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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 96 EFEMÉRIDES – Dia 5 de Abril Lee Thayer (1874-1973) –
Emma Redington Lee Thayer nasce em Troy,
Pensilvânia EUA. Artista, pintora, ilustradora e escritora. Publica 60
(sessenta!) romances policiários: o primeiro The Mystery of the Thirteen Floor, em 1919, e escreve o último aos 92 anos de
idade Dusty Death
(1966). Com a excepção de um único livro, são todos
protagonizados por Peter Clancy, um detective ruivo nova-iorquino. O estilo da autora tem
sido comparado com o de Anna Katharine
Green e S.Van Dine. Robert Bloch (1917-1994) – Robert Albert Bloch nasce em Chicago, Illinois, EUA. Começa por
publicar contos na revista Weird Tales. Durante uma
carreira de 60 anos escreve 22 romances e mais de 200 contos sobretudo de
fantasia, horror e ficção científica, mas também policiários de crime e
mistério. Trabalha como argumentista em Hollywood para televisão e cinema. É
um dos autores mais produtivos e mais premiados de literatura fantástica do
séc. XX. Considerado um sucessor de Edgar Allan Poe
e Lovecraft, tem no entanto uma escrita com
características muito próprias. A sua obra mais conhecida é sem sombra de
dúvida Psycho
(1959), base do famoso filme de Alfred Hitchcock.
Robert Bloch é presidente da Mystery Writers of America
em 1970. Em Portugal estão editados: 1 – Psico (1961),
Nº3 Colecção Grandes Êxitos do Cinema Mundial,
Agência Portuguesa de Revistas. Título Original: Psycho (1959) 2 – O Vale da Corrupção (1969), Nº2 Colecção O Livro Oportuno, Palirex.
Título Original: The Star Stalker
(1968) 3 – A Sombra do Campanário (1975), Nº68 Colecção Série Antecipação, Editora Panorama. Título
Original: The Shadow From the Steeple
(1950) 4 – Dragões e Pesadelos (1979) Portugal Press. Título Original: Dragons and Nightmares
(1968) 5 – No Limiar da Realidade (1984) Nº5 Colecção Livros de Bolso, Série Pêndulo, Publicações
Europa-América. Título Original: Twilight Zone
(1983) Arthur Hailey (1920-2004) –
Nasce em Luton, Bedfordshire, Inglaterra. Vive no
Canadá, Estados Unidos e fixa-se definitivamente nas Bahamas no final da
década de 70. Inicia a carreira de escritor em 1958 com Flight Into Danger.
Escreve um total de 11 romances que estão traduzidos em 40 idiomas, com 160
milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e quase todos adaptados ao
cinema ou séries de televisão. Alguns dos seus livros estão editados em
Portugal: 1 – Voando Para o Perigo (1960), Nº1 Colecção 3C, Ulisseia. Título Original: Flight Into Danger (1958), também editado com o título Runway Zero Eight 2 – Aeroporto (1969), Colecção
De Hoje, Livraria Civilização. Título Original: Airport (1968) 3 – Mundo Automóvel (1972), Colecção De Hoje, Livraria Civilização. Título Original: Wheels (1971) 4 – Hospital (1974), Círculo de Leitores.
Título Original: The Final Diagnosis
(1959) 5 – Os Traficantes de Dinheiro (1979),
Circulo de Leitores. Título Original: The Moneychangers (1975) 6 – Catástrofe (1980), Nº172 Colecção Século XX, Publicações Europa-América. Título
Original: Overload
(1978) 7 – Remédio Amargo (1985), Circulo de
Leitores. Título Original: Strong Medicine
(1984) TEMA – CIÊNCIA FORENSE UM CASO NO EGIPTO – Depoimento de Sir Sidney
Smith professor da Universidade de Edimburgo. Pode acontecer
que, quando o perito médico-legal e chamado não haja qualquer prova
circunstancial. Achei-me perante um caso típico, no Egipto, em mil novecentos
e vinte e tal, quando se encontrou o corpo de um oficial britânico, nas
margens do Nilo, com uma bala na cabeça. Era um homem novo, solteiro e
saudável; não conhecia inimigos e não tinha complicações com o outro sexo;
não tinha também dificuldades financeiras e ocupava um bom lugar no Governo
Egípcio. Aparentemente, saíra de casa depois do jantar, percorrera de
bicicleta cerca de uma milha, fora da cidade, dirigira-se a pé até à margem
do Nilo, sentara-se e, ou fizera saltar os miolos, ou alguém lhos fizera saltar.
