M. CONSTANTINO

(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019)

CALEIDOSCÓPIO 76

EFEMÉRIDES – Dia 16 de Março

Margot Arnold (1925) – Petronelle Marguerite Mary Cook nasce em Plymouth, Devon, Inglaterra. Em 1948 emigra para os EUA e em 1953 adquire a cidadania norte-americana. Diplomada em arte, arqueologia e antropologia, depois de escrever alguns romances históricos estreia-se na literatura policiária em 1979 com Exit Actors Dying. Este livro é o primeiro de uma série de 12, editados entre 1979 e 1985, que têm como personagens principais a antropologista Penny Spring e o arqueólogo Toby Glendower. A autora escreve ainda 4 livros de intriga diplomática.

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TEMA – ESPIONAGEM

CRIPTOGRAFIA NAS DUAS GUERRAS MUNDIAIS

Em aditamento ao artigo sobre criptografia, referimos abaixo quatro momentos em que esta arma silenciosa e eficaz foi decisiva.

1 – O telegrama Zimmermann, contado centenas de vezes, evitaria citá-lo se não fosse, talvez, o que maior consequência teve em toda a história da informação. Diz respeito a um telegrama enviado, no dia 16 de Janeiro de 1917, pelo ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Zimmermann, ao seu embaixador no México, pedindo-lhe que tentasse envolver o México e o Japão numa guerra contra os Estados Unidos. Este telegrama foi enviado por diversas vias, entre as quais a rádio, e interceptado e decifrado pelo Serviço de Informações naval britânico. O texto descodificado foi transmitido ao presidente Wilson, que apesar das exacções cometidas pelos Alemães no mar, e até no seu próprio território, se recusava a fazer entrar o seu povo num conflito. Quando teve a certeza de que o texto era verdadeiro, Wilson declarou guerra à Alemanha (6 de Abril de 1917).

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2 – O uso da rádio generalizou-se no seio dos exércitos, e os serviços de descodificação empenharam-se em decifrar as mensagens estratégicas do adversário. Um êxito espectacular e da maior importância foi conseguido neste domínio por um oficial francês, o capitão Painvin, que decifrou em vinte e seis horas o telegrama que anunciava a data e a direcção da grande ofensiva do marechal Hindenburgo, em Julho de 1918. Esta informação segura, que vinha confirmar e precisar informações anteriores, permitiu ao marechal Foch alterar à pressa os seus planos e entregar ao general Mangin as divisões suplementares graças às quais bloqueou a ofensiva alemã e contra-atacou de forma decisiva.

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3 – A máquina Enigma, que os Alemães puseram ao serviço no início das hostilidades e da qual se serviram para codificar todas as suas mensagens estratégicas. O Serviço de Informações polaco havia conseguido reconstituir esta máquina, por um lado, graças às indicações fornecidas por operários de origem polaca que trabalhavam na fábrica onde ela fora construída e, por outro lado, com a ajuda das informações recebidas da Segunda Divisão francesa; os seus extraordinários especialistas criaram, em seguida, um método de descodificação. Pouco tempo antes de ser declarada a guerra, em 1939, o Serviço de Informações polaco entregou uma máquina aos Ingleses e outra aos Franceses. Além desta, os Ingleses obtiveram verdadeiras Enigma encontradas uma dentro de um avião abatido, outra num carro de transmissão, a terceira com o código junto — num submarino inimigo. Os Alemães confiavam de tal maneira na inviolabilidade do código da Enigma que continuaram a utilizá-la durante toda a guerra apesar destes incidentes. O Special Intelligence Service (SIS) britânico descodificou milhares de telegramas da Enigma. Esta fonte de informação, baptizada com o nome de Ultra, era considerada por Churchill a melhor e a mais secreta; a propósito dela, escrevia o general Eisenhower, em Julho de 1945, ao general Menziès, director do SIS:

Essas informações (da Ultra) foram para mim de um valor inestimável. Simplificaram imenso a minha tarefa de comandante-chefe. Salvaram milhares de vidas britânicas e americanas e contribuíram em parte – que não foi pequena para a celeridade com que o inimigo foi derrotado e, finalmente, obrigado a render-se.

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4 – Desde 1941 que os Americanos eram capazes de ler o código diplomático e militar dos Japoneses. Isto não impediu, porém, o desastre de Pearl Harbor, porque nesta operação os Japoneses só utilizavam a rádio quando rodeados de enormes precauções e talvez também porque houve negligências deploráveis por parte dos Americanos. Em compensação, permitiu que a frota americana se concentrasse em tempo e lugar oportunos para repelir o ataque sobre Midway e ganhar em seguida a batalha do mar de Coral.

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M. Constantino

In Policiário de Bolso, 16 de Março de 2012

 

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