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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 68 EFEMÉRIDES – Dia 8 de Março John Burke (1922-2011) – John Frederick Burke nasce em Rye, Sussex, Inglaterra. Escritor e editor,
dedica-se à escrita em 1966. Usa diferentes
pseudónimos: J F Burke, Jonathan Burke, Jonathan
George, Joanna Jones, Martin Sands, Owen Burke, Robert Miall,
Roger Rougiere, Russ Ames e Sara Morris. Nos 3 livros
de mistério/detective passados na época vitoriana,
que escreve com a mulher, Jean (Williams) Burke,
utiliza o pseudónimo Harriet Esmond.
Tem uma extensa obra publicada, em especial contos de mistério, de suspense,
de terror e de ficção científica. Na sua bibliografia destacam-se os 31
romances policiários escritos sob John ou Jonathan Burke
com o personagem Dr. Casian, um investigador da
Época vitoriana. O escritor tem várias obras adaptadas ao cinema e televisão. Leif Silbersky (1938) – Leif Silbersky nasce em Malmö, Skåne, Suécia. É um dos
advogados suecos mais conhecidos, em especial por defender casos polémicos
que envolvem personalidades famosas. Escreve com Olov
Svedelid, uma parceria prolífica que entre 1974 e
2002 publica mais duas dezenas de livros policiários. O romance mais
conhecido é The Last Witness editado no Reino Unido em 1979 e com o título
original Sista Vittnet
(1977). TEMA – CONTO POLICIÁRIO – MORTE NO CAIS De A.M. Breda in XYZ Magazine Naquela noite
o cais era tranquilidade e escuridão. Os barcos quase quietos, dormitavam despreocupados. Só lá ao longe, no fim da
doca, um candeeiro emanava uma fraca luz de presença. Num certo ponto da
doca, três homens de pé, tácitos, olhavam para o mar. – Que raio! – exclamou baixinho um dos homens. – Se ao menos pudéssemos
fumar. – Chiu! – interrompeu outro. – Sinto alguém
aproximar-se. Calaram-se. Lentamente, um
vulto ia emergindo da escuridão. Deu mais alguns passos, e parou: – Está aí
alguém? – perguntou sussurrando. – Até as
gaivotas voam… – responderam do grupo. – Se não lhes
cortarem as asas – concluiu o recém-chegado – É ele! – concordaram no grupo. – Trazes a
mercadoria? – Está no “Boa
Esperança”. – Então, vamos
ao negócio. Caminharam ao
longo do cais. Habituados à escuridão, as feições dos homens e os seus
movimentos, tornavam-se mais reconhecíveis. – Eh!, alto aí, seu canalha! – bradou
um do grupo apontando uma arma ao visitante. – Você não é o “Sobe e Desce”.
Ele é coxo e você anda correctamente. – E daí? – interrogou com naturalidade o interpelado. – Foi
substituído por mim. Não houve tempo para vos avisar. – Não me levas
com essa. Conheço todos os elementos da organização, e a tua cara é a
primeira vez que a vejo. Pensavas que estavas protegido pela escuridão, não
era? – Ora, não
sejam loucos. Venham ver… Não acabou a
frase. Alguém aproximara-se pelas costas, e cravou-lhe um punhal. – Que fazemos
com este tipo? – Espera. Está
aqui um bote amarrado ao cais. Deitamo-lo lá dentro e largamos o bote. Como a
maré está a vazar, levá-lo-á para o mar alto. Se alguém o encontrar nunca o
relacionará com este local. – Apoiado.
Mãos à obra. – E a droga? – Ainda
acreditas nisso? Era uma cilada para nos encurralar no pesqueiro. E afastaram-se
rápidos. Caminho
cauteloso pela doca. Tudo é silêncio e escuridão. Apenas o soluçar das águas
quebradas se fazem ouvir na noite. Avança alguns metros e… silêncio. Um
silêncio que começa a causar-me preocupação. Estou agora no
local combinado. De novo, silêncio, água e os espectros de alguns barcos
pesqueiros ao longe, balançando docemente, como encantados por não haver
faina nessa noite. Não. Não era
só silêncio que eu esperava encontrar. Isto é presságio de que algo correu
mal. Sim, a esta hora, três da manhã, com um silêncio perturbador, só duas
coisas poderiam ter acontecido: ou a operação ainda não se realizou, mas
neste caso deveria encontrar-se aqui o meu colega de ofício, o que não acontece,
ou então, a operação efectuou-se mais cedo e ele
foi descoberto. Se isto aconteceu, nem quero acreditar. Estava tudo planeado
até ao mais ínfimo pormenor. De repente, lá vem o último telex: o
intermediário é coxo. Não, não acredito nesse desfecho. Continuo
andando. Agora sinto a água mais agitada, num dos lados da doca. Curioso, abeiro-me da margem do cais. Está escuro. Num gesto
rápido, acendo a lanterna. Surpresa!! Um bote
dançava desgovernado. A corda que servira de amarra,
mergulhava verticalmente na água. Não perco tempo. Procuro uma vara com a
extremidade em foice, própria para puxar embarcações. Sei que
costuma haver algumas nestes sítios. Puxo o bote de encontro ao cais. Salto
para dentro e tento puxar a corda que está presa ao fundo. Acendo novamente a
lanterna. Um fogacho de luz ilumina o interior do bote, ao mesmo tempo que
solto uma exclamação. Reconheço a letra do meu colega. Uma das tábuas dizia o
seguinte: “os traficantes são cadastrados. Os códigos são: 33A, 4B1 e Z24E. Intuitivamente
puxo com força a corda, que vai cedendo a pouco e pouco.
