Autor Data 15 de Junho de 2014 Secção Policiário [1193] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2014 Prova nº 4 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: AFINAL ELE NEM ESTAVA LÁ… Rip Kirby Não
há dúvida nenhuma de que o Major Valente Tenrinho foi vítima de um atentado. Um
homem que tenha levado uma vida aventurosa como ele levou está sempre sujeito
a arranjar muitos inimigos e ele arranjou-os. Entre
os convidados presentes na recepção que organizou
na sua casa encontravam-se pelo menos três que tinham fortes razões para lhe
desejarem a morte. São eles: Jerónimo de Albuquerque, capitão do exército
compulsivamente passado à reserva. Fernando Mergulhão 1º sargento que não
havia conseguido terminar o curso da Escola Central de Sargentos. E
finalmente Alberto Xavier, Major já aprovado, havia dois anos, para ser
promovido a Tenente Coronel, mas cujo despacho não havia meio de sair dos
gabinetes da hierarquia correspondente. Os
motivos pelos quais eles se tornaram suspeitos são bem conhecidos por nós,
mas do interrogatório a que foram sujeitos nada se apurou de que os pudessemos acusar pela morte do Major. Todos
os convidados começaram a chegar pouco depois da 09h30m e reuniram-se com o
seu anfitrião no jardim que embelezava a frente da moradia. Os preparativos
para o repasto do almoço desse dia já tinham sido concluídos. No escritório
apenas se procederia às habituais salvas de artilharia tanto ao gosto do dono
da casa o que aconteceria minutos antes do início do almoço. Como
vimos esse almoço não chegou a realizar-se e o Major foi enviado para os
anjinhos. Como
vimos, não foram encontrados quaisquer indício que
os acusasse e é fácil chegar-se a essa conclusão. Nenhum dos convidados tinha
tempo para permanecer no escritório armadilhando o telefone. Também é pouco
provável, que algum dos serviçais da casa que tivesse montado a armadilha e
matar o patrão significava ficarem sem emprego. Como
sabemos, entre os convidados encontrava-se também Armando Roboredo, sobrinho
do Major que morava na mesma casa, filho de uma irmã deste e de um capitão do
exército morto em Angola, em condições estranhas, quando da segunda comissão
do Major. Segredavam
os empregados da casa, entre si, de que Armando acusava o tio de responsável
pela morte do pai. Não podemos garantir de que tal mexerico tenha algo de
verdadeiro, mas o mal é as más línguas injectarem o seu veneno. Analisando
com alguma atenção os factos fácil é concluirmos que de entre todos é Armando
quem melhor oportunidade teve para armadilhar o telefone. Ele podia-se
movimentar pela casa sem causar estranheza alguma podendo assim dedicar-se à
vontade à tarefa a que se propusera. Quando
chegou o momento que melhor lhe pareceu telefonou para o tio e aconteceu o
que já sabemos. Depois deixou-se ficar no Jardim ainda durante algum tempo e
quando chegou a casa fingiu que não sabia de nada do que se passou. Uma
nota final para esclarecer que algumas das miniaturas de peças de artilharia feitas
em bronze e que se podem comprar em algumas lojas se prestam perfeitamente
para o que aqui foi narrado, eu já assisti a algo parecido há anos quando
estive em Macau num jantar de antigos artilheiros. Contudo
o que provocou a morte do Major não foi nenhum tiro de artilharia mas sim a
explosão do telefone armadilhado. |
© DANIEL FALCÃO |
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