Autor

Virmancaroli

 

Data

15 de Março de 1986

 

Secção

Sábado Policiário [16]

 

Competição

1º Torneio de Problemística (Sábado Policiário)

2º Problema

 

Publicação

Diário Popular

 

 

NA COMUNIDADE

Virmancaroli

 

O caso passou-se no dia 27 de Abril de 1983. Nessa noite, pelas 23 horas, Joaquim Oliveira e os seus dois cúmplices conseguiram levar todos os valores que havia na ourivesaria de L & L (Lourenço e Lisa), no centro da cidade de Copenhaga.

Fizeram o trabalho com tanta perfeição que não foi possível encontrar quaisquer impressões digitais nem pista alguma que levasse à descoberta dos autores do furto.

Contudo, quatro dias mais tarde – no dia 2 de Maio – já a eficiente polícia sueca descobria Joaquim Oliveira, com os seus três companheiros e o produto do roubo, numa casa dos arredores de Copenhaga. E logo constou que Inácio Figueira, um escultor azarento, que vivia no submundo do crime, denunciara Joaquim à polícia. A partir desse momento toda a escumalha de Copenhaga se pusera em acção para caçar Inácio Figueira. Este, homem alto e franzino, de olhos claros como a água, apercebeu-se do perigo e decidiu ausentar-se durante algumas semanas. Como, por razões desumanas – segundo dizia –a Polícia lhe retirou o passaporte, estando-lhe vedado assim o seu regresso a Portugal, resolveu esconder-se em casa de uns amigos, em Estocolmo.

Três meses mais tarde – o mês de Junho chegava, entretanto – atreveu-se a aparecer de novo no Moulin Rouge, o «cabaret» mais concorrido de Copenhaga. A sua alegria, porém, seria efémera. Precisamente no momento em que punha o primeiro pé na pista de dança foi visto por Deodato, o Gigante.

Deodato, falsificador de passaportes, de dois metros de altura e 180 quilos de peso, arregalou os olhos e bateu as palmas, deliciado. Nada na sua expressão revelava o que quer que fosse de bom e Inácio Figueira decidiu bater imediatamente em retirada. Mas, também, a sua retirada, terminou logo ali, ao fim de 20 metros. Deodato tinha soltado um estridente assobio e, como movidos por uma varinha de condão, começaram a aparecer, de todos os lados, homens que Inácio Figueira conhecia, tão bem, no seu mundo. Enquanto estes o cercavam, Deodato, o Gigante, agarrou-o por um braço e ninguém poderia supor que a sua mão, que se dedicava aos delicados trabalhos de falsificação de dinheiro, era a mesma que nesse momento torcia o braço de Inácio Figueira, como um parafuso.

Ainda hoje se conta, na comunidade de portugueses, em Copenhaga, que nunca mais houve ninguém que apanhasse uma sova como a que apanhou Inácio Figueira, o pintor azarento.

 

PERGUNTA-SE:

– Quantas falhas existem no texto?

– Diga quais são e justifique as suas respostas.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO