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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 83 EFEMÉRIDES – Dia 23 de Março Philippe Bouin (1949) – Philippe
Bouin nasce em Bruxelas, Bélgica. Trabalha na área
de marketing e comunicação até se iniciar na escrita em 2000 com Les Croix de Paille, vencedor do Prix Océanes 2001. O livro é um sucesso editorial, passado na
época de Luís XIV e onde o autor põe em cena o jovem Dieudonné
Danglet, um dos seus personagens principais. O
segundo livro, Implacables Vendanges
(2000) tem como protagonista Soeur Blandine, uma religiosa nada comum; este livro recebe o
prémio Prix Métier et Culture 2001. Philippe Bouin está publicado em vátios países e tem até agora
duas dezenas de obras. Destaca-se: Mister
Conscience (2006), considerado o primeiro thriller do escritor e vencedor do Prix Lgm Lire
2007 e Comptine En Plomb, que se insere na escrita do romance negro e recebe
o Prix Polar Cognac 2008.
Philippe Bouin é o criador e o organizador do Raisin Noir, um salão de literatura policial e de mistério,
um encontro de autores em Bourgogne-França, local onde o escritor vive. Steven Saylor (1956) – Nasce
no Texas, EUA. Diplomado em história e literatura antiga, inicia com Roman Blood, em
1991, a série Roma Sub Rosa, um conjunto de 12
romances policiários históricos com o protagonista Gordianus,
passado na Roma de Cícero, César e Cleópatra. As short stories sobre Gordianus
aparecem no Ellery Queen’s
Mystery Magazine e em antologias, mas estão
reunidas em 2 livros: The House Of The Vestals
(1997) e A Gladiator
Dies Only Once (2005). O primeiro conto de Gordianus,
A Will Is a Way ganha em 1993 o Robert L. Fish
Award que Mystery Writers of America
atribui anualmente à melhor primeira short story de mistério de um autor. Ainda nesta série o autor
tem agendado para Maio deste ano o 13º volume, The Seven Wonders.
Steven Saylor escreve 2 livros cuja acção decorre no Texas, A Twist At The End (2000), baseado no registo americano mais antigo
de crimes em série que aterrorizaram Austin, Texas em 1885; o protagonista é
o jovem William Porter, que seria mais tarde o
famoso escritor O’Henry; o outro livro Have You Seen Dawn? (2003), um thriller contemporâneo. No entanto as
obras mais célebres deste autor são as da série Roma: The Novel of Ancient
Rome (2007) e Empire (2010), ambos bestsellers
internacionais. O autor tem obras traduzidas em 21 línguas e em Portugal
estão publicados 16 livros pela Quetzal Editores e pela Bertrand Editora. Em 23 de Março
de 1999 o célebre escritor Thomas Harris entrega
finalmente (com anos de atraso) um manuscrito de 600 páginas aos seus
editores, Delacorte Press. Este
novo romance Hannibal,
a segunda parte de um contrato, com mais de 10 anos, celebrado com a editora
e pago antecipadamente é lançado três meses depois, Hannibal é o terceiro romance
do serial killer
Hannibal Lecter, que
apareceu pela primeira vez em 1981 em Dragão
Vermelho. O segundo livro O
Silêncio dos Inocentes (1988), vendeu cerca de 10 milhões de cópias e foi
adaptado ao cinema por Ridley Scott. TEMA – CASOS E ACASOS DO CRIME A CAVEIRA REVELADORA – Se alguém lhe mostrar uma caveira com um
buraquinho no crânio lembre-se que é dessa forma que seu crânio ficará, se
falar. Esta ameaça
silenciou todas as testemunhas possíveis e completou o último passo de um
crime perfeito. Até a vítima tinha cooperado com o assassino. Durante trinta
anos residira numa fazenda próspera no Rio Bow.
Guardava o seu dinheiro em jarros de vidro, escondidos na fazenda, em vez de
depositá-lo nos Bancos. Usava o nome de Tucker, mas
o seu verdadeiro nome era Peach. Nunca foi
visto sem o chapéu puxado sobre os olhos e usava uma barba que lhe mascarava
a parte inferior do rosto. Falava pouco e quando lhe dirigiam a palavra dava
respostas lacónicas. Não tinha amigos: Um dia de Março de 1910 anunciou na
agência do correio de Glays que tinha entregado a
sua fazenda a um rapaz chamado Tom Robertson e ia
voltar à sua pátria, a Inglaterra. Depois ninguém mais o vira. O assassino
fora um homem chamado Jack Fisk, conhecido ladrão
de cavalos. Se algum fazendeiro protestava, Fisk
ameaçava matá-lo, mas sabia que não podia manter o seu império de terror se
não matasse alguém para exemplo da comunidade do Rio Bow. Tucker era candidato natural. Tucker
desejava apenas que Robertson tomasse conta da
fazenda enquanto ele ia a Inglaterra; contudo, escreveu o que Robertson ditou e isto foi um documento de venda. Fisk então matou Tucker com um tiro na cabeça e
levou os mil e quinhentos dólares que sua vítima guardava em jarros de vidro.