Não havia qualquer carta a anunciar o suicídio, nem qualquer motivo plausível
para homicídio, mas, naquele tempo, no Egipto, o assassínio político era
corrente, e mais da que um súbdito britânico fora encontrado morto em
circunstâncias estranhas. Este caso levantou considerável celeuma nos
círculos governamentais e, se se tratasse de assassínio, a sua repercussão
devia ser séria. Na falta de qualquer outra prova, tudo dependia do exame
médico-legal. A bala entrara
pelo lado direito da testa e saíra pelo lado esquerdo da nuca. Uma mancha
negra e queimada à volta do ferimento mostrava que a bala fora disparada de
perto. Não havia qualquer sinal de luta, quer no corpo do homem, quer no
lugar em que fora encontrado. Tudo isto indicava fortemente o suicídio, mas a
falta de outra prova tornava desejável uma corroboração. Depois de um exame
cuidadoso a todo o corpo, dois pormenores ressaltaram: havia uma pequena
equimose num dos dedos da mão direita e o colete e a camisa estavam
desabotoados. Deduzi que a equimose fora feita ao entalar a pele do dedo,
quando puxara o percutor da pistola e parecia lógico deduzir que desabotoara
o colete e a camisa com a primeira intenção de alvejar o coração. Só por si,
estas hipóteses eram fracas, mas importantes, como prova corroborativa. O
veredicto foi suicídio. O perito
médico-legal pode ser chamado a fornecer provas quer à acusação quer à
defesa. Se os seus serviços não estão agregados pela polícia pode utilizá-los
para ajudar uma pessoa acusada do crime. E ainda que ajude a polícia nunca
deve deixar-se influenciar por qualquer teoria desta. O que ele descobrir
pode muito bem destruir o que a autoridade considerara um caso evidente
contra uma pessoa particular. Pode também dirigir a atenção da polícia para
uma nova linha de investigação. O campo de acção da medicina legal não tem sido constante. Houve
tempo em que incluía a saúde pública, mas está 'tornou-se há muito, uma
especialidade separada. Similarmente, a psiquiatria tem absorvido grande
parte do trabalho que costumava incluir-se no campo de acção
do médico-forense. Depois, até dentro do seu próprio campo, verificou-se
grande quantidade de especializações. O patologista, o serologista e o
toxicologista legais são quase especialistas por direito próprio e,
idealmente deveriam trabalhar em conjunto, como que formando uma equipa. Nem toda a
ciência forense é médica e muitas vezes torna-se necessária a cooperação do
botânico, do zoólogo, do entomologista, do geólogo e de outros especialistas.
As fronteiras entre as várias disciplinas científicas nem sempre estão
nitidamente marcadas e, em certas circunstâncias, criaram-se algumas
anomalias. Nada há de médico na identificação de armas de fogo através de um
exame das balas e das cápsulas dos cartuchos; mas não existe qualquer especialidade
separada de balística legal e este trabalho, no meu tempo, recaía sobre o
perito médico-legal, por este estar acostumado a lidar com balas em relação a
ferimentos e por não haver mais ninguém que o fizesse. TEMA – FICÇÃO CIENTÍFICA PAZ NA TERRA – De Hélia Quando estava
a morrer, pediu--me: “Vai ao cemitério, antes de eu ser enterrada, e põe na
minha cova este saquinho. Dissimula-o bem. Quero ficar com ele bem perto… no
Além”. Ela foi
sepultada sem grande acompanhamento. Em vida fora
demasiado perigosa para ter amigos. Por isso fora sozinha para a Morte. Havia qualquer
coisa de estranho naquela morte. Não sei dizer o que seria. Fora uma morte
rápida mas não identificada. Médico algum
conseguira diagnosticar a natureza da doença. Inexplicavelmente, todo o seu
organismo envelhecera e definhara, em vinte e quatro horas. Só. Fui para casa
depois do funeral. Sentia-me aterrorizado ao pensar numa longa e primeira
noite sozinho. Sem a minha esposa. Duramente
olhei a cama vazia. Na sua almofada havia uma depressão. Um frio tocou-me,
envolveu-me. A porta atrás
de mim fechou-se com suavidade macabra. Uma dor aguda
de terror rasgou-me o peito. Alguém estava
junto de mim. Voltei-me lentamente, fazendo um esforço brutal para não
gritar. O perfume dela
asfixiou-me num pesadelo. Pendurado na porta o seu robe oscilava levemente…
quase trocista. Sacudi a
cabeça. Não havia mais ninguém no quarto. Sentei-me,
completamente arrasado. As mãos tremiam-me violentamente. De súbito o
telefone tocou. Foi como uma descarga eléctrica.
