M. CONSTANTINO

(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019)

CALEIDOSCÓPIO 90

EFEMÉRIDES – Dia 30 de Março

Edgar P. Jacobs (1904-1987) – Edgard Félix Pierre Jacobs nasce em Bruxelas, Bélgica. Desenhador, argumentista, e escritor, tem duas paixões: ópera e banda desenhada. Depois de uma carreira de quase 20 anos, como barítono, abandona o palco em 1940 e começa por ilustrar contos. Em 1943 é desafiado a criar uma série na linha de Flash Gordon (proibida na Bélgica pelas forças de ocupação alemãs) e publica Rayon U (O Raio U), originariamente em tiras simples a preto e branco e caixas de texto, mais tarde (1974) reformatada pelo autor com utilização cor e inserção de balões – hoje um álbum clássico da banda desenhada de ficção científica. Ainda em 1943 conhece Hergé, o criador de Tintim, e iniciam uma colaboração e amizade para sempre. Edgar P. Jacobs é responsável pelo novo aspecto cromático das aventuras de Tintin e também pela inclusão de alguns temas, como a ópera e a figura de Bianca Castafiore. Em 1946 é lançado o Journal de Tintin e Edgar P. Jacobs, colaborador desde o início, cria Blake & Mortimer, uma série que junta aventura, espionagem e ficção científica. O autor escreve e desenha os primeiros oito títulos, editados entre 1947 e 1970: O Segredo do Espadão (3 volumes), O Mistério da Grande Pirâmide (2 volumes), A Marca Amarela, O Enigma da Atlântida, S.O.S. Meteoros, A Armadilha Diabólica, O Caso do Colar, As Três Fórmulas do Professor Sato (2 volumes; o 3º é de Bob de Moor).

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TEMA – MEDICINA FORENSE

Sir Sidney Smith professor da Universidade de Edimburgo expõe factos sobre a sua experiência.

O sucesso ou insucesso de uma investigação depende, muitas vezes, das observações iniciais e dos actos dos oficiais da polícia que, primeiramente, apareceram no local do crime. Eles são também responsáveis pela protecção contra o dano de tudo quanto possa ser de interesse útil para o perito médico-legal. Para ele, um caso começa, muitas vezes, com o pedido para ver um cadáver. A polícia pode não saber quem é o morto e, portanto, pretende saber qualquer pormenor que contribua para a sua identificação. Quererá conhecer a causa e o modo da morte se foi devida a causas naturais ou a violência; e, neste último caso, se se trata de acidente, de suicídio ou de homicídio. Como morreu a pessoa? Quando ocorreu a sua morte? Isto pode ser muito importante, se se tratar de homicídio, e um suspeito tiver um álibi. O corpo pode ter sido deslocado após a morte? Porque aconteceu? Geralmente, apenas esta última pergunta. Ora o motivo está fora do alcance profissional do perito médico-legal — mas, em certos casos, tais como assassínio, após violação também pode explicá-la.

Para achar a resposta para todas estas perguntas, têm de ser descobertos vários factos e relacionados entre si: o grau de arrefecimento do corpo, o adiantamento da rigidez (rigor mortis), a descoloração post-mortem (hypostasis), o estado dos alimentos no estômago e intestinos, o estado e composição do sangue, e muitos outros pormenores deste género. Apenas a hypostasis, embora se tenha escrito menos a respeito dela do que do rigor mortis, pode fornecer uma variedade de informação interessante.

Esta descoloração post-mortem ou lividez cadavérica é causada pela passagem do sangue, sob o efeito da gravidade, para os vasos mais baixos do corpo, fenómeno que se começa a processar logo que o coração deixa de bater. Os diminutos capilares distendem-se com sangue e manchas lívidas aparecem à superfície do corpo. A descoloração começa pouco depois da morte, a princípio em pequenas manchas que gradualmente se vão fundindo em grandes áreas. É muito distinta, passadas doze horas.

Normalmente a cor é, a princípio, um cor-de-rosa azulado e depois arroxeado; mas, tratando-se de um envenenamento por monóxido de carbono é cor-de-rosa; por ácido prússico, vermelho vivo; por certos (outros venenos, cor-de-chocolate; e tratando-se de morte por queimaduras ou frio pode ser nitidamente vermelho. É bem patente em casos de asfixia, mas menos evidente no caso de morte por hemorragia. Se o corpo for deslocado antes do sangue coagular as manchas podem mudar de posição, mas quando se verifica a coagulação dos capilares as manchas fixam-se definitivamente: diz-se então que se fixaram os livores. Isto ocorre geralmente em cerca de seis horas; mas, no. caso de morte por sufocação ou por estrangulamento pode demorar muito mais horas.

A distribuição das manchas depende da posição do corpo. Se estiver estendido de costas, estas ficarão completamente descoloridas excepto nas partes em que se apoia directamente — porque qualquer pressão, por ligeira que seja, impede que os capilares se encham e tais zonas não ficam descoloridas. A posição de qualquer faixa apertada, como um colarinho ou liga, ou rugas duma camisa, ficará assinalada pela ausência de descoloração. Tais zonas lívidas são por vezes confundidas com marcas resultantes de pancadas ou estrangulamento. As manchas post-mortem não devem ser confundidas com contusões, com que muitas vezes se assemelham e, em casos duvidosos, é necessário retirar algumas secções para submetê-las a exame microscópico.

A descoloração é apenas um dos sinais importantes do estado post-mortem, através dos quais é possível descobrir uma informação vital acerca da morte. Por vezes, tais dados médicos vêm simplesmente confirmar outros factos e deduções já concluídos pela polícia.

TEMA – A POESIA E O CRIME

PROCURA DE ISABEL por Natércia Leite

Onde está Isabel?

Estará ela perdida?

Houve alguém que a levou

contra vontade sua?

As janelas fechadas

as portas chaveadas…

Seu perfume que paira

ainda ali na rua onde

um dia morou

 

Cheia de cor, de vida

Uma graça de Deus.

 

Tanta pergunta, tanta!

Quando as respostas, sei! …

Onde está Isabel?

Num ermo dum pinhal

sob o mato escondida!

Tenho um nó na garganta

na cabeça, um tropel

Quanta amargura, quanta!

Fui eu. Eu, que a matei!

 

Quando a senti perdida.

Quando me disse adeus.

M. Constantino

In Policiário de Bolso, 30 de Março de 2012

 

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