Autor Autor não identificado Data 1 de Março de 2006 Secção Publicação O Almeirinense |
O PRIMEIRO CASO DO LEITOR DETECTIVE Autor não identificado O
leitor, agora mestre na arte da deduzir, tem ocasiões de provar os seus
conhecimentos. Estava a visitar a “Rádio 2” quando a polícia retirava o corpo
da cantora Gina Geada, morta com um tiro tão próximo que poderia pensar-se
num suicídio, não fora o caso da arma não ter sido encontrada na sala onde a
vítima fora atingida, quando se preparava para actuar.
O
leitor entrou descuidadamente para o estúdio à prova de som, com o cachimbo
apagado entre dentes, merecendo a continência simpática do guarda que estava
à porta e encontrou-se na presença de três pessoas, nem mais do que os
colegas da extinta. Barra indicava onde encontrara Gina. Segundo ele, estava
na discoteca a separar discos para a sessão seguinte. Viu Ângelo, o pianista,
entrar e sair do estúdio e dirigir-se para o bar. Também Dária,
que primitivamente fizera dupla brilhante com Gina até que esta se
transformara numa estrela de rádio e TV, entrou logo a seguir a Ângelo.
“Pareceu-me sair a ferver quando bateu a porta… minutos depois ouvi o tiro,
corri para o estúdio e encontrei-a caída… morta”, concluiu. O
leitor pensou um pouco, assimilando as declarações ouvidas, mordendo
distraído o pipo do cachimbo. Olhou para o pianista que, notando o olhar,
declarou que de facto estava no bar a preparar-se para continuar o ensaio de
uma música que não estava a sair bem. Ouviu o grito de alguém, viu Dária a correr para o estúdio e encontrou-a a chorar
sobre o corpo da colega. Apesar de tudo eram muito amigas. Aproveitando este
“Apesar de tudo”, o leitor pergunta à moça se não ficara magoada ou tinha
ciúmes do sucesso da colega… afinal fora, em certa medida, posta de parte! Dária corou e
voltou-lhe, subitamente, as costas. O leitor saiu pensativo. Sem querer,
pontapeou um vaso de papéis e um revólver caiu no sobrado. Apanhou-o
cuidadosamente enfiando um lápis no cano. Foi saber quem era o encarregado da
investigação, a quem declarou ter encontrado a arma e, provavelmente,
descoberto quem disparara o tiro mortal; era, pelo menos, um suspeito
comprometedor. Pergunta: De
quem suspeitara o leitor e qual o motivo da suspeita? |
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© DANIEL FALCÃO |
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