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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 69 EFEMÉRIDES – Dia 9 de Março Frank Arnau (1894-1976) – Heinrich Karl Schmitt nasce Viena, Austria. Filho de pais
suíços inicia a carreira literária em 1912 como jornalista especializado em
assuntos criminais e judiciários. Em 1920 adquire a cidadania alemã e em 1934
vê-se privado dela devido à sua oposição firme ao regime nacional-socialista.
Após a tomada do poder pelos nazis emigra para Suíça, França, Inglaterra,
América Latina e Brasil. Regressa à Alemanha em 1960 e fixa-se Lugano na Suiça em 1970.
Utiliza o pseudónimo literário Frank Arnau. Além de
obras consagradas à criminologia, escreve duas dezenas de romances
policiários, passados muitas vezes em locais exóticos – Brasil, Caraibas Tanger. O primeiro livro Der Geschelossene Ring é escrito em
1933 e é considerado uma obra notável com várias adaptações ao cinema. No
período pós guerra, cria duas séries: David Brewer,
um inspector chefe de Nova Iorque e Walter Reyder, um comissário de Hamburgo que protagoniza três
livros e aparece ela primeira vez em Der
Perfekte Mord (1960)
– O crime perfeito. Frank Arnau tem alguns livros editados no Brasil. William C. Gault (1910-1995) – William Campbell Gault nasce no Milwaukee, Wisconsin EUA. É considerado
um dos melhores autores de ficção de desporto para jovens. No policiário
escreve cerca de 300 short stories e romances. Cria a série Joe Puma, um detective privado, que surge ela primeira vez em Shakedown (1953) protagoniza mais 6 romances e vários
contos e a série Brock Callahan,
um ex jogador de futebol americano que se torna detective privado na California
do Sul. Os detectives privados Sandy
McKane de Honolulu, Pierre Apoyan
de origem arménia e Mortimer Jones de Los Angeles
são alguns dos mais conhecidos personagens das short stories de Gault,
que usa também os pseudónimos Roney Scott e Will Duke. William Gault, é galardoado em 1952 com
o Edgar Award para Best First Novel com Don't Cry for Me. Entre nós a Editorial Minerva edita, em
1963, County Kill
(1962), O Mistério de San Valdesto, o Nº132 da Colecção
Xis. Edward Grierson (1914-1975) – Edward Dobbyn Grierson nasce em Northumberland, Inglaterra. Advogado, escreve vários livros, entre os quais
os seguintes policiários: Reputation For a Song (1952), The Second Man (1956), The Massingham Affair (1962), A Crime of One's Own (1967). Reputation For a Song
é um clássico da narrativa invertida (ver Tema – Arquitectura
e Contexto da Narrativa Policiária Caleidoscópio 14) é adaptado ao cinema em
1970 numa co-produção anglo americana com o título My Lover My Son. O livro The Second Man
recebe em 1956 o Gold Dagger, prémio atribuído
anualmente pela britânica Crime Writers Association ao melhor romance. Edward Grierson
usa os pseudónimos Brian Crowther
e John P. Peterson e é considerado por muitos analistas um autor subestimado. Mickey Spillane (1918-2006) – Frank Morrison Spillane nasce Brooklin, New York City,
EUA. Começa a sua carreira de escritor em 1935 nos famosos comics americanos. É um autor que com outros escritores,
como Dashiell Hammett e
Chandler marca a história da literatura policiária ao introduzir um novo
estereótipo de investigador/detective que
desencadeia o chamado policial negro. O seu primeiro romance policiário I, the Jury 1947 apresenta Mike Hammer,
que protagoniza mais 16 romances; cria ainda a série Tiger
Mann, com 4 títulos. Criticado por muitos, escreve um total de 30 livros
policiários e estima-se que as vendas internacionais atinjam mais de 225
milhões de cópias. Em Portugal a Editora Livros do Brasil tem publicado 23
livros na Colecção Vampiro e reúne em 6 volumes na Colecção Obras Escolhidas de Mickey
Spillane 11 títulos do autor. TEMA – FICHA CRIMINAL – CRIME NUNCA DESVENDADO Têm sido
vários os autores que se têm tentado por casos conhecidos como o crime num
quarto fechado e, qualquer dia, quando tivermos mais espaço e tempo, daremos
uma pequena súmula… Para já, quase todos os autores mais conhecidos o
tentaram – e os menos conhecidos também, visto que o caso acorrenta sempre os
bons detectives! Entretanto,
muitas vezes a realidade suplanta a fantasia e o poder criativo do escritor.
