Autor

Sete de Espadas

 

Data

20 de Março de 1975

 

Secção

Mistério... Policiário [2]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [77]

 

 

O DESAPARECIMENTO DAS JÓIAS

Sete de Espadas

 

Prioritário. Urgente, Lisboa, às 11,28h.

«As jóias de Joana desapareceram, ponto, diz se posso tomar providências, ponto, tua filha inconsolável, ponto, Zé.»

 

Laconicamente, como um bom telegrama que se preza, aquele era o texto enviado pelo Zá Santana ao irmão Jaime, que o recebera no Rio de Janeiro às 11,52 horas, como estava carimbado no recibo, informando-o de que as ricas «jóias da família», agora em poder de sua filha Joana, uma bonita e elegante moça de 17 anos, tinham desaparecido.

O desgosto da pequena era enorme. As jóias representavam tudo quanto a mãe, que não chegara a conhecer, lhe deixara! Não era só o seu valor material, mas sim o estimativo o que mais interessava.

E mal se passara dois dias quando, por «Expresso-Avião», chega ao inspector Marcos um pedido do Dr. Jaime Santana para investigar o desaparecimento das jóias.

Conterrâneos e antigos camaradas do mesmo Liceu, o inspector Marcos, metendo no bolso a carta do amigo e o telegrama, não se fez demorar na visita ao Zé Santana, para se inteirar do que efectivamente se passara…

– Então, Zé, como é que foi isso?

– Pouco sabemos – respondeu o Zé Santana, depois dos cumprimentos habituais entre velhos conhecidos e até amigos. – Passámos o fim-de-semana fora, na Quinta da Murta, a cerca de 25 quilómetros de Lisboa, e regressámos na segunda-feira cedo, eu, minha mulher e minha sobrinha. A Rosário, nossa empregada doméstica, tinha vindo no domingo à noite, de comboio, com o José, que faz de jardineiro e motorista. Eu não entrei em casa e segui logo para o escritório da fábrica…

– E depois? – interrompeu o inspector.

– Depois, recebi um telefonema da Rosário, cerca das 11 horas, a dizer-me que estava tudo atarantado com o desaparecimento das jóias da menina e que me chamavam, porque ninguém sabia o que fazer…

– E mais?...

– Pouco mais sei. Cheguei aqui certa das 11,10, talvez, e numa primeira e apressada busca também me convenci do desaparecimento das jóias e fui enviar logo um telegrama ao meu irmão,

Marcos, metendo a mão no bolso e escolhendo de entre vários papéis o telegrama que acabara de receber do Dr. Jaime, mostrou-o rapidamente ao Zé, perguntando:

– Foi este o telegrama enviado? O texto, claro!...

– Foi! – respondeu o Zé, mal lhe pegando.

A seguir, Marcos interrogou a Rosário e o José, sobre o que sabiam. Acrescente-se que Rosário e José eram namorados. Residiam no palacete.

– Eu sei – respondeu a rapariga – que, quando vamos para fora, deixamos os quartos arrumados e que não é hábito lá voltarmos sem vir a senhora ou a menina. E logo que chegaram, a menina subiu ao primeiro andar e gritou que estava tudo desarrumado… Fomos a correr, e estava… Tudo desarrumado, uma cadeira voltada, gavetas abertas, a janela da sacada aberta e um lenço do José em cima da cómoda…

E logo o José atalhou:

– De facto, o lenço é o meu, mas não fiz nada nem retirei nada… Fomos ontem ao cinema e não demos por nada.

E, a traços muito largos, foi assim que se verificou o desaparecimento das jóias

Entretanto, o nosso inspector Marcos, depois destes interrogatórios, feitos assim como quem não quer a coisa… lá porque tinha uma teoria, julgou-a confirmada ao lembrar-se de que… Pois claro! Era isso mesmo… a diferença…

E nós também perguntamos:

Também tem uma teoria para o desaparecimento das jóias? Qual?

Quem foi que as roubou? Diga porquê e como se deve ter passado o caso.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO