Autor Data 24 de Abril de 1980 Secção Mistério... Policiário [265] Competição Torneio
“Detective Misterioso" Problema nº 13 Publicação Mundo de Aventuras [342] |
Solução de: MORRE!... QUERO VIVER! Xavier Benigno Continuação
do excerto do «Diário» que Acácio
da Silva Lemos tão ciosamente guardara e acabou por ser roubado: …6 de Agosto, 17 horas e 10 minutos. Custa
a acreditar que o crime perfeito seja possível, graças à terrível «arma» utilizada na perpretacão
dos crimes nas pessoas de dona Zulmira Quelhas e de seu marido. Espero que
este «Diário» venha, depois da
minha morte, a cair em boas mãos, para que a Justiça encontre um meio seguro
de isolar o instrumento de destruição, ao achar uma solução contra-ofensiva. Mas
aqueles dias e aquelas noites foram realmente difíceis. Tentava tocar em
todos os assuntos, até os de somenos importância, da
minha vida quotidiana, que me desviassem de passar ao papel aquilo sobre que
escrevo agora. Quando
cheguei à conclusão que «tinha a cabeça
em água de tanto tentar ajustar as peças do «puzzle», que, reflectindo sobre a
expressão pronunciada por dona Zulmira, «– Claro como água!», associei o gesto solene que ensaiara ao pegar
no copo, e que me fez lembrar a vítima pela cicuta. Naquele tabuleiro de
xadrez deveria procurar a «chave»
do problema em que estava mergulhado. Uma mensagem em código? Onde? H8, g8…
Talvez nas ordenadas que indicavam as posições das peças. Hg nada me dizia a
não ser que fosse o símbolo químico do mercúrio. O Bispo a dar xeque… posição
e5, a Rainha, a7… Não! Ela falou primeiro no Rei em f3. Ora o Rei em f3, o
Bispo em e5 e a Rainha em a7. F3, e5 e a7… Vontade de desistir não me faltava…
Alto!... Alto aí!... «FEA» serve-me!... Diz qualquer coisa. E 3, 5, 7. 3 horas e 57 minutos… Não! Parece ser o calibre de uma arma…
35,7. Exacto: 35,7, calibre da «Magnum»,
expresso segundo o sistema anglo-americano. Apontava-se para o possuidor de
uma arma destas, por certo. E esse era Viriato Quelhas, não é assim?... (Como apanhei o hábito de fazer perguntas à
maneira britânica!...). «– É assim, meu caro
amigo, não é?» –recordei. E aquele colocar de talher no prato em posição
longitudinal… Tudo a apelar para que eu me concentrasse sobre a viagem que o
implicado no caso fizera. «– Nada de divagações!»
– disse então para comigo. Com certeza, pensava eu, que este não era o
caminho que o meu raciocínio deveria trilhar. Que
é que ela teria dito mais, enquanto nos debruçávamos sobre o problema? O
autor… um tal Sanders… Não!... Saunders!
Este nome não me é de todo estranho. Saunders… Saunders. Veio no jornal… Doutor Saunders,
professor de Química da Universidade de Cambridge, creio que especialista em
Toxicologia… Ah! Viriato! Calibre da arma; Saunders:
Eureka! – exclamei.
– F. E. A. Lembro-me de ter visto no jornal. F. E. A., gás venenoso. Saunders alerta o mundo: o crime perfeito era possível.
Notícia que passou despercebida. Releio
o que escrevi hoje. É espantoso o que passei, para agora tudo me parecer um
autêntico «ovo de Colombo». Consulto
as horas. Vou jantar fora… Comer um medalhãozinho à
alemã. 7,
23 horas e 6 minutos. Foi
um dia «de carregar pela boca…
Ontem encontrei o Neves. Boa vida de reformado aquela.
Turismo todo o ano. Mas não é com o vencimento-pensão que consegue viver
assim. Viúvo herdeiro, sem filhos… Paciência! Ele também «queimou as pestanas»… Era um mestre a esticar «sueltos»… Lá
fomos até Valença do Minho! Apesar da idade, tem «genica» ao volante. Valença!
Aquilo é bonito! Não conhecia. Interessante o poiso onde os juízes se
sentavam, para deliberar das causas. E entretanto, quanta impunidade! Feia
impunidade! F.
E. A… …
… … … … «O
crime perfeito é um facto possível, segundo afirma o doutor Saunders, professor de Química
da Universidade de Cambridge e especialista em Toxicologia. Existe
um gás tóxico, explicou o professor britânico, conhecido pelas iniciais F. E.
A., que não deixa nenhumas marcas após a absorção pelo organismo. Pode até
ser misturado em qualquer bebida, sem que a sua acção
seja descoberta. Mais
afirma o referido professor, que jamais poderá ser observado o seu cheiro,
cor ou gosto. Uns
vinte minutos depois de absorvido, provoca uma
ligeira convulsão, seguida imediatamente da morte». (Página 203: «Venenos e Gases Estranhos», «A B C Policial» N.º 6 – A. Varatojo)
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© DANIEL FALCÃO |
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