E aparece-nos um crime perfeito – o
tal de o crime num quarto fechado. E se não,
leiam o que o grande repórter do crime da cidade de Nova Iorque – Bruce Dobbs – escrevia a esse propósito em Março de 1949: Dizem que não
existe o crime perfeito. Pode ser que não. No entanto… lsadore
Fink, um homem de pouco mais de 30 anos, era uma
espécie de ermitão, na rua 132, em New York, onde em
1929, explorava uma lavandaria. O estabelecimento, que lhe servia também de
residência, estava localizado numa grande divisão, num andar térreo perto da
Sétima Avenida. Fink, que era russo e viera de sua
pátria poucos anos antes, parecia viver num temor mortal de ser assassinado.
O aposento tinha três janelas altas e uma porta. As janelas e a porta
permaneciam sempre fechadas, mesmo nos dias quentíssimos de Julho e Agosto.
Nunca permitiu que alguém pusesse os pés na lavandaria, recebendo ou
entregando a roupa na porta, que abria sempre que batiam. Certa noite, em Fevereiro de 1929, uma senhora
idosa, que morava atrás da lavandaria, ouviu através da parede, três tiros,
um grito e o ruído dum corpo caindo ao solo. Quando a polícia chegou, poucos
minutos depois, não pode penetrar na lavandaria. A porta e as janelas estavam
fechadas, por dentro. Não somente isto, como também as janelas tinham barras
de ferro, com a separação de apenas 10 centímetros, o que tornava impossível
a entrada por qualquer uma delas. Um agente da polícia subiu nos ombros de outro,
alcançando a bandeira, no alto da porta, o único meio aparente de entrada.
Encontrava-se, também, fechada por dentro. O homem forçou-a, conseguindo
abri-la. Mas não permitia a passagem do corpo dum adulto. Encontrou-se um
menino de oito anos de idade, que foi introduzido pela abertura. Ouviram-no
mexer numa corrente, do lado de dentro. A porta, não somente fora fechada à
chave desse lado, como tinha, ainda, um cadeado. Quando o menino, finalmente, conseguiu abrir a
porta, a polícia encontrou o corpo de Isadore Fink, na parte traseira do aposento. Recebera três tiros,
dois no coração e um na mão. Todos os ferimentos apresentavam queimaduras de
pólvora, o que indicava que os tiros haviam sido disparados a pequena
distância. Os médicos foram unânimes em afirmar que Fink morrera instantaneamente. A ausência da arma
afastava a ideia de suicídio. A lavandaria tinha o comprimento de 10 metros,
e o corpo foi encontrado a nove metros da entrada. Parecia impossível ter Fink caminhado tão longe, depois de receber dois tiros no
coração, dado o caso de terem sido estes disparados ao abrir a porta para o
assassino. E, ainda por cima, ter parado, não
somente para fechá-la à chave, como para lhe colocar o cadeado. Por outro lado, o assassino não poderia ter
atirado em Fink, onde este foi encontrado e a
seguir deixado a lavandaria, fechando a porta pelo lado de dentro, uma vez
que se encontrava do lado de fora. E não poderia ter saído por qualquer das
janelas, que eram protegidas por barras de ferro. A bandeira da porta, como
já foi notado, não permitia a passagem dum adulto. Fink sangrara profusamente. No entanto, em nenhum
lugar havia, sequer, uma gota de sangue, excepto
onde caíra. O assassínio de lsadore Fink nunca foi solucionado. O delegado Edward O. Mulrooney, em cuja gestão foi cometido o crime,
considera-o o caso mais difícil da sua longa carreira. – A questão primordial –dizia
ele –não era saber quem matou Fink, mas “como” foi
ele morto! Não há dúvida que esta é verdadeiramente uma
história de “crime num quarto fechado” que não passou pelo poder criativo do
Grande Mestre JOHN DICKSON CARR! M. Constantino In Policiário de
Bolso,
9 de Março de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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