|
|||||
(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 53 EFEMÉRIDES – Dia 22 de Fevereiro Peter Cheyney (1896-1951) – Reginald Evelyn Peter Southouse Cheyney nasce em Whitechapel, Londres. Troca o trabalho monótono de solicitador pelo
mundo do espectáculo. Estreia-se na escrita
policiária em 1936 com escrita This Man Is Dangerous, dando inicio a uma carreira literária que
só termina, com a sua morte, em 1951. É o primeiro escritor britânico de
romance policial negro. Publica uma extensa obra com destaque para as short stories e para 34
romances de diferentes séries com os personagens: Slim
Callaghan, Lemmy Caution, Michael Kells, Everard Peter Quayle e Johnny Vallon que geralmente retrata o submundo de violência
norte-americano; 33 romances com a série Alonzo McTavish onde grupos criminosos competem entre si. Peter Cheyney também escreve sob o pseudónimo Lyn Southney. Alguns livros do
autor estão traduzidos em Portugal a maioria na Colecção
Vampiro de Bolso da Livros do Brasil. Edward D. Hoch (1930-2008) – Edward Dentinger
Hoch nasce em Rochester,
New York, EUA. Autor extraordinariamente prolífico publica cerca de mil contos
policiários/mistério/ficção científica. Cria as séries Nick
Velvet (a mais famosa), Captain
Jules Leopold (com mais de cem contos), Dr. Sam Hawthorne
(mistérios de quarto fechado), Jeffery ou Jeffrey Rand (espionagem), Simon Arc
(detective investigador do sobrenatural), Sebastian
Blue e Laura Charme (crime internacional) e ainda
as séries Al Darlan, Alexander
Swift, Barney Hamet, Ben Snow, Michael Vlado, Sir Gideon Parrot, Susan Holt e Stanton & Ives. Edward D. Hoch utiliza diversos
pseudónimos: Anthony Circus, Irwin Booth, Pat McMahon,Mr. X, R.E. Porter, R.L. Stevens e Stephen Dentinger. Este autor é
presidente dos 1982 Mystery Writers
of America em 1968 e um
dos mais premiados de sempre. Em 1968 recebe
Edgar Allan Poe Award para Best Short Story com The Oblong Room. Em 1998 e em 2001 é galardoado com Anthony Award respectivamente
por One Bag
of Coconuts e por The Problem of the Potting Shed; em
2000 recebe o Lifetime Achievement Award, em 2001 o Grand Master dos Mystery Writers of America e o
Lifetime Achievement Award e em 2008 Readers Choice
Award com o conto The Theft of the Ostracized Ostrich. TEMA – BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA POLICIÁRIA –
3 No Ocidente
era o pão, no Oriente o arroz. Conta-se: O corpo do
irmão de um grande potentado, um príncipe da Índia, foi encontrado no Jardim
do Palácio, com um punhal cravado nas costas. As suas jóias,
avaliadas numa enorme fortuna tinham desaparecido… Diversos suspeitos foram presos, as suas casas
revistadas. Objectos de menor valor foram
encontrados na residência de um daqueles que, interrogado, declarou nada
saber a respeito da morte nem como os objectos
haviam ido parar na sua humilde casa. Submeteram-no a um interrogatório muito rigoroso,
procurando forçá-lo a dizer como se tinha desfeito do resto das jóias, mas não conseguiram nada. Ele apenas abanava a
cabeça negativamente. Em companhia de outros suspeitos foi submetido a
uma prova interessante e clássica: encher a boca de arroz a cada suspeito e
ordenar que mastigassem. Após o exame, foram todos postos em liberdade. Dias depois o principal suspeito, foi encontrado
morto, perto de casa, com um punhal cravado nas costas, como o príncipe.
Investigando-se o caso, descobriram-se manchas de sangue pelo caminho que ia
dar à casa do jardineiro. Preso este, confessou ter morto aquele indivíduo
porque o surpreendera em visita à sua esposa, enquanto ele trabalhava. Interrogado, entretanto, sobre a morte do
príncipe negou que fosse o seu autor. Consequentemente ordenaram-lhe que
mastigasse arroz com a boca cheia. Não o conseguiu e ao cuspi-lo,
verificou-se que os grãos de arroz estavam tão secos como antes. Vendo-se perdido ante esta prova, confessou
finalmente ser o autor da morte do príncipe, admitindo que colocara as jóias na casa do rival para inculpá-lo, confessando
também onde enterrara o resto das jóias. Enquanto as
provas, usadas para descobrir quando os criminosos mentem, são consideradas,
neste país as mais modernas possíveis; a Índia usa o arroz há centenas de
anos, talvez milhares de anos, com sucesso. Uma espécie do moderno “detector
de mentiras”; nuns casos o pão ou o arroz impedem a salivação do culpado, na
outra – o método actual – são os impulsos
sanguíneos que denunciam o culpado. A fogueira e o
enterramento nas encruzilhadas, das pessoas julgadas possuídas pelo diabo
tais como os que atentavam contra a própria vida, faziam parte da vida
quotidiana da época. O curandeiro ou curandeira, que viviam à parte das
outras pessoas em cabanas ou grutas dos arredores das populações, servindo-se
de ervas, sementes silvestres para as poções curativas, capazes de prever o
mau ou o bom futuro das pessoas, mercê de, uma pré-psicologia apurada, eram
temidos e ao mesmo tempo respeitadas pelo povo ignorante. A tradição
traz-nos, desta vez por intermédio de uma lenda do folclore inglês, a
história de uma curandeira com todas as qualidades natas de um moderno detective, capaz de observar, reunir os pormenores mais
insignificantes, expurgar os inadequados e tirar conclusões pertinentes. A velha riu,
um cacarejo sem alegria e tornou: – Tu brigaste com ela por minha causa. Ela
rompeu o noivado, pobrezinha, porque viu a maldade da tua alma. Não é verdade
que a atiraste ali para dentro do lago quando ela não quis fazer as pazes?
Não é verdade que a empurraste para dentro até ela não se mexer? – Sua malvada, feiticeira desdentada é essa a sua
vingança? A velha tocou o corpo com a estaca enquanto
falava: – A sua mão nua fala por si. Dilacerada, riscada,
como eu cortei as minhas mãos neste mesmo ramo. Ela tentou agarrar-se
desesperadamente ao galho cheio de espinhos, conto eu fiz… ela foi empurrada!
E o punho fechado, Metcalfe, sabes o que contem?
Não reparaste que ela te devolvia o anel no momento, em que a empurravas.
Abre o punho fechado onde está o anel. Para o que o tiraria ela da mão
esquerda se não fosse para to devolver? Confessa, confessa Metcalfe… Ela própria abriu o punho fechado da moça, onde
estava o anel. O homem procurou fugir, mas a multidão caiu sobre
ele. M. Constantino In Policiário de
Bolso,
22 de Fevereiro de 2012
|
||||
© DANIEL FALCÃO |
|||||
|
|