Autor Data 16 de Julho de 1981 Secção Mistério... Policiário [319] Competição Torneio
“4 Estações 80” | Mini C – Verão Problema nº 8 Publicação Mundo de Aventuras [405] |
Solução de: O CASO DO DENTE CARIADO Xek-Brit Temos
inicialmente quatro suspeitos potenciais. Vamos
analisar um a um os suspeitos e ver quais as possibilidades e o móbil do
crime. António
Pascoalhinho diz ter estado no laboratório a fazer
uma experiência. Conseguiu obter HCN, ou seja, ácido cianídrico, resultante
de acção do ácido sulfúrico diluído sobre o hexaciano de potássio. Contudo, o inspector
Mário Zamith encontrou a proveta rotulada de HCN,
perfeitamente vazia. É que o ácido cianídrico tem como ponto de ebulição os
26,5o C e se nos lembrarmos que os termómetros marcavam
temperaturas do meio ambiente superiores aos 30o centígrados, deduzimos muito naturalmente que o ácido
cianídrico se evaporou. Contudo,
o ácido cianídrico é um líquido de forte cheiro a amêndoas amargas, mas o inspector não notou qualquer cheiro característico no
laboratório, apenas notou que fazia muito calor. A razão da ausência do
cheiro, resulta do facto de a janela do laboratório
se encontrar aberta. Mesmo
que tivesse tempo de ir até ao gabinete de Orlando Guerra, teria que passar
diante do gabinete onde se encontrava o prof. Álvaro da Conceição sendo
inevitavelmente avistado por este. Contudo se como diz, logo que acabou a
experiência saiu do serviço para ir almoçar, certamente que sairia pela porta
mais próximo, ou seja, a porto A, não passando defronte do gabinete do
malogrado professor. Inocente. Diniz
Teixeira disse estar a estudar Fisiologia na biblioteca. Se bem que possa
parecer estranho, a verdade é que nada tem de insólito estar a estudar certa
disciplina num serviço estranho a essa disciplina. Se bem que a biblioteca de
cada serviço só tenha, como é natural, obras relacionadas com a disciplina,
nada impede que qualquer aluno vá buscar um livro a outro serviço e vá
estudar para outro sítio em virtude, por exemplo da biblioteca de serviço
estar ocupada ou qualquer outra razão. Por
outro lado, estava a estudar Fisiologia, não estando pois interessado (pelo
menos directamente) em saber as perguntas do
próximo teste de Química, até porque Química Médica é uma cadeira do 1º ano
que provavelmente já teria feito, enquanto Fisiologia é do 2º ano. Mas como
os seus dois colegas eram meio cábulas, deviam ter Química atrasada e
estariam pois interessados em saber o conteúdo do teste… Mas
poderia eventualmente ter qualquer outra razão acra querer a morte do
professor Guerra, mas se tivesse sido ele o assassino teria que atravessar o
corredor coberto de ladrilhos, não podendo evitar ser ouvido pois que calçava
sapatos de borracha. Contudo só saiu da biblioteca para se ir embora, tendo
sido ouvido pelo seu colega que se encontrava na sala ao lado. Nada
nos leva a ter toda a certeza, mas era mais provável ter saído pela porta B
que ficava mais perto, não passando pois em frente aos gabinetes dos drs. Guerra e Álvaro da Conceição. Domingos
Prata, tal como António Pascoalhinho precisava de
uma boa nota do exame de Química e estaria por certo interessado em saber o
teste antecipadamente. Contudo não lhe interessava matar o dr. Orlando Guerra, nem mesmo ser descoberto por este,
para saber o teste, pois que por certo isso levaria à anulação dos respectivos testes por suspeita die quebra de sigilo… Portanto
nada lucrava com a morte de Orlando Guerra. Por
seu lado se se dirigisse ao gabinete do dr. Orlando
Guerra, como calçava botas com protectores, fazia
suficiente barulho para ser notado por Dinis que se encontrava ao lado, na
biblioteca, e pelo dr. Álvaro da Conceição que se
encontrava no gabinete contíguo ao do seu colega. Quando
saiu, fê-lo certamente pela porta B. Também ele está inocente. Terá
de ser pois o dr. Álvaro da Conceição, o culpado.
Ele era mais idoso que Orlando Guerra, desempenhando, contudo, um cargo de
menor importância. Esse facto, por si só, será móbil suficiente para desejar
a morte do seu colega, já que com a sua morte subiria certamente, de «posto».
Para
a concretização de seus planos criminosos tinha duas alternativas: –
matava antes dos alunos saírem do Serviço, o que era
um risco já que qualquer um podia passar defronte do gabinete onde Orlando
Guerra se encontrava e deparar com a posição insólita do médico. De salientar
que Álvaro de Conceição podia sem grandes riscos de ser observado, sair do
seu gabinete e entrar no gabinete contíguo, já que a sala de aulas em frente
estava desocupada. –
a outra alternativa, e a mais provável, seria esperar
pacientemente que todos saíssem o que não era difícil de confirmar, pois
podia ver António Pascoalhinho sair e ouvir Diniz e
Domingos a percorrer o corredor em direcção à porta
de saída. Este
facto serve para, ilibar qualquer outro suspeito, já que se alguém entrasse
no gabinete de Orlando Guerra teria que atravessar o corredor sendo pois
ouvido por ele. Deste
modo esperou que todos saíssem, entrou no gabinete onde Orlando Guerra, acabava a revisão dos testes, e tendo este reconhecido o
«visitante» não se preocupou em esconder sequer os testes, continuando o seu
trabalho. Estou certo que se em vez do seu colega tivesse visto entrar um dos
alunos, trataria por certo de se levantar da cadeira com o intuito de impedir
que esse aluno visse os testes. Contudo continuou calmamente sentado na
cadeira, nunca desconfiando que o seu colega o ia agredir pelas costas. |
© DANIEL FALCÃO |
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