Autor

Saturno

 

Data

4 de Março de 1982

 

Secção

Mistério... Policiário [344]

 

Competição

Torneio “Dos Reis ao S. Pedro” - 82

Problema nº 4

 

Publicação

Mundo de Aventuras [438]

 

 

QUEM DISSE QUE HÁ FANTASMAS?...

Saturno

 

O inspector Saturno, resolveu tirar umas férias no campo, mas nem mesmo nesses preciosos dias de não fazer nada, o deixavam descansar.

Assim há cinco minutos recebera um telefonema de uma vizinha a pedir-lhe os seus serviços… e quinze minutos depois, estava em frente de uma casa, rodeada a toda a volta de um magnífico pomar.

À porta, esperava-o, impaciente, uma senhora de estatura baixa, e já com uma certa idade.

– Dona Malaquias, suponho? – perguntou, encaminhando-se para a senhora.

– Oh, sr. inspector! Já não aguento mais isto! Ainda bem que veio.

– Calma, minha senhora… Podemos ir para dentro para falar mais à vontade?

A senhora fez um gesto convidativo.

– Senhor inspector… tenho sido, todas as noites, de há uns tempos a esta parte, atormentada por fantasmas…

– Bem… – explicou Saturno. – Primeiro, tenho de lhe dizer que fantasmas são coisas que não existem… Isso…

– É claro que não! – interrompeu a senhora quase ofendida. – O que eu quero dizer, é que, todas as noites, há alguém a querer meter-me medo!

– E pode dizer-me com que é que lhe metem medo? – perguntou o inspector, curioso.

– Ai, sr. inspector… Olhe, todas as manhãs eu encontro um bilhete, com uma mancha de sangue, espetado com uma faca na minha porta.

Saturno seguia a história com interesse.

– Também, senhor inspector, apareceu na minha cama um lençol negro com uma mancha vermelha. Mas a noite que passou foi a pior! Apareceu-me à porta um caixão…

Saturno, admirado, foi ver… De facto, arrumado agora no canto da cozinha, lá estava um caixão de cartão, mas terrivelmente bem feito e pintado.

Saturno pôs o seu espírito de inspector em funcionamento…

– Quem é que sabe destes acontecimentos? – perguntou.

– Eu… o meu filho, o Doutor Barreiros que é o advogado, e o meu médico, o Doutor Rodrigues.

Este último o inspector bem conhecia… Já tinha aparecido várias vezes no serviço da esquadra com multas de estacionamento proibido…

– Olhe, se quiser falar com o meu filho, ele já vem ali…

Após as apresentações, o inspector começou por perguntar-lhe se ele já tinha assistido a alguma dessas ameaças…

– Olhe, senhor inspector, se desconfia de mim, digo-lhe já que não estou metido nisto. Há duas semanas que estou fora e só voltei antes de ontem. E só ontem ouvi o grito da minha mãe provocado por essa história do caixão…

O inspector foi depois até ao consultório do dr. Rodrigues…

– Eu, sou conhecedor da história desde o princípio, não calculo quem seja esse fulano que assusta assim a Dona Malaquias; mas que devia ser severamente castigado, lá isso devia!

– Há quanto tempo sabe destas histórias, doutor?

– Praticamente desde o começo, quando a Dona Malaquias teve um ataque e me veio consultar…

Depois foi ao consultório do Doutor Berreiros. O advogado da Dona Malaquias.

– Oh, bom-dia, sr. inspector! A Dona Malaquias… Ela contou-me, sim. Até estava para ir agora até a sua casa, pois fui antes de ontem tratar de uns negócios ao Norte e só voltei há pouco. Sinceramente, acho que o malandro devia ser mesmo morto…

– Bem… – acalmou-o Saturno. – Pode ser brincadeira… Nem tanto ao mar…

– Brincadeira?… – o doutor estava enfurecido. E as facas na porta?…

– Sim, isso é sério, mas

– E o caixão? Esse acto de pressão moral é imperdoável…

E continuou a ralhar, enquanto o inspector ia pensando nas declarações dos três suspeitos… E de repente, surgiu-lhe uma ideia… Tinha aparentemente resolvido mais um problema…

 

– Na sua opinião, quem é o sujeito que tanto assustava a senhora?

– Porquê? (Explique convenientemente a sua escolha.)

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO