Autor Data 11 de Dezembro de 1948 Secção Publicação O Século Ilustrado – nº 571 |
MORTE MISTERIOSA Roussado Pinto O
Inspector Lorrimer aproximou-se de Lee Still e murmurou-lhe ao ouvido: -
Dentro de segundos, saberemos de que morreu Gustav François. Os médicos estão
no quarto e devem pronunciar-se com brevidade… -
Mas como se passaram os acontecimentos? – perguntou o jornalista. -
Segundo as informações que consegui obter, o conhecido diplomata francês
oferecia esta noite uma festa, por sua esposa ter regressado de França.
Seriam vinte e três horas e trinta minutos, descia a escada principal de
acesso ao «hall», que antecede este salão, quando cambaleou, subitamente, e
caiu a todo o comprimento da carpete. «Todos
os convidados acreditaram num ataque – a vítima sofria do coração! – e
chamaram imediatamente os médicos assistentes. Porém, um dos cavalheiros
presentes, menos precipitado, observou o corpo e concluiu que estava morto.
Tinha verificado no cadáver um pequeno ferimento por detrás da orelha.
Imediatamente chamaram a Polícia. Cheguei aqui ao mesmo tempo que o corpo
clínico. E, enquanto aguardo que os médicos me digam a causa da morte, fui
colhendo estas… -
Vossa Excelência é o Inspector Lorrimer? – interrompeu um criado,
aproximando-se. -
Sou… Queira
vossa excelência acompanhar-me. Os médicos chamam-no… O
polícia voltou-se para o jornalista e, fazendo-lhe sinal com a mão, seguiu
atrás do serviçal. Lee
Still ficou só. O olhar perdeu-se na confusão dos convidados, espalhados pela
ampla sala, aos montinhos, que discutiam acerbamente o caso. Alguém lhe tocou
nas costas, distraindo-lhe a atenção. Voltou-se.
Na sua frente, um chinês de grande casaca, de rosto miúdo, interrogava: -
Sabe dizer de que morreu o meu pobre amigo Gustav? -
Por ora não… – respondeu, laconicamente, o jornalista. A
seguir, uma senhora de rosto encantador, mas vestida com excentricidade,
também perguntava: -
Quem teria morto Gustav? -
Teria muito prazer em responder a vossa excelência, mas… não sou adivinho. E,
sem esperar resposta, Lee Still curvou-se ligeiramente, e deslizou para o
fundo do salão. A
meio do caminho, mão desconhecida segurou-lhe o casaco. Fez um movimento
instantâneo de impaciência e olhou o inspector. Era
um oficial do exército, emproado na farda cheia de galões, e com os olhos a
brilhar de curiosidade. -
Já se sabe quem deu o tiro em Gustav? -
Por ora, não… - voltou a repetir Lee Still, avançando, desta vez, ao encontro
do inspector, que já o chamava, da entrada do salão. -
Então? -
Com tiro dado à queima-roupa, com silenciador! – informou o polícia. -
Se assim é, caro amigo, já conheço o criminoso! – exclamou Still. -
Como?! – conseguiu articular Lorrimer, olhando o companheiro, a duvidar da sua
razão. -
Ali está! – e o jornalista apontou disfarçadamente para o oficial, que pouco
tempo antes lhe interceptara o caminho. PERGUNTA: Qual
foi a pista que levou Lee Still a fazer a acusação? |
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© DANIEL FALCÃO |
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