Autor Data 14 de Agosto de 2016 Secção Policiário [1306] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2016 Prova nº 7 (Parte II) Publicação Público |
BRUXARIA EM FASE DA LUA Tuga Indomável A
estrada estreitava muito e só dava passagem a uma viatura de cada vez. O
automobilista meteu travões a fundo, colocou o carro em ponto morto e saiu
apressadamente, correndo imediatamente pelos campos, deixando mesmo a porta
aberta. Os
condutores que vinham atrás, foram parando e olhavam para o corredor que
prosseguia a sua estranha prova… Os acompanhantes dos outros condutores
debruçavam-se para cima deles, tentando seguir tão insólita situação. De
repente, eram dezenas de pescoços virados para a direita, num ritual
estranho. Para
onde ia ele tão apressado? Ninguém
conseguia dar uma resposta, para além da usual “pirou de vez!” O
desacato foi tal, com trânsito parado e engarrafamentos monstruosos, que a
polícia teve de acorrer ao local. Como o carro estava a trabalhar, parecia
ser uma operação fácil remover a viatura para um local menos conflituoso, mas
a verdade era outra e a polícia não queria assumir a responsabilidade de
entrar no carro e eventualmente destruir provas. Depois
de muito tempo de paragem, lá veio a polícia especializada em recolher
indícios e verificar que não havia nada no carro que pudesse ser perigoso,
bombas ou outros engenhos. Finalmente,
tudo serenou e o condutor foi identificado como um emigrante português neste
país, o que fez com que a polícia se pusesse em campo para o apanhar e tentar
saber porque fizera tal coisa. Alguns
dias depois foi detido e no interrogatório contou uma história que parecia
irreal. Uma bruxa tinha-lhe dito que nunca deveria conduzir em noites em que
no céu brilhasse a lua em forma de “C” porque isso traria muito mal para ele
e para a família. Foi por isso que ele, ao olhar para o céu e ver a lua
daquela maneira, só pensou em largar o carro e fugir para o mais longe que
conseguisse… Agora,
passados poucos dias, já com a lua a brilhar em todo o seu esplendor, a
profecia da bruxa não se realizaria e por isso ali estava, para pedir
desculpa pelos transtornos, mas a pedir que não fossem muito duros com ele,
porque com bruxarias não se deve brincar. O
comandante nem sabia se devia rir de tão caricata explicação, tudo parecia
tão estúpido que nem dava para acreditar, mas como tinha havido um grande
pandemónio, não lhe restava outra alternativa que não passasse pelo juiz. O
que se passou no tribunal, nunca viremos a saber, mas o nosso emigrante já
regressou em definitivo a Portugal e jura a pés juntos que jamais voltará a… A
– Inglaterra; B
– Moçambique; C
– Brasil; D – Angola. |
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© DANIEL FALCÃO |
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