Autor

Telmo

 

Data

Fevereiro de 1984

 

Secção

Mistério... Policiário [410]

 

Competição

Torneio “Dos Reis ao S. Pedro” - 84

Problema nº 2

 

Publicação

Mundo de Aventuras [512]

 

 

TENTATIVA FRUSTRADA

Telmo

 

Chovia torrencialmente… Acompanhando a chuva, a trovoada fazia-se sentir, descarregando milhares de vóltios sobre a cidade iluminando-a intensamente. A luz fortíssima dos relâmpagos recortou uma silhueta humana numa janela dum prédio. As bátegas da chuva ao martirizarem a vidraça do luxuoso apartamento deformaram a figura, tornando-a num espectro fantasmagórico…

A silhueta correspondia a Xavier Fontes, que detinha cerca de 50 % do capital da sociedade Fontes & Teles. Como estava só no apartamento, tinha-se aproximado da janela para pensar na terrível resolução que tinha tomado: aniquilar o seu sócio Jorge Teles. Razões não lhe faltavam, mas o importante era agir eficazmente.

Depois de ter permanecido cerca de 30 minutos embrenhado em tais pensamentos, dirigiu-se para a cozinha. No caminho, tinha tirado um frasco que continha cristais de cianeto de potássio, bem conservados.

São quase 10 horas… Tinha que despachar-se, pois o seu sócio não demoraria, já que tinham combinado debater um problema administrativo da empresa.

Posteriormente, põe umas luvas de borracha, tapa o nariz e a boca com um lenço… Toma uma prancha de madeira lisa e pondo nesta última os cristais de cianeto de potássio, tritura-os até conseguir um pó muito fino. Abre com cuidado, uns pastéis muito polvilhados com açúcar e recheia-os de veneno. Torna a uni-los de tal modo, que parecem intactos. Retira as luvas e o lenço…

A dose utilizada, era a suficiente para matar vinte pessoas. Jorge Teles não terá salvação, pois o cianeto mata em poucos minutos.

 

Depois dos pastéis terem sido colorados numa bandeja e transportados à sala de estar, Fontes aprontou uma garrafa de «Madeira».

A campainha soou… Era o seu sócio. Abriu-lhe a porta e foi-lhe guardar a encharcada gabardina, depois de o ter cumprimentado cordialmente.

Quando voltou já Jorge Teles se tinha recostado no confortável sofá, mesmo defronte dos pastéis envenenados. Começou o debate e as horas foram passando, ainda que, interminavelmente para Xavier… Este a certa altura interrompe:

– Ouve lá! Antes de continuarmos, vamos molhar a goela com este vinho.

– Claro! Isso não é pedido que se recuse – respondeu Jorge Teles, tomando logo um dos pastéis envenenados e um cálice de «Madeira».

Comeu o pastel e acabou com o cálice, voltou-se para Xavier e perguntou-lhe:

– Não comes nenhum pastel?

– Não posso… O médico proibiu-me os doces – disse Xavier, bastante pálido. – Mas come outro…

O sócio prontamente obedeceu e em vez de comer outro, encarregou-se de acabar com todos os pastéis intermediando-os com goles de «Madeira».

Os minutos passaram e Fontes começou a gotejar suor ao ver a tranquilidade do seu sócio… Estava até bem disposto! Não era possível, não podia resistir à dose dada… O certo é que a aguentou sem transparecer nada de grave. Xavier Fontes começou a descontrolar-se; estava nervoso e pediu a Jorge Teles para suspender a reunião, pois estava a sentir-se com dores de cabeça. O sócio aquiesceu… e despediu-se, jovialmente.

Mal este fechou a porte, correu a um armário e retirou um revólver. Desta vez, Jorge não teria nenhuma hipótese, a não ser que conseguisse parar a bala no ar…

 

Pergunta-se:

– Depois de ter lido atentamente o problema, será capaz de explicar (plausível e logicamente e até cientificamente!…) a razão por que o plano de Xavier Fontes não resultou?

 

SOLUÇÃO (não publicada)

© DANIEL FALCÃO