomata, Vão as minhas
condolências Antes do lauto
jantar. Fato, camisa e
gravata De luto, são
evidências Que nos cumpre
respeitar. Anfitrião
diligente, Afável e generoso, Não merecia tal
presente Cem por cento
venenoso. Com a vítima à
direita, Quem havia de
dizer Que outra morte o
espreita Sem de tal se
aperceber. 4 Num dos topos,
Francelino Tem Felisberto à
canhota E Óscar logo a
seguir; À cabeceira,
Etelvino Com Paulo à
dextra, denota Certo gosto em
presidir. Mas quando tudo se
apresta Para início da
função, Surge alguém que
estraga a festa Com peremptória objecção! Tem sotaque
brasileiro E é castiço no
falar: “Ninguém janta sem
primeiro Do terno se
despojar!” 5 A todos, com mil
bravatas, Foi sacando as
vestimentas A coberto do
negrume. “Fatos, camisas,
gravatas, É o preço das
ementas” Dizia, com
azedume… Depois, entre dois
trovões, Ouviu-se uma
gargalhada. (No céu fulgiam
trovões Sublinhando a
trovoada…) Houve um que
reconheceu Aquele riso
trocista. “É Rip Kirby!” – gemeu, Mas ninguém lhe
pôs a vista… SEGUNDA PARTE 1 O temporal
abrandou E a luz, em pleno
ocaso, Finalmente lá
voltou Com meia hora de
atraso. A um canto, em
pandemónio, O vestuário
despido Que o fantasma (ou
demónio…) Ali deixara
estendido. É então que
Mestre-sala Põe à prova a sua
argúcia: A roupa a todos
regala Com rigorosa
minúcia!... Senhor de boa
memória, Toma nota, num
caderno, Da cor e peça
acessória Que notara em cada
terno. 2 E é desse
apontamento, De preciosa valia Que se extrai o
documento Cedido por cortesia: TERCEIRA PARTE 1 Graças ao zelo e
ao tino Deste mordomo “a
valer”, Nada mais é
necessário: Se o Alberto é
esquerdino, O outro é (tem de
ser!) O da esquerda – o
Januário! Mas Januário,
afinal, É problema em
discussão; É aquele para o
qual É urgente a
solução. Mas ouvi-lo, para
quê, Se de tudo está
ausente? E, se morto – já
se vê – Não diz verdades
nem mente?... 2 A bala entrou na
barriga, Da direita para a
esquerda, Alojando-se no
rim; E não houve mão
amiga Que evitasse a
forte perda Sanguínea… e foi o
fim! O ângulo, bem
medido, Da trajectória perfeita Indica o dedo
atrevido Do vizinho da
direita. Dedo que já se
munira, De forma nada
legítima, Co’a
pistola que retira Na residência da
vítima. 3 O crime foi
consumado A coberto do
fragor Da noite
tempestuosa. Momento bem
calculado, Sob o manto protector Da mesa
silenciosa… Será que o crime
compensa Contra a Justiça e
a Moral? Quem mata, é isso
que pensa Porque só pensa no
mal… Entretanto, de mansinho, Na outra parte do
Mundo, Ouve-se o riso
escarninho De
Alguém, no Brasil profundo!.... Imagem retirada da solução apresentada por K.O. |
© DANIEL FALCÃO |
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