Autor

Sete de Espadas

 

Data

27 de Março de 1975

 

Secção

Mistério... Policiário [3]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [78]

 

 

UM CASO DEVERAS SINGULAR…

Sete de Espadas

 

O vento forte e frio rodopia a chuva de neve que afasta das ruas daquela cidadezinha de província os raros transeuntes… Aos poucos, e seriam apenas 20 horas, as ruas iam ficando desertas, tornando ainda mais solitários os raros candeeiros de luz mortiça… O Inverno tinha apenas um mês, e talvez por isso, era tão ríspido e tão desagradável…

No quente da nossa biblioteca, Ruy de Villalba, o conhecido escritor de misteriosos casos policiários, bebericando o seu «puro café», ia engendrando em entrelaçadas lucubrações, o futuro e deveras intrincado caso de «0 Mistério da Asa Partida…», quando foi interrompido pelas campainhadas do telefone…

Atendeu, e mal tinha pousado o telefone, a pensar, por sentir o vento o assobiar e a bater nas janelas, «que fim-de-semana tão desagradável», quando a mulher, espreitando à porta do corredor, perguntou:

– Era a mãe?...

– Não! Era o Dr. Costa Farelo, da P. C., a comunicar-me a prisão do confesso assassino do Dr. Castro Dias, aquele caso da há alguns dias, lembras-te?... Calcula como as coisas são… Era para lhe ter telefonado porque, também ontem à noite, percebi a mentira do criminoso… Eu recordo-te o mistério…

«O Dr. Castro Dias apareceu morto no escritório da sua residência. Tinha na mão direita a arma, donde se verificou, mais tarde, ter saído a bala que lhe chamuscara a têmpora e que o matara. O corpo estava debruçado sobre a ampla secretária e a cabeça encostada ao braço direito… Algum sangue inutilizara alguns apontamentos e contas de fornecedores… A morte, segundo o médico legista, ocorrera pelas 20 horas… Olha, faz hoje precisamente oito dias!

«Como te deves lembrar, no momento encontravam-se em casa, unicamente, três pessoas: o jardineiro – que, bastante surdo, nada ouvira, não dera por nada e nada sabia… O criado – que disse andar o preparar a sala de jantar, quando ouvira coisa parecida com um tiro, ao qual não ligara importância, por ruídos daqueles serem frequentes na instrução de recrutas e outros exercícios no quartel próximo. Só quando fora chamar o Dr. Castro Dias para saber a que horas chegaria a senhora e a menina, deparara com aquela triste situação. Dali mesmo gritara pela criada, e depois de não sentirem respiração nem o pulso do braço esquerdo, chamaram a Policia… A criada – que estava na cozinha, disse ter ouvido o ruído indistinto, mas que lhe parecera um tiro, a que não ligara importância; quando o criado gritara por ela, e acorrera, então, ao enfrentar a triste realidade, ligara uma coisa às outra

«E foi tudo… Ontem lembrei-me que

O1 – De que se lembrou o escritor?

02 – Quem foi preso? Porquê?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO