Autor

Virmancaroli

 

Data

2 de Setembro de 1988

 

Secção

O Detective [55]

 

Competição

2ª Supertaça Policiária - Cidade de Almada

Problema nº 2

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

Solução de:

TEMPO DE HOMICÍDIO

Virmancaroli

 

1) – Sim, com perícia, seria possível detectar o assassino, sem interrogatório. Através das impressões digitais deixadas na caixa de cartão.

Justificando:

Só é possível recolher impressões digitais no cartão com o auxílio de vapores de iodo, e mesmo assim é preciso muita sorte. De qualquer maneira é sempre necessário um laboratório. Isto tudo há uns anos atrás já que agora foi aperfeiçoada uma nova técnica segundo a qual um pó preto, magnético, se aplica a determinada superfície, tão suavemente que nada a não ser o pó, toca de facto naquela. Depois retira-se magneticamente o pó e, o processo é tão engenhoso que deixa impressões digitais identificáveis em cartão, papel e até kleenex. Por vezes as impressões digitais ficam espantosamente nítidas e duram quase indefinidamente. Utiliza-se um pó e este adere à humidade das impressões digitais latentes. Estas impressões são resultado de aminoácidos e são obtidas mais por meio de um processo químico do que físico.

Ora quero com isto dizer que se o assassino mexeu na tal caixa de cartão que continha o dinheiro da vítima, sem as luvas é provável que as suas impressões digitais sejam identificadas.

2) – Sim. É o Leonel Guerreiro porque mente nas suas declarações

3) – Fundamentando as respostas:

O estado do corpo mostrava claramente que Isabel Cercas tinha sido assassinada havia pelo menos 24 horas. Certas zonas do corpo já tinham um tom cinzento-escuro, o rosto estava intumescido e cheio de equimoses, no ventre viam-se já algumas manchas esverdeadas (estas manchas aparecem junto ao umbigo).

O momento do crime poder-se-ia situar aproximadamente entre a tarde de Sábado e a manhã de Segunda Feira, mais concretamente até ao meio dia de Segunda Feira. Assim Leonel Guerreiro não poderia ter estado com Isabel na Segunda Feira à noite, visto esta apresentar claramente indícios de ter sido assassinada há mais de 24 horas, isto colocando-nos no meio de Terça Feira, altura em que Virgílio recebeu a comunicação do assassínio de Isabel Cercas.

Seria de estranhar também que Leonel Guerreiro ao sair de uma sessão de cinema com Isabel por volta, decerto, das 23h00 ou 23h30, não regressassem juntos já que, habitavam no mesmo hotel!?... Enfim Leonel Guerreiro não queria declarar nada que o denunciasse, isto, pois, o levou a inventar algo que seria puro e demais evidente para o incriminar como o assassino. Analisando ainda as circunstâncias que rodearam o crime teremos que partir da saída de Isabel e Leonel Guerreiro do cinema, regressaram juntos os dois ao hotel e, possivelmente Leonel terá insistido para entrar no quarto de Isabel ao que esta decerto recusou daí pois que Leonel ferido de raiva forçou a entrada e praticou a acção que viria a dar massa ao texto então elaborado.

© DANIEL FALCÃO