O cadáver foi atirado ao Rio Bow e Fisk não se importou que o vissem. Depois de cumprida uma
das suas ameaças, sabia que todos guardariam silêncio. Dois meses
mais tarde um cadáver decapitado foi encontrado no rio. A decomposição estava
tão adiantada que o Chefe da Polícia Montada de Calgary
foi incapaz de fazer outra identificação, excepto
que se tratava de um homem de cerca de 60 anos de idade e de estatura
mediana. Em Novembro, quando o rio congelou, um homem, ao atravessá-lo, viu
uma caveira brilhando como uma pedra branca. Havia um orifício de bala na
testa, no centro de uma depressão causada pelo afundamento do frontal, com
rachas que irradiavam. A longa
submersão fizera as rachas parecerem ter sido feitas pela bala, porém um
cientista, Dr. Revell, verificou que a depressão e
as rachas eram resultado de uma antiga fractura de
crânio. Um detalhe interessante: embora a carne tivesse desaparecido
inteiramente, encontravam-se nos ouvidos dois tufos de algodão. – O homem era
provavelmente surdo – declarou o Dr. Revell. A
causa da surdez foi o ferimento na cabeça, resultante de um coice de cavalo. Deane, o chefe da Polícia, percebeu que, por medo,
ninguém queria falar. Soube, que o único homem desaparecido era Tucker. O seu hábito de usar o chapéu puxado sobre a
testa interessou, o investigador. Um homem com um defeito no rosto procura
ocultá-lo. O detective foi à antiga fazenda da vítima e falou com Robertson. Este apresentou o documento de compra da
propriedade. – Era surdo? – Sim, era. – Recebeu há
tempos um coice? – Sim, de um
cavalo – explicou o homem. Deane pensou em prendê-lo mas desistiu, pois Robertson não era capaz de aterrorizar uma comunidade
inteira. Os agentes
policiais mantiveram-se em constante vigilância. Com o tempo verificaram que
apenas um homem não participava do terror dos demais. Esse homem era Jack Fisk. Investigações revelaram que Fisk
trazia Robertson sob o seu inteiro domínio e tinha
um estábulo na cidade próxima. Os animais eram obtidos sem fontes
misteriosas. O investigador
mandou prender os dois suspeitos. Robertson
fraquejou e confessou, porém Fisk não. Durante o
inquérito policial, quarenta e três testemunhas, vendo o olhar cheio de ódio
do acusado, recusaram depor contra ele. Entretanto a sua habilidade para
aterrorizar testemunhas foi um tiro pela culatra – o júri considerou-o
culpado. Foi enforcado no dia 27 de Abril de 1911. O crime perfeito arruinado
pela caveira de um surdo encontrada no gelo. Robertson
foi condenado a prisão perpétua. Com a morte de Fisk,
o terror dissipou-se na comunidade, e toda a história se tornou conhecida. TEMA – CONTO DO VIGÁRIO VIGARISTA DESDENTADO Carl Erbe o famoso chefe de relações públicas, ocupou um
escritório do Brill Bulding, na Broadway, quando
dirigia o Singapore Club, que funcionava em baixo.
Uma tarde um sujeito entrou no escritório de Carl, abriu a boca para dizer
algo, porém não se ouviu nenhum som. – Que foi que
houve, companheiro? – perguntou o prestativo Erbe, reparando nas roupas maltrapilhas do estranho, bem
como na sua palidez e no olhar de fome. – Deseja um
pouco de comida, ou coisa que o valha? O homem
finalmente falou, com os olhos húmidos: – Eu não o
conheço, e o senhor não me conhece — murmurou — estou desesperado e dizem que
o senhor é homem direito. Se eu não conseguir um empréstimo de 250 dolares a minha mulher, e meus cinco filhos serão postos
na rua e morreremos de fome. Erbe comoveu-se. – Gostaria de
ajudá-lo – respondeu com bondade – mas olhe, duzentos e cinquenta bagarotes
um bocado de dinheiro. Quer saber de uma coisa? Dou-lhe cinquenta e com isso
talvez ajude um bocadinho. Nesta altura o sujeito rebentou em lágrimas. – O senhor, é uma pessoa excelente, maravilhosa – soluçou – mas não
posso receber os cinquenta dólares sem lhe dar uma garantia qualquer. Espere
um momentinho. Com estas virou as costas a Carl, tacteou
nos bolsos e depois entregou ao seu benfeitor um pequeno pacote embrulhado em
papel, dizendo em voz quase inaudível: – Fique com
isso como garantia até eu devolver o que me emprestou. E logo saiu porta
afora, tão silenciosamente quanto entrara. Carl quase
caiu ao abrir o embrulho e ver o conteúdo: uma dentadura completa, superior e
inferior. Sentindo a necessidade de um trago, tomou o elevador e entrou
bamboleante no Turf Restaurant,
do andar térreo, juntando-se a um grupo de editores musicais do mesmo
edifício, a quem contou a história. – Ora, és idiota
– riram – se investigares um pouco por aí vais ver que foi o décimo pato a
quem esse sujeito abordou. Trabalha com mais pontes do que as autoridades do
porto de Nova Iorque, e a polícia daria um dente para lhe deitar as unhas! Erbe sacudiu a cabeça e jogou a garantia dentro de um cinzeiro. – Bem, mas é
preciso admitir que tal sujeito descobriu uma vigarice original – sorriu ele
sem vontade. M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
23 de Março de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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