Autor Data 24 de Maio de 1957 Secção Competição Problema V Publicação Flama [481] |
Solução de: CRIME OU ACIDENTE? Rogério Neves Solução
apresentada por Flor de Lyz Sá Reis, para
afirmar que o criado mentira, baseou-se no seguinte: Afirma-se que
o crime se deu (aliás a morte) às quinze horas e vinte e oito minutos, pois é
essa a hora marcada pelo relógio, quando parou devido à queda e ao
consequente amolgamento. Como é possível então, que o criado afirme ter visto
o seu amo às quinze horas e trinta, encontrando-o bem? Quando
mandaram entrar o criado, este deparou com o cadáver do patrão coberto com o
lençol. Não teria necessidade de ficar nervoso, pois foi ele, como disse,
quem encontrou o corpo sem vida de Nestor Ferraz. O seu nervosismo, indica simplesmente a sua culpa. Admitindo a
hipótese de que não era culpado: Afirmou que
ouvira o sobrinho sair e se este era o assassino, teria também ouvido o peso
a cair, visto este não ser assim tão leve, que a pancada produzida pela queda
se não ouvisse. Mesmo que a carpete amortecesse o som da pancada, ouvi-la-ia
com toda a certeza, pois também ouviu o assunto de que tratavam. Sá Reis
afirmou que o crime não se dera naquela sala. E afirmou com muito acerto. Onde se
encontravam os estilhaços do vidro do relógio? Naturalmente encontrar-se-iam
na sala onde se dera o crime. Será possível
que o peso, sendo uma massa esférica, não rolasse pelo soalho encerado? Pelas
leis da Física sabe-se perfeitamente que um corpo esférico,
é o que menos atrito e resistência oferece. Portanto, rolaria. Admitindo a
hipótese de ter tropeçado, como se pode compreender que o corpo caísse com os
braços paralelos ao tronco? O instinto de defesa, para evitar a queda,
fá-lo-ia lançar os braços para a frente, como pontos de apoio. Assim, não
ficariam simetricamente estendidos. O criado,
tentando confundir o crime com o acidente, ainda mais se culpou. Se o crime se
tivesse dado no gabinete, o sangue originado pelo ferimento, não se reduziria
a um fio. Pelo contrário, formaria uma poça que alastraria no soalho
encerado. Foram estes os
pormenores que levaram Sá Reis a concluir que o criado mentira e que Nestor
Ferraz fora morto noutra sala. |
© DANIEL FALCÃO |
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