Saltei, espavorido, e olhei maquinal para o relógio. Tinham passado três
horas desde o funeral de Mirzah. Três horas
passadas não sei como, a deambular com medo da solidão da nossa casa. Abri a porta,
entrei na sala e atendi o telefone. – Sim? – Querido…
estou Livre… adeus. O estrondo do
auscultador a bater na mesinha fez-me saltar. Largara o aparelho como se fora
fogo. Porque… a voz era dela! Naquela noite
apanhei uma bebedeira e dormi no sofá. Aquele quarto, o meu quarto, metia-me
medo. No dia
seguinte encontrei um bilhete preso na almofada. – Há algo que
por enquanto não poderás entender visto seres terrestre. Talvez te consiga
passar para o nosso lado. MIRZAH. Era a letra
dela. Fui consultar
um psiquiatra. Não lhe mostrei o bilhete, pois nada provava. Diagnóstico:
desequilíbrio nervoso, saudade, enfim… Algo se moveu
quando entrei em casa. Entrei no quarto para mudar de roupa. Finalmente ela
estava ali. Bela, como
fora antes da estranha doença. Senti-me
entorpecido. Estava louco por certo, mas só de vê-la não me importava. Ela
sorriu-me: – Olá,
querido. – Olá! – Não tens
medo? – Um pouco.
Porém ao ver-te sosseguei. Sei que me queres bem… embora não saiba o que se
está a passar. – Vais sofrer
qualquer coisa que é demasiado complexo para te explicar. Mas consegui
autorização para que passes para o nosso lado. – Mas… – Eu sei que,
te parece tudo irreal. Não sou um fantasma. Sou o que vocês chamam… de outro
planeta. Fui espia na Terra e trabalhei sob essa capa pois era uma verdadeira
espia inter-espacial. O vosso planeta foi
considerado como não perigoso para nós. Quando te pedi para enterrares aquele
saquinho, confiei-te a minha vida. Se não o tens feito teria morrido
enterrada viva. O saco continha um transferidor de matéria, que actuou sobre mim e me transportou para aqui. Irás fazer
uma longa viagem no tempo… e no espaço… Eu olhava-a,
fascinado. As suas palavras entravam-me no cérebro sem que qualquer som
saísse da sua boca. – Deita-te,
amor. Injectou-me algo e senti-me adormecer. Ainda vi Mirzah deitando o nosso gato junto a mim. Depois… O Dr. Fritz franziu fortemente o sobrolho. Era o segundo caso
de envelhecimento súbito. Primeiro fora aquela mulher, Mirzah,
e agora… Santo Deus! Mas aquele era o viúvo de Mirzah! Poucos minutos
tinha de vida. Algo de muito estranho se passava, pois haviam-lhe telefonado
dizendo haver um moribundo naquela morada. Ele fora. Um homem envelhecido
precocemente jazia num leito, agonizando. E uma carta junto a ele rezava: “Quero ser
enterrado no cemitério de…, com o meu gato e este saquinho. É este o meu
último desejo. Paz na Terra
aos Homens de boa vontade”. M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
5 de Abril de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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