Autor

Smasher Smile

 

Data

24 de Maio de 1979

 

Secção

Mistério... Policiário [218]

 

Competição

Torneio “Novos" e “Iniciados” 79

Problema nº 5

 

Publicação

Mundo de Aventuras [294]

 

 

UM MAU COMEÇO…

Smasher Smile

 

Foi realmente um mau começo, o de Carla, como advogada. Mau porque o começo coincidira com o fim… Naquele dia tivera fim a vida de alguém que nunca a soubera aproveitar.

O inspector avançou na direcção da secretária. Sentada na cadeira onde normalmente se sentavam os clientes que recebia, Carla segurava na mão uma pistola e na fronte, do lado direito, via-se o orifício por onde a vida lhe fugira. O braço-esquerdo apontava o chão onde estava caído um maço de cigarros e a mão estava aberta. O inspector deu a volta, situou-se junto ao amplo cadeirão onde a advogada normalmente se sentava e passou uma vista de olhos pela larga secretária. À frente da mão direita do corpo encontrava-se um lindo corta-papéis e as lapiseiras que a advogada utilizava. Junto às lapiseiras um bloco todo escrito e outro ainda pouco utilizado. A letra era quase indecifrável.

O inspector olhou de seguida para uma pequena mesa, ao lado, onde estava posto o necessário para o almoço e o seu olhar pareceu fixar-se nos talheres… e, escapou-lhe uma exclamação:

– Mau! Isto não bate certo…

 

– Isto não pode ser assim, inspector. Interromperem-me o serviço a meio da manhã…

– Olhe, sr. Jacinto, um conhecido seu foi encontrado morto. Tudo indica suicídio, mas eu tenho umas certas dúvidas…

– Eu tenho alguma culpa que ela esteja morta!

– Deixe-se de barafustar e diga-me o que fez esta manhã, entre as oito e as dez horas.

– Levantei-me e enquanto tomava o pequeno-almoço, ouvi, na rádio, «O Rissol», dos Parodiantes de Lisboa. Aquilo até chateia, é só publicidade. Depois fiz a cama e vim para o escritório. Todos me viram chegar às nove e meia.

 

– E que fez esta manhã entre as oito e as dez, sr. António?

– O habitual – respondeu António, um jovem e promissor escritor, tido como amigo íntimo da vítima. – Acordei pouco depois das oito e arrumei a casa, tomei o pequeno-almoço e dirigi-me para o jardim onde estive a escrever. Quase não escrevi nada pois entretive-me a ver umas andorinhas a evolucionar no céu.

Seguidamente, o inspector explicou a António porque lhe fazia aquelas perguntas e saiu para a rua, absorto nos seus pensamentos.

O sol de Abril brilhava alto no céu.

Nesse momento um sorriso iluminou o rosto do inspector.

– Sim… Ai ele é isso?...

 

1 – O que pensa do caso, crime ou suicídio?

2 – Explique convenientemente a sua hipótese, deslindando o caso.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO