Autor Data 18 de Março de 1982 Secção Mistério... Policiário [346] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” - 82 Problema nº 5 Publicação Mundo de Aventuras [440] |
UM CRIME QUASE PERFEITO Serginho Eram
21.45 horas daquele domingo 16 de Agosto, quando, em casa do inspector Saraiva, tocava o telefone… –
Está? –
É de casa do inspector Saraiva? –
É sim! Quem fala? –
Daqui é o sargento Esteves. –
Então o que temos? –
Houve um crime em casa de um tal sr. Gonçalves, e
pediram-me para o chamar aqui. –
O. K., qual é a morada? Eram
22 horas quando o inspector Saraiva chegou à morada
indicada pelo sargento Esteves. Era uma bonita casa, situada numa zona de
pouco movimento, muito limpa e muito bem arejada. O sr.
Gonçalves vivia sozinho, mas de vez em quando reunia-se com alguns amigos
seus em sua casa. –
Eu penso que o sr. Gonçalves morreu apunhalado
entre as 17.30 e as 18.30 horas. Penso que o sr.
Gonçalves não morreu instantaneamente, uma vez que ele parece ter-se
arrastado, mas ele deve ter tido muito pouco tempo de vida – informou o
médico-legista. –
Inspector, eu fui informado que o sr. Gonçalves esteve hoje aqui reunido com quatro amigos
seus – informou o sargento Esteves. –
Fui eu… – disse um homem que se encontrava ali há já bastante tempo, e que
estava bastante nervoso – eu tinha combinado com o Gonçalves irmos a um
cinema às 21.30 horas, e ele disse-me para o vir cá chamar por volta das
21.15 horas. Quando cá cheguei toquei à campainha mas ninguém atendeu.
Insisti mais algumas vezes, mas como não havia resposta fui ver se a porta de
trás estava aberta, uma vez que estranhava o facto de o Gonçalves faltar a um
compromisso. Quando lá cheguei, vi que tinham forçado a fechadura, estando
assim a porta aberta. Entrei com cuidado, pois pensei logo que algo de mau
tinha acontecido. Quando cheguei à sala, depois de ter passado pela cozinha,
deparei com o Gonçalves tendo o peito todo ensanguentado, e com tudo desarrumado,
o que não era habitual em casa do Gonçalves, uma vez que ele era muito
arrumado. Pensei, pois, que tinha ali havido luta. Vi então um papel que ele
tinha na mão, e uma esferográfica junto dele. Não mexi em nada. Apenas pus a
esferográfica em cima da mesa, e lhe tirei o papel que ele tinha na mão para
o guardar no meu bolso, pois julguei ser de interesse para a polícia, apesar
de a mim não me querer dizer nada. Aqui o tem… –
Isto parece-me querer dizer 40ª volta. Talvez tenha algum significado, pois o
sr. Gonçalves talvez tenha visto o seu assassino, e
tentou, nas últimas forças, dar-nos qualquer indicação sobre ele – disse o inspector – o sr. … –
Pinto, Artur Pinto. –
O sr. Artur Pinto esteve cá hoje com o sr. Gonçalves, não é verdade? –
É sim, estive cá hoje a ver o Grande Prémio da Áustria, Fórmula 1, na
televisão dele, juntamente com mais três amigos nossos. –
Você tem aí os números de telefone e as moradas desses outros três senhores
que cá estiveram? –
Tenho sim, são… Eram
22.45 horas. Já todos os suspeitos se encontravam em casa do falecido,
prontos para serem interrogados pelo inspector
Saraiva: Artur
Pinto – Quando saí de casa do Gonçalves, fui para casa ler um pouco. Jantei,
entretive-me um bocado a ler o jornal, e às 20.50 horas saí para ir ter a
casa do Gonçalves. Mário
Abreu – Saímos os quatro de casa do Gonçalves, e como cada um foi para seu
lado, eu fui ver se uns amigos meus estavam em casa, mas como tinham saído,
fui para minha casa. Quando lá cheguei, deviam ser umas 16.55 horas,
telefonei para um outro amigo meu, mas como ninguém atendeu, entretive-me a
ler uma revista que lá tinha. Às 18 horas voltei a telefonar a esse meu
amigo, e convidei-o a vir cá a casa tratar de uns assuntos. Ele veio, e
quando me telefonaram, tinha ele acabado de sair. Se quiserem ele pode
confirmar o que eu disse. António
Magalhães – Quando saí de casa do Gonçalves fui ao cinema. Regressei a casa
por volta das 19 horas, jantei, e entretive-me a ver televisão até à altura
em que me telefonaram. Miguel
Sampaio – Não tenho nada a esconder. Quando saí daqui, fui até ao clube lá do
bairro onde eu moro, e estive a jogar dominó até por volta das 21 horas, hora
em que fui jantar a casa. –
Sargento, mantenha esses homens sob vigilância. Pode
ser que eu amanhã já tenha uma resposta sobre o caso. No
dia seguinte, encontrava-se o inspector a ler um
jornal, quando, ao ver uma notícia, exclamou: –
É isso! Como pude ser tão idiota? Levantou-se,
dirigiu-se ao telefone, marcou um número e: –
Está? É o sargento Esteves? –
É sim. –
Daqui é o inspector Saraiva. Sargento, um mandato
de captura para o sr. … Pergunta-se:
1
– Quem é que o inspector Saraiva mandou prender? 2
– Como chegou a essa conclusão? (Explique a razão que o levou a concluir quem
foi o criminoso.) |
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© DANIEL FALCÃO |
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