Autor Data 30 de Setembro de 1976 Secção Competição Torneio
"Primeiro Passo Deductivo" Problema nº 1 Publicação Mundo de Aventuras [157] |
FÉRIAS NO RIBATEJO Tony Cooper Jacinto
Ramos, estudante universitário em Coimbra, encontrava-se de férias numa
quinta em Alcanhões, propriedade de um colega de estudos, de seu nome Artur
Malaca. Há já duas semanas que ali estava, gozando o aprazível ar puro do
campo, e, pela primeira vez na sua vida, tomara contacto e apreciara, na lezíria,
a batalha entre o homem e o animal. No
decorrer desses dias, tivera oportunidade de verificar como aqueles homens de
«barrete verde» lutavam, sem armas,
contra bichos com centenas de quilos; assistira, num redondel, às destras e
valentes pegas realizadas por aqueles bravos homens do campo. Por tudo isto,
chegara à conclusão de que era um homem bafejado pela sorte, pois tinha uma
vida estável e agradável – podia estudar, ter carro, férias na praia, no
estrangeiro ou no campo. À
noite, alguns desses mesmos campinos bailavam com as moçoilas, ao som de um «acordeão» ou harmónica bocal; outros
entretinham-se a beber o carrascudo vinho tinto da região. Mas, de madrugada,
antes da alvorada, já se encontravam junto dos bichos (alguns até lá
dormiam). Ao
apreciar a dura e árdua vida do homem da lezíria, tinha a certeza de que era
mais pobre de espírito e mais fraco fisicamente que aqueles bravos. E sentiu
medo. …Medo?! Sim, medo; mas por eles, pelos «heróis» que faziam aquela vida com um extraordinário à vontade.
Quanto a ele, sabia de antemão que não teria coragem para desempenhar tais
funções… Embrenhado
em seus pensamentos, naquela tarde de Agosto, pelas 18 horas, Jacinto Ramos,
regressava à quinta, para lanchar. Depois de dar uma volta pelo campo, levava
uma fome capaz de «devorar um vitelo»…
Ao entrar em casa, encontrou desgostoso o seu colega e amigo Artur Malaca.
Inquiriu-o acerca de tal estado de espírito e este logo contou o que se
passara. –
Amigo Jacinto, minha mãe está de cama, com um forte ataque de nervos, ao
verificar que lhe roubaram uma valiosa bracelete em ouro incrustada de rubis. –
Onde se efectuou o roubo e quem são as pessoas que estavam em casa? – quis
saber Jacinto Ramos. –
O roubo efectuou-se no quarto de minha mãe e as pessoas que estavam em casa
são o Joaquim Matias, o feitor da quinta; o António Marcolino, guarda-livros;
a Maria Benvinda, cozinheira; a Isabel Fortunato, criada de quarto; e eu,
claro está. Os outros estão reunidos na sala de espera, a discutir o roubo… –
Vamos então lá ter com eles! Ao
entrarem na sala, verificaram que os quatro suspeitos falavam e discutiam
todos ao mesmo tempo; consequentemente, não se entendiam… –
Boas tardes! – saudou Joaquim Ramos. E logo acrescentou: – Se persistem nessa
discussão, nunca mais se entendem. Será melhor falar um de cada vez e
explicarem o que sabem e onde estavam. Joaquim
Matias, o feitor, foi o primeiro a explicar: – Eu estava na biblioteca a ler
a célebre obra de Alexandre Dumas, «Os Miseráveis», quando ouvi a senhora
gritar. Arrumei o livro e vim logo ver o que se passava, verificando, ao
chegar ao quarto da senhora, que esta se encontrava no chão, desmaiada, e
junto dela já estavam a Isabel e o Marcolino. Foi
a vez da Isabel: – Estive no quarto da senhora a colocar umas flores nas
jarras. Depois saí para ir à casa de banho, onde fiquei cerca de dez minutos,
e, quando vinha a sair, ouço a senhora a gritar no quarto. Corri para lá e
dei com ela no chão, desmaiada. Fui a primeira pessoa a chegar. Depois
foi António Marcolino quem contou: – Encontrava-me no escritório, montando a
escrita e fazendo contas. Ouvi gritar, vim a correr e dei com a senhora no
chão e junto dela estava a Isabel. A
Maria Benvinda disse de sua justiça: – Eu estava na cozinha, tratando de
fazer o jantar. Nessa altura, lembro-me bem, estava a descascar batatas,
quando ouvi gritar e como conheci a voz da senhora fui logo directamente para
o seu quarto. Quando cheguei já estavam lá a Isabel e os senhores Joaquim
Matias e António Marcolino. Jacinto
Ramos voltou-se para o amigo e perguntou-lhe: – E tu, onde estavas, Artur? –
Eu… Eu… Eu… também sou suspeito? – titubeou Artur Malaca. –
Sim! Tens de responder, meu bom amigo… –
Está bem! Pois eu estava na cavalariça, a dar aveia e uns cubos de açúcar ao
meu «puro-sangue». Entretive-me a
brincar com ele. Depois dei uma pequena volta pelo cam… Jacinto
Ramos não o deixou terminar a frase e disse: – Não digas mais, já descobri
tudo!!! PERGUNTA-SE:
1.o
– Quem roubou a bracelete? 2.o
– Como foi que Jacinto Ramos o descobriu? |
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© DANIEL FALCÃO |
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