Autor

Vítor Hugo

 

Data

5 de Junho de 1980

 

Secção

Mistério... Policiário [271]

 

Competição

Torneio “Detective Misterioso"

Problema nº 10

 

Publicação

Mundo de Aventuras [348]

 

 

Solução de:

O CASO DO ANTIQUÁRIO

Vítor Hugo

 

– Mas como quer você que tenha disposição para tomar o fresco se me não diz quem foi o assassino? Tenha paciência, mas não saio sem me apresentar a solução! – exclamou nervosamente o inspector.

– Você manda! – e Jorge de Melo começou… – Do seu excelente relato, pormenorizado e conciso, concluí haver dois suspeitos: os sobrinhos, e de que a sobrinha pela sua fragilidade, dificilmente poderia dominar a vítima, vibrando-lhe as punhaladas. Por outro lado, o sobrinho trazia a mão direita ligada, logo se um, a rapariga, por natureza não podia praticar o delito, o outro, o rapaz, por incapacidade física de momento não podia ser o culpado. No entanto, o ferimento, posta de parte qualquer simulação, dado o relatório médico, intrigou-me, pois, pelo menos eu ao pretender pregar um prego, seguro o martelo na mão direita e só posso ferir a mão esquerda, tendo de concluir que o nosso suspeito é canhoto! De posse desta conclusão, que a mim também me surpreendeu, voltei-me para essas marcas que tantas dores de cabeça lhe estavam a dar; e se uma tinha sido provocada pelo punhal, a que estava mais junto do pulso, a outra, a mais afastada, só podia ser provocada por qualquer objecto que se encontrasse no pulso do agressor…

A pulseira do relógio – gritou entusiasmado o inspector.

Exatamente, a pulseira do relógio – concordou o advogado.

– Mas não poderia dar-se o caso de o culpado ter vibrado os golpes com a mão direita e a esfoladela ter sido provocada pelos botões de punho? – retorquiu o inspector mais desanimado.

– Bem vê que não – respondeu Jorge de Melo –, pois a posição das duas marcas seria absolutamente diferente: a um golpe vibrado com a mão esquerda corresponde, partindo do pulso, o golpe e depois a esfoladela, dada a direcção do braço do assassino e com a mão direita teríamos junto ao pulso a esfoladela e a seguir o golpe da lâmina; além disso é pouco provável que um botão de punho provocasse uma esfoladela, mas antes um arranhão. Mas… onde vai…

– Telefonar – gritou o inspector, despedindo-se. – Os cafés ficam para logo, mas quem os paga sou eu!

© DANIEL FALCÃO