Autor

Xavier Benigno

 

Data

1 de Dezembro de 1977

 

Secção

Mistério... Policiário [142]

 

Competição

Torneio “4 Estações 77” | Torneio C – Verão

Prova nº 4

 

Publicação

Mundo de Aventuras [218]

 

 

Solução de:

NO HARÉM DAS VIRGENS…

Xavier Benigno

 

Elementos que nos levam o perfilhar «a certeza do Tomé da que havia sido gente da casa que furtara as galinhas»:

a) A conduta do cão, ladrando bastante (por várias vezes, devido ao «andar daqui para ali do ladrão que, sem querer o excitava…»), mas sem aquele sentido de violência ou ferocidade para com estranhos…

b) O trambelho que fora movimentado por quem o conhecia… e a quem um estranho a ferocidade do cão não deixaria movimentar…

c) As tectrizes, dispostas e deixadas propositadamente para «levar os donos a considerar o caso como um assalto de estranhos…»

E como escreve o autor a seguir e é fundamental:

«Ciente do facto de que a produção de ovos não baixou, transcorridos aqueles dias após o furto, Tomé chegou à conclusão de que havia sido gente da casa que o praticava.

Faz parte dos conhecimentos basilares de quem queira manter um aviário de poedeiras, para que se verifique uma boa produção ovícula, uma norma, por vezes não respeitada e não raro desprezada: nas dependências onde se encontram os galináceos não é de admitir a presença de estranhos ou a existência de visitas fortuitas. Os cuidados alimentares e a colheita de ovos devem estar a cargo de pessoas que tentarão familiarizar-se com os animais, sendo ideal que essa familiarização se faça durante algum tempo anterior à data do início da postura. Só assim se pode satisfazer plenamente o objectivo último de uma razoável margem de lucro.

Estamos perante um Tomé que gosta de aprender e que raciocina sobre os conhecimentos que adquiriu. No entanto, o filho não lhe fica atrás e contrapõe a sua opinião».

(E esta é, na prático e solução do autor, a resposta à pergunta 2…)

«Ei-la: o furto foi cometido de madrugada, ainda o dealbar da aurora, se bem que não tardasse, não tinha tingido o firmamento. Gente da casa ou estranho, silenciosamente, poderia abeirar-se da bateria, e com mão lampeira, ir torcendo o pescoço à medida que as vítimas caíam no saco. Uma ou outra que se lhe tivesse escapado foi agarrada à salda a fim de sofrer a mesma sorte.

«De noite todos os gatos são pardos», e na escuridão as galinhas não distinguem se o «visitante» é ou não «familiar» delas.

Na rotina ocular há umas «células» sensoriais, células com bastonete, que juntamente com as «células» com cone, formam uma das camadas superficiais, externas da retina.

Os cones servem a visão diurna; os bastonetes, a visão nocturna.

O bastonete é fino; o cone é mais largo. Quando o bastonete é espesso torna-se inapto para a visão.

Assim os galináceos possuem cones e bastonetes. Mas bastonetes espessos. A coruja, por ser ave nocturna, é fértil em bastonetes finos e possuidora de raros cones…

Todos os outros sentidos das galinhas são insuficientes para detectarem presenças silenciosas na escuridão, seja presença amiga ou inimiga. Portanto, a influência perniciosa que um estranho a coberto da noite pudesse influir na fisiologia de um galináceo, a fim de baixar a produção ovícula, é praticamente nula.

© DANIEL FALCÃO