Autor Data 7 de Outubro de 1994 Secção O Detective
- Zona A-Team [221] Publicação Jornal de Almada |
OS TROFÉUS DA TPA Virmancaroli Eram
precisamente duas horas e vinte e dois minutos da madrugada, quando o ruído
de vidros estilhaçados rompeu o silêncio. No
nº 39-A da rua Capitão Leitão não se viam peões nem automóveis e, dava a
impressão de que o incidente passaria despercebido. Mas
não foi assim. O
Sargento Oliveira, da esquadra de Almada, estremeceu, assustado, ao ouvir o
telefone tocar de repente. Pegou no auscultador e simultaneamente olhou para
o relógio: duas horas e vinte e três minutos. Depois atendeu o telefonema. No
momento em que colocava o auscultador no descanso, a porta abriu-se e o Sargento
Carreira, entrou na sala. –
Não há novidade nenhuma – resmungou ele, acrescentando a rir: – Até podes
dormir no turno. –
Nada disso! – replicou o Sargento Oliveira. Assaltaram
agora o Restaurante Boa Esperança! –
O Restaurante Boa Esperança?! – exclamou o Sargento
Carreira, atónito. – Aquele Restaurante na rua Capitão Leitão onde se vai
realizar o 19º Convívio da TPA? O
Sargento Oliveira acenou que sim. –
Esse mesmo. Foi o próprio gerente que me telefonou. Vou para lá agora. Olha,
Carreira, faz-me o favor de acordares o Cabo Manuel, para ele me acompanhar. Quando
os dois polícias chegaram ao pé do restaurante, o sino da Igreja de S. Paulo
batia um quarto para as três. Via-se
um enorme buraco no vidro da porta, e o Cabo Manuel juntou com o pé os
estilhaços, formando um monte considerável em frente da entrada. –
Que brutalidade! – comentou, – não é nada um roubo
normal. O
Sargento Oliveira acenou com a cabeça. –
Ou foi um principiante, ou então… Não
completou a frase porque a porta do Restaurante se abriu nesse momento. –
Agradeço-lhes muito terem vindo tão depressa. Eu teu o gerente deste
Restaurante. Pouco
depois encontravam-se os três numa sala bem iluminada e o gerente começou a
falar. –
Amanhã (hoje) ia realizar-se aqui um convívio da TPA.
E sempre que isso acontece costumo dormir aqui no Restaurante. – Apontou para
trás e continuou: – tenho aqui um pequeno quarto… e esta noite – tenho o sono
leve – ouvi de repente tilintar qualquer coisa. Fiquei um momento à espera,
pensando que era um sonho, mas notei que alguém estava a meter uma chave na
fechadura do Restaurante. Saltei da cama, pus o roupão pelos ombros e corri
para a porta. Ainda vi o ladrão: era um homem alto, de óculos escuros, que se
pôs logo em fuga. Eu ainda fui atrás dele até ali à esquina da rua, mas ele
era novo e ligeiro. Então voltei para o Restaurante e telefonei-lhes. O
gerente estendeu a mão, mostrando-lhes um tijolo. –
Isto estava ali ao pé da porta, o ladrão partiu o vidro com ele, meteu a mão
pelo buraco e abriu a fechadura pelo lado de dentro. O
Cabo Manuel acenou a cabeça. –
E conseguiu levar alguma coisa? O
gerente mostrou-se preocupado. –
Infelizmente sim… Levou todos os troféus que o Gráfico aqui havia deixado,
para oferecer no convívio. É uma situação embaraçosa para mim… –
Muito grande? – inquiriu o Sargento Oliveira. –
Como? –
Sim, em quanto avalia o montante do roubo? –
Nuns quatrocentos contos (querias). E agora o que vou dizer ao Gráfico? –
Ao Gráfico não sei, mas a mim irá decerto dizer-me muito mais do que o que
disse até aqui. –
Mas… mas o que é isso? –
Isso?! É o que você vai esclarecer-me. Vamos está preso. Perante
os factos ocorridos, fundamente a prisão do gerente do Restaurante. Claro
que isto tudo não passa de mera ficção, pois de contrário não estaríamos
todos aqui hoje reunidos. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|