Tristemente, já adivinho o que vau encontrar: o corpo do meu colega. É verdade! “Malditos”,
pensei. Descobri o
golpe nas costas. Compreendi tudo. O meu amigo
sentindo a morte aproximar-se, e sabendo que o bote se afastava devido à
baixa-mar, atou à corda uma barra de chumbo que estava no bote, e utilizando
a mesma corda, atou-a de seguida à perna, e atirou-se à água. Servira de
âncora. TEMA
– O CRIME NA LITERATURA NÃO POLICIÁRIA – CIÚME QUE MATA Texto de Rosa do Adro de Manuel Maria Rodrigues Por volta da
meia-noite… – Mas, meu
amigo, isto não são horas de ir ver doentes, além disso, o filho do nosso amo
está, talvez, a dormir, e ir agora acordá-lo… – Não será
necessário esse trabalho – exclamou Fernando, aparecendo subitamente junto do
grupo. – É de algum
doente que se trata, não é verdade? – É sim, meu
bom senhor – respondeu o velho, curvando-se mais – a minha pobre mulher foi à
pouco atacada por um infeliz acidente ou coisa que o valha, e jaz sem sentidos
há já bastante tempo. Fui procurar o Dr. Resende, mas ele negou-se a ir
vê-la. Como sabia que o senhor tinha vindo há dias de concluir os seus
estudos, lembrei-me de recorrer ao seu bom coração e é o que venho fazer.. Oh meu senhor, por que é, minha mulher morre à mingua de socorro. … O moço doutor
montou e picou a égua, que desfilou a trote… Enquanto
Fernando caminhava por aquelas veredas, retrocedamos um pouco e vejamos o
destino que tomou o velho logo que daquele se despediu. Depois de ter
caminhado alguns passos vagarosos, afastando-se da herdade, parou, e, olhando
para trás. como para se certificar se alguém o
seguia, endireitou-se, deixando ver uma figura de formas vigorosas. Traçou o
capote debaixo dos braços, como para melhor poder caminhar, e, dirigindo-se
pelo mesmo itinerário que tinha marcado a Fernando, com passos mais
apressados, exclamou de si para consigo: – Desta me saí
eu bem; agora vejamos o resto. Passou a
azenha, desceu a encosta e, no meio da bouça, parou para responder com um
assobio a outro que lhe chegara aos ouvidos. Afastou-se depois do caminho,
deitou à direita e parou próximo de um vulto que estava encostado a um
pinheiro bravo. – Então? – perguntou o outro. – Tudo às mil maravilhas: tanto ele como os criados engoliram a
pílula como um torrão de açúcar. … Os dois
avançaram precipitadamente para mais próximo do caminho que cortava a bouça e
encobriram-se um tronco de um velho carvalho. Passados
momentos, distinguiu-se um ponto negro caminhando vagarosamente. Era Fernando
que, embuçado na sua capa de oleado e montado na égua, atravessava
pausadamente e à vontade do animal, a embrenhada bouça. A poucos
passos do lugar em que estavam embuçados, a égua estacou, amedrontada pela
detonação de um tiro. – Ah! seus canalhas! Eu vou já ensiná-los a fazer melhores
pontarias… Ainda bem não
tinha terminado estas frases, quando um segundo tiro se fez ouvir, indo a
bala ferir-lhe o ombro direito… Passados
momentos, os dois vultos acercaram-se do corpo que jazia inanimado, e um
deles baixou-se a ouvir-lhe o bater do coração. – Se ainda não
está morto – exclamou ele – pouco faltará para isso; a bala creio que lhe foi
direita ao coração; podes gabar-te da boa pontaria… M. Constantino In Policiário de
Bolso,
8 de Março de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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