M. CONSTANTINO

(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019)

CALEIDOSCÓPIO 28

EFEMÉRIDES – Dia 28 de Janeiro

S. H. Courtier (1904-1974) – Sidney Hobson Courtier nasce em Kangaroo Flat, Victoria-Australia. Começa a escrever policiários em 1950 com The Glass Spear, protagonizado pelo Inspector Ambrose Mahon, uma série que tem um total de sete livros. Em 1957 apresenta o Inspector Digger Haig em Now Seek My Bones, uma série também com um total de sete títulos publicados. Escreve ainda os seguintes romances policiários:

Softly Dust the Corpse (1960), Who Dies for Me? (1962), Murder's Burning (1967), Ligny's Lake (1971), Some Village Borgia (1971), Dead If I Remember (1972), Into the Silence (1973), Listen to the Mocking Bird (1974), Window in Chungking (1975), The Smiling Trip (1975).

http://4.bp.blogspot.com/-L2WjnzF9cy8/TyGJzP3U0fI/AAAAAAAAASQ/TZ5164fWhdQ/s200/Courtier%2B1.jpg   http://1.bp.blogspot.com/-Z5K9daF7hHA/TyGI0DZplOI/AAAAAAAAARg/FrCKKjZ0fTk/s200/courtier%2B2.jpg

Tim Heald (1944) – Timothy Villiers Heald nasce em Dorchester, Dorset, Inglaterra. É escritor, biógrafo e jornalista, também utiliza o pseudónimo David Lancaster. Inicia a actividade de escritor em 1973 com um romance finalista do New Blood Dagger Award. Este livro é o primeiro de uma série protagonizada por Simon Bognor, um investigador especial que é um anti-heroi. A série Simon Bognor tem 12 títulos publicados: Unbecoming Habits (1973), Blue Blood Will Out (1974), Deadline (1975), Let Sleeping Dogs Die (1976), Just Desserts (1977), Murder at Moose Jaw (1981), Masterstroke também editado com o título Small Masterpiece (1982), Red Herrings (1986), Brought to Book (1988), Business Unusual (1989), Death in the Opening Chapter (2011) e Poison at the Pueblo (2011). Tim Heald cria ainda uma outra série com o Doctor Tudor Cornwall, um professor universitário de Estudos Criminais, na Universidade de Wessex. Estão editados numa trilogia: Death and the Visiting Fellow (2004), Death and the D'urbervilles (2005) e A Death on the Ocean Wave (2007).

http://2.bp.blogspot.com/-gzSxewtRPyM/TyGJL51PMoI/AAAAAAAAAR4/sDYYxAjz84o/s200/Heald%2B2.jpg   http://2.bp.blogspot.com/-ZB8UBVcJByo/TyGJLwhH3RI/AAAAAAAAARs/FrgYeVTQimI/s200/Heald%2B1.jpg   http://3.bp.blogspot.com/-82sIF55PdwE/TyGJMMC3b2I/AAAAAAAAASE/mNcKQjnrSls/s200/Heald%2B3.jpg

UM TEMA – LITERATURA: DO CONTO DE FADAS AO POLICIÁRIO

Durante séculos a narrativa de aventuras conservou um estilo de uma lenda ou de um conto de fadas, o maravilhoso e o fantástico. A imaginação dos nossos antepassados não estava controlada por uma razão obcecada pela ideia probatória e confundia o impossível com o proibido. Pouco a pouco a experiência fez retroceder o âmbito da efabulação. Os deuses desertaram da Terra. Ficou menos terreno para conquistar. O paladino, a donzela e o malvado, figuras eternas do relato de aventuras, acercaram-se dos mortais. Havia chegado o momento de por em questão as raízes da fábula, o estranho e a suspeita. A imaginação teve de alterar as suas próprias criações. Assim acaba o maravilhoso fantástico, por triunfo da razão, outro aspecto do maravilhoso moderno, mais consciente, mais refinado: o maravilhoso lógico. A inteligência começa a ser usada de forma arrojada, a narrativa de aventuras transforma-se em narrativa policiária. Com efeito é a lógica a encarregar-se de criar o maravilhoso moderno, porque é ela que resolve os problemas. Se a imaginação não se apoia no raciocínio, não disporá de um grão íntimo da faculdade de surpreender. A surpresa é um dado certo dos enigmas subtis. A lógica é uma espécie de talismã: prevê ameaças, descobre complôs e detesta intenções escondidas. Observa os personagens, e o conflito que opõe o bem ao mal, suscita angústia que ela mesmo colmatará mais tarde. Este dogma é o suporte necessário da narrativa policiária, há que destacá-lo. Entre o polícia e o leitor, entre o detective e as potências do mal, o raciocínio integrou-se na ficção na mesma medida em que se cria e dissimula o mistério. O âmbito insólito da narrativa policiária dá mais magia, impõe-se; só há um meio de escapar ao feitiço, convertermo-nos em artesão maravilhado da nossa própria ansiedade.

A presença perversa de um hábil assassino consegue o que não é provável na proliferante e obscura mitologia dos deuses. O momento em que a bala assassina ou uma faca vibra, fixa-se como uma realidade. Assim consegue uma ansiedade instintiva, sabendo que é um medo construído mas surpreendente, também um desafio à reflexão, à vontade de compreender… faz poesia pura, a descoberta, o aspecto inocente e o quotidiano das coisas.

Diga-se: a imaginação não renunciou à sua função fabuladora, instruída pela razão viaja até os limites do plausível e do verosímil.

Entretanto, as leis da narrativa policiária pressupõem:

1º – Deve haver, entre o mal e o raciocínio, um equilíbrio de tal forma doseado que a um máximo de perturbação corresponde sempre um máximo de perturbação lógica;

2º – É preciso que os enigmas propostos ao detective sejam ao mesmo tempo difíceis provas da sua capacidade;

3º – O estilo deverá valorizar situações dramáticas, delicadamente organizado graças à sua progressão lógica. Assim foi concebido pelo inovador Edgar Allan Poe.

(texto concebido a partir de uma tradução livre de um escrito de Thomas Narcejac. Representa uma introdução à Cronologia da Narrativa Policiária, pelo que continuará num próximo dia…)

M. Constantino

In Policiário de Bolso, 28 de Janeiro de 2012

 

Anterior

 

Seguinte

© DANIEL FALCÃO