Autor

Autor não identificado

 

Data

1 de Abril de 2006

 

Secção

Mundo dos Passatempos [3]

 

Publicação

O Almeirinense

 

 

ASSASSÍNIO DE UM FANTASMA

Autor não identificado

 

Depois de um período limitado às queixas de pequenos roubos individuais ou de estabelecimentos, duvidosamente atribuídos aos drogados, o Leitor teve o mistério por que ansiava o seu cérebro privilegiado: a morte da senhora Marta.

Cerca da uma hora da noite, um telefonema alertou-o. O Leitor vestiu-se rapidamente, envergou a gabardina, o boné enfiado até às orelhas e o cachimbo nos dentes, apagado como sempre, apenas para compor a personalidade, dirigiu-se ao local que lhe havia sido anunciado. Chegou ao mesmo tempo que a brigada policial e com ela entrou.

O cadáver da senhora Marta, que devia ter sido uma mulher alta e bonita, vestia uma camisa de dormir e um pequeno xaile sobre os ombros, caíra sobre o próprio sangue junto à janela, no peitoral da qual se notavam igualmente manchas de sangue. O marido, o sr. Belmiro, ainda em pijama, sentado na cama de onde se via o cadáver, permanecia mudo e observante.

Enquanto o médico examinava o cadáver, depois das necessárias fotos, o Inspector interrogou o viúvo. Este contou que a esposa, ultimamente, se mostrava alarmada com ruídos nocturnos, dentro e fora da casa, chegando a falar de um fantasma. Ele próprio sentia que havia algo de anormal. Deitou-se por volta das onze horas, adormecendo logo, para ser despertado por um murmúrio estranho e um vulto incaracterístico, junto da janela. Instintivamente, pegou no revólver e que tinha debaixo do travesseiro e disparou três tiros… Quando acendeu a luz, verificou horrorizado que era a sua mulher. Só lhe restara telefonar…

O médico interrompeu para anunciar: – Três tiros certeiros. Um atravessou o ombro, outro deve ter atingido o coração e saiu pelo lado esquerdo do peito, e ainda outro um pouco abaixo, cuja bala ficou alojada. A morte deve ter sido instantânea.

O Inspector pára junto do cadáver. Levantou a janela de guilhotina cujos vidros estavam intactos e olhou o jardim pouco perceptível na escuridão.

O Leitor pareceu acordar do raciocínio a que se entregava e declarou: – Fantasma! Fantasma! Foi um assassínio estúpido e premeditado. Inspector, prenda o Belmiro!

 

Pergunta-se: Quais os elementos que incriminavam o acusado?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO