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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 82 EFEMÉRIDES – Dia 22 de Março Dutra Faria (1919-1978) – Francisco de Paula
Dutra Faria nasce em Angra do Heroísmo, Açores. Figura fortemente ligada ao
Estado Novo. Com o pseudónimo Patrick Al-Cane
publica em folhetins no Diário da Manhã O
Mistério da Serra Interdita, que é posteriormente editado pela Tipografia
Olegário Fernandes em 1945, é Nº 1 da Colecção
Biblioteca da Aventura e do Mistério. Ella Griffiths (1926-1990) – Nasce em Oslo,
Noruega. Usa diferentes pseudónimos: Ella Griffiths
Ormhaug, Ella Griffiths Hytten, Ella Ormhaug e Ella Hytten. Escreve livros para crianças, jovens, contos,
ficção científica e romances desde 1957. Inicia-se na narrativa policiária
com Hun Møtte en Fremmed, (Ela conheceu um
estranho, em tradução literal) e até 1988 publica um total de 16 livros nesta
temática. Está traduzida em várias línguas. O seu livro Hilsen Lucifer (1970) recebeu vários prémios. As suas obras mais conhecidas
são as que têm como personagens principais os detectives
e irmãos Rudolf e Karten
Nielsen: Murder On Page Three (1984), The Water Widow (1986) e ainda Dead Men Don't Steal, um livro de short stories, algumas incluídas na
conhecida série britânica Contos do Imprevisto. James Patterson (1947) – Nasce em Newburgh, New York, EUA. É um dos
escritores mais conhecidos e com mais vendas de sempre, o autor de alguns dos
bestsellers da última década. Estima-se que se
tenham vendido 220 milhões de cópias dos seus livros em todo o mundo. O autor
tem uma vastíssima obra literária, com livros para crianças e jovens, ensaios
e ficção, mas o destaque vai para o thriller.
O primeiro livro escrito por Patterson é The Thomas Berryman
Number (1976), vencedor do Edgar Award para Best Fist Novel em 1977. Cria a série Alex Cross, o detective/psicólogo que surge pela primeira vez em Along Came a Spider
(1992) e tem hoje um total de 20 livros; a série Women's
Murder Club, com 11 títulos; e a série do detective Michael Bennett, escrita em parceria com
Michael Ledwidge, com 5 livros. O autor tem
adaptado diversos trabalhos ao cinema e televisão, o mais conhecido é A Conspiração da Aranha com Morgan Freeman no papel de Alex Cross. Em Portugal estão
editados vários livros do escritor pela Editorial Presença e Quinta Essência, esta última com a série O Clube das
Investigadoras. TEMA – NARRATIVA POLICIÁRIA TRAIÇÃO DA AMNÉSIA – De Susana Raposo O orvalho da
manhã deslizava suavemente pelas folhas das escassas plantas rasteiras que
revestiam aquele bom pedaço de terra batida. A espessa
bruma matinal quase que ocultava o simpático aglomerado de pinheiros, e
alguns eucaliptos. O indivíduo,
estendido como que ao abandono, espreguiçava-se mergulhado numa atitude
despreocupada, totalmente absorto do mundo que se estendia à sua volta. O seu
olhar perdia-se, talvez deslumbrado, por todo aquele espaço desconhecido;
sentia-se perfeitamente tonto, como se tivesse despertado de um sonho
esquecido e incontável, do qual a sua existência emergisse e renascesse
simultaneamente, não se recordando assim de qualquer passado que tivesse
deixado repousado num tempo antecedente. Estes seus
pensamentos confusos e inseguros, foram
estridentemente interrompidos por uma sirene barulhenta. Instintivamente
ergueu-se. Era irremediavelmente dominado por algo que tomava conta do seu
ser… sim, era
a sua própria amnésia que lhe coordenava os movimentos. Cortava a bruma,
desviando-se frequentemente dos obstáculos que eram os ingénuos pinheiros.
Dirigia-se a uma mancha de pessoas que se avistava ao longe. Do local
brotavam murmúrios e lamentações. Uma mulher de
meia-idade inundava-se em lágrimas, debruçada sobre um corpo moribundo e
ensanguentado. – Foi ele! Ainda
tem o ódio escrito na face! – exclamou a mulher, de
um modo agressivo mas triunfante, assim que reparou no primo do seu marido,
que acabara de chegar ao local do massacre. O homem não
ofereceu qualquer resistência. O seu estado tornara-se ainda mais obscuro. Dois dias
depois, já atrás das grades, a sua memória voltou a assumir a sua posição.
Vinham-lhe as imagens da forma como tinha espancado o seu primo… mas em sua auto-defesa. O primo não
lhe perdoara o facto de ter regressado ao seu país natal, pois uma saborosa
herança estava em jogo. Apesar de seu pai ter deixado a fortuna em testamento
ao parente mais próximo, o primo que já não vivia, ele podia reivindicá-la
caso aparecesse com tal intento. A amnésia
traiu-o. Fora ela que o conduzira ao local onde tinha deixado o defunto. Sim,
de facto ele tinha morto um homem… um parente, mas naquela noite o primo
tinha-o procurado para matá-lo a ele, só que a situação invertera-se. E o seu carro?
O que seria feito dele depois de se ter esmagado, contra o poste à beira da
estrada? A sua própria
amnésia tinha sido a sua condenação. Talvez um dia
pudesse voltar ao estrangeiro e esquecer tudo aquilo, como outrora esquecera
também o passado. TEMA – FICÇÃO CIENTÍFICA PARA ALÉM DO TEMPO – De J. F. T. Gonçalves A nave passou
zumbindo a rasar as copas das árvores verdejantes que rodeavam o vale, onde,
algures no tempo, ficava a base-mãe. Tangor, oficial da Esquadrilha Temporal do planeta Beta
5 do sistema de Centauro, dominou finalmente a angústia que o atormentava,
depois da quinta evolução em torno do planeta. Estava no seu planeta natal,
mas totalmente deserto dos milhões de seres, que algumas horas atrás o
habitavam. Tangor regressara de uma missão de rotina, e encontrara
o planeta sem quaisquer vestígios de civilização. Apenas um templo, que
observava pelo visor e ia agora inspeccionar. A sua grande
preocupação era o inexplicável não funcionamento do medidor de efectividade espaço-temporal,
impedindo-o de viajar no espaço-tempo. Também o medidor de efectividade de tempo normal estava parado. Piorando a
situação, o robot-mecânico tinha “enlouquecido” e agitando os braços
metálicos dizia coisas sem nexo e sem qualquer utilidade prática. A nave volteou
e aproximou-se do vale. Numa colina que dominava toda a depressão, erguia-se
o estranho Templo. O detector iónico seguiu a nave, e o computador biológico –
Guardião do Templo – melancolicamente constatou que há mais de 20 números Aleth nenhum sábio ou monge visitara o templo sem ser em
estado de profunda meditação, em viagem pelo irreal e pelo fantástico. Tangor preparou a manobra de aterragem. Verificou a
aparelhagem e ficou pensativo a olhar o medidor que continuava sem funcionar.
A nave poisou com um suave e quase hipnótico balanço. Saiu, depois de
carregar a arma de fusão e deixar os robots-guardas em estado de alerta.
Aproximou-se da escadaria do templo verificando que era imponente, de um
estilo muito antigo. Mas em tal estado de conservação que parecia que o tempo
não tinha feito sentir a sua acção. A meio da
escadaria, uma sensação de medo fê-lo voltar-se. A algumas dezenas de metros
a sua nave cintilava e o robot-guarda assobiou em sinal de que estava atento.
Quase lhe deu a impressão que o robot tinha piscado o olho! Mas não, tal não
era possível. Nunca tinha visto uma “coisa” daquelas piscar o olho a um ser
humano. Ainda pensando nisto deu-se consigo no patamar superior. Ao pisá-lo o
portão abriu-se, ao mesmo tempo que uma voz fria e sem emoção, dizia: “Sê bem vindo, humano,
ao Templo onde é guardado o segredo do Tempo Efectivo
de Normalidade Geral, regulado na mesma intensidade universal. “Saberás que
qualquer gesto ou acção de agressividade, ainda que
intencional, te trará imediatamente a morte. Deixarás a arma à entrada ou não
chegarás a dar três passos no interior do templo. Acompanhar-te-á um andróide que te vedará a visita à zona interdita. Estarei
de vigia e basta que fales se pretenderes qualquer informação”. O computador
estranhou o comportamento da criatura que ali ficou parada, olhando espantado
o interior escuro para além da entrada, sabendo que olhava para além do
tempo… Tangor nada disse. Deu meia volta e desceu as escadas.
Sabia que estava perdido, condenado a não voltar mais voltar ao seu planeta.
Os sábios do seu Sistema já tinham visitado o templo há muitos milhares de
unidades de tempo, apenas espiritualmente. De outra maneira era quase
impossível, mas ele estava ali! Agora sabia que tinha entrado no chamado
“buraco intemporal”, que era por assim dizer a porta para um tipo de
“universo paralelo”. Para entrar, uma hipótese num milhão. Para sair, talvez
nenhuma… Procurar a saída para o seu Universo era pouco mais ou menos
procurar uma esfera infinita, cujo centro está em todo o lado e o círculo
limite em parte nenhuma! Entrou na nave
e os reactores de activação
dimensional começaram a zunir. Lembrou-se dos heróis que morriam nas suas “vimanas”, na grande batalha do “Armagedon”,
no longínquo planeta dos homens da Terra, dos quais falava o “Livro dos
Deuses”. Lembrou-se ainda da sua companheira, afastada dele... apenas uma eternidade! Já a nave
subia no espaço azul, quando o portão do Templo se fechou. O Guardião
meditava para com os seus componentes electrónicos,
sem saber como elaborar o relatório do estranho acontecimento. Tangor, 1º Oficial Graduado da Esquadrilha Temporal,
acelerou a sua "vimana" na ordem do factor inverso do módulo de gravidade, com rumo ao
infinito. O robot-mecânico fitava um ponto que não existia. A nave tremeu
ligeiramente e o humanóide de metal, começou a cantarolar baixinho. Tangor
ligou o sistema de auto-desintegração da nave, e
entrou na câmara de suspensão de vida! Lá em baixo, o
Guardião tentava ainda detectar a nave que perdera
já de vista. Entretanto, um robot-móvel procedia à substituição de um filtro
biológico, que se decompusera. Velava assim pelo bom estado do seu Mestre e
Senhor, Guardião do Templo, por todos os séculos sem fim… M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
22 de Março de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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