|
Autor Autor não identificado Data Dezembro de 1981 Secção XYZ-Policiário [13] Competição I Campeonato Nacional de
Problemas Policiários Problema nº 6 Etapa de Famalicão Publicação XYZ-Magazine [18] |
Solução de: UM CASO ESCURO… Autor não identificado Solução
apresentada por Nuno Cristóvão a)
O SOBRINHO b)
Estando uma noite «escura como breu»
e somente a parte frontal da casa ser iluminada, como é que Francisco diz ter
«visto» seu tio dependurado na
varanda, quando saía pela porta traseira, portanto na zona não iluminada?…
Tendo, no entanto, o sr. Luís necessidade de se
munir de uma lanterna que apontou para a varanda vendo deste modo o corpo do sr. Guedes?… Posto isto, lógico será concluir que o
sobrinho mente ao afirmar ter visto seu tio debruçado na varanda quando isso
era impossível atendendo às características dessa noite, pois somente com uma
lanterna isso foi possível. Para além disto, factor
primordial na solução do caso, outros pormenores apontavam para que o
assassínio fosse efectuado dentro de casa e não de
fora, apesar de aparecerem no caminho de cimento as duas piriscas
inteligentemente colocadas por Francisco no intuito de fazer crer que o
assassino actuou de fora; como era sabido o sr. Guedes estava impossibilitado de andar sem ter a
ajuda das muletas, facto este que não aconteceu pois o corpo encontrava-se na
varanda e as muletas junto ao guarda-roupa, do lado contrário à varanda,
indício este da não utilização por parte da vítima das muletas, então como
chegaria ele até à varanda, estando de roupa interior e descalço!? E para quê
ir até lá neste estado!? Nada disto é normal, pois devemos atender também à
época que se atravessava, o frio seria uma constante, ora não se acercaria o sr. Guedes, «velho
nédio» sem, e em primeiro lugar, levar as muletas e em segundo, sem ir
devidamente agasalhado e calçado. Outro aspecto que
não corresponde à realidade é o facto de o corpo se encontrar naquela
posição… Se o assassino actuasse de fora, vindo o
tiro de lá, pois o impacto das balas obrigaria a vítima a cair para trás
tendo deste modo de se encontrar o corpo no chão, de se observar nas
afirmações do médico legista, alguma particularidade na zona do corpo que
contactava o gradeamento da varanda sofrido pelo forte impacto… Ora estes
factos não são assinalados pelo que somos levados a deduzir que efectivamente o corpo foi colocado posteriormente naquele
sítio. A
reconstituição do crime assenta mais ou menos no seguinte: Acercando-se
da entrada de acesso ao quarto de seu tio, Francisco, batendo ou não à porta,
entra de rompante empunhando uma arma com silenciador; perante a surpresa da
ocorrência, a vítima dirige o seu olhar para o local onde se encontra seu
sobrinho, que dispara de imediato dois tiros que não serão ouvidos por
ninguém, pois a arma estava munida de silenciador… Em seguida, pega rapidamente
no corpo já sem vida de seu tio e leva-o para a varanda, colocando-o na
posição mencionada… Depois sai propositadamente pela cozinha, indo colocar no
caminho de cimento duas piriscas para desviar suspeites e dando desta forma
ideia de ser estranho à casa o autor do crime, dando de seguida o alarme, que
iria, no entanto, desmascará-lo.
|
|
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|
|