Autor Data 27 de Novembro de 1948 Secção Publicação O Século Ilustrado – nº 569 |
CRIME OU SUICÍDIO Roussado Pinto A
prova mais concludente e que fez criar no espírito de Lee Still a certeza de
assassínio, foi a faca. Se a vítima era canhota e o corte foi feito da
direita para a esquerda, nunca a faca poderia estar do lado direito e sim no
esquerdo (recorde o leitor a posição em que se encontrava o inspector, que
revelara qual o lado onde estava a faca).
Sem
este pormenor, talvez o jornalista acreditasse no suicídio, tanto mais que o
assassino dera aquelas picadas em volta da ferida para dar mais realidade à
cena. Mas, com esta primeira pista, seguiu-se a segunda: o cigarro; e logo a
terceira: a carpete demasiadamente pisada em determinado ponto, em relação ao
todo. RECONSTITUIÇÃO
BREVE: O
assassino esperou no seu quarto que a vítima adormecesse. Como era nevrótico,
não podia estar parado, e começou a andar de um para outro lado, fumando
incessantemente. Assim que ouviu a respiração regular que acusa o sono, abriu
a porta, apagou o cigarro, e atirou-o fora, tal a preocupação que a ideia
dominante lhe pusera no espírito, e cometeu o crime. Sentiu o estertor da
vítima, no momento em que fazia as tais picadas, o que o encheu de pânico e o
obrigou a largar a faca, sem reparar em que lado, e fugiu. |
© DANIEL FALCÃO |
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