Autor

Sete de Espadas

 

Data

 

Competição

III Torneio

Problema nº 6

 

Publicação

 

 

 

 

 

 

 

Solução de:

A EXTENSÃO 11 NÃO RESPONDE

Sete de Espadas

 

Não há dúvida nenhuma, de que se trata dum suicídio e… de uma tentativa de assassinato.

Vejamos:

Crowl fez grossa patifaria em Inglaterra e fugiu para a América. Dos detectives e jornalistas policiais que seguiam o caso com paixão, só um foi bastante afortunado para, passados poucos meses, encontrar o rasto do fugitivo. Nem só no comércio «o segredo é a alma do negócio», nos assuntos policiais, também o é. E foi a pensar nisso, que o jovem jornalista do «Herald», sem dizer água vai, ruma para o nosso Continente, e vai entrar como contínuo ao serviço da Companhia de Traçados de Pontes e Vias Férreas. Ele sabia que o seu anonimato seria compensado com a captura de John Brader, agora encadernado em senhor Crowl.

Depois de muito tempo de espera e de enrolar todo o novelo de modo a ficar com uma só das pontas na mão – que é como quem diz «ter todas as provas e mais uma, de que John Brader e mister Crowl são uma e a mesma pessoa – põe-se em contacto com a Scotland Yard, da qual recebe ordem para o vigiar minuto a minuto e impedir a sua fuga. Tratada a extradição o inspector encarregado do caso não resiste à tentação de falar primeiro ao telefone com o criminoso – mas antes avisou por «correio confidencial» o jovem jornalista de maneira a que este fizesse o impossível para que o pássaro não voltasse a levantar vôo… E esse impossível foi cumprido à letra. Logo que o «contínuo» recebeu o pedido de um copo de água para o senhor Crowl tomar o comprimido, pela proximidade da hora ele viu o momento chegado, e então com que sorte e zás… Dá-lhe o copo com o narcótico, para o outro tomar o comprimido. O resto era uma questão de dez minutos, mais ou menos…

Mas que não contou com os que preferem fazer justiça pelas próprias mãos… Crowl depois de tomar o comprimido com metade da água narcotizada, vendo-se perdido e agora tendo a acrescentar mais o desfalque de perto de 15.000 dólares, saca da pistola e… Pum. Era uma vez! Que diabo: Logo a pistola devia ter silenciador!...

Mas

Sim, caros colegas, ainda falta justificar muita coisa…

– Então o punhal?

– É fácil:

Garplow, enquanto ajudante de tesoureiro e de secretário descobriu por acaso, a burla que estava sendo levada a efeito por Mr. Crowl. E em vez de o desmascarar, resolve actuar também por conta própria. Cobarde, queima-se e quando foi afastado, teve ainda mais medo de falar. Crowl conhecedor da psicologia das multidões, achou por bem transferi-lo de serviço, ciente de que o outro não falaria.

E assim foi, para mal dos seus colegas…

Garplow jurou vingar-se, e como todos os cobardes, à traição. Primeiro pensou numa carta anónima, mas depois viu que também podia ser queimado pelo fogo com que brincava, e por fim, depois de grandes lucubrações, resolveu-se pelo frio assassínio.

Eliminava-o e ficava ao mesmo tempo senhor da praça.

Treinou-se com um punhal especial. – Folha forte, comprida e pesada, o cabo muito pequeno, leve e ôco, para que, atirando, ele se cravasse com violência, já devido à força com que seria lançado, já devido também à força de gravidade – ele nunca erraria!

E naquela tarde achou que a atmosfera tinha algo de extraordinário e viu da sua mesa de trabalho, o livro aberto em frente de Crowl

Passou-lhe qualquer coisa pela vista… Pega no punhal, sobe ao terraço, vai à clarabóia do gabinete de Crowl, vê-o sentado à secretária, prepara-se para atirar, desvia a vista por segundos, olhando o punhal e… Azar! Depois de o lançar, verifica que, entretanto, Crowl fizera justiça pelas suas próprias mãos.      

Quanto ao «contínuo», como a carta tinha sido um «correio confidencial» e o Inspector vinha a caminho, achou por bem guardar segredo por mais umas horas, e depois justificar a sua acção.  

© DANIEL FALCÃO