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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 97 EFEMÉRIDES – Dia 6 de Abril Lowell Thomas (1982-1981) – Lowell Jackson Thomas nasce em Woodington,
Ohio, EUA. Pioneiro no jornalismo de rádio, repórter de guerra, explorador e
escritor, é famoso por ter dado a conhecer Lawrence da Arábia com With Lawrence In Arabia (1924). As viagens
de Lowell Thomas a locais remotos do planeta são o
tema dos seus livros de aventuras; e a actividade
como repórter na 1ª e 2ª guerra mundial está bem patente na sua extensa
bibliografia. Douglas Hill (1935-2007) – Douglas Arthur Hill nasce em Brandon, Manitoba, Canadá. Editor e escritor de ficção científica, com meia
centena de livros publicados, é mais conhecido pela série Galactic Warlord (The
Last Legionary) destinada
a leitores jovens. A série
Last Legionary é composta por
5 volumes: Galactic Warlord (1979),
Deathwing Over Veynaa
(1980), Day of the Starwind
(1980), Planet of the Warlord
(1981) e Young Legionary (1982). Usa também o
pseudónimo Martin Hillman. TEMA – ESPIONAGEM LAWRENCE DA ARÁBIA Thomas Edward
Lawrence, mais conhecido por Lawrence da Arábia, nasceu no País de Gales em
1888, segundo filho de um nobre irlandês e veio a tornar-se uma lenda. Poeta,
arqueólogo, guerreiro, agente secreto e aventureiro, cabe-lhe justamente esta
última qualificação. Numa sociedade
em que impera o culto pelo desporto, despreza-o, preocupando-se tão só por
endurecer o corpo e a capacidade de resistência, desde os primeiros dias de
escola. Estudou em Oxford e fez férias na Síria praticando o idioma árabe.
Doutorou-se em História com uma tese sobre arquitectura
militar dos cruzados. Trabalhou para o Museu Britânico em Carquemis
(Jerablus), tendo percorrido a Mesopotâmia e o
Egipto. No início da 1ª Guerra Mundial, alista-se no exército britânico, como
oficial exerce funções no Estado Maior, mas em 1915
foi enviado para os Serviços de Informação do Exército no Egipto. No ano
seguinte desembarca em Deraa para contactar o
rebelde árabe contra a ocupação turca da Arábia. Dois anos mais tarde, com
três mil homens, imobiliza mais de cinquenta mil soldados turcos, facilita a
conquista da Palestina e Arábia pelas tropas inglesas e entra em Damasco à
frente e como chefe do exército rebelde, vestido de branco dos peregrinos de
Meca, adornado com cordões amarelos e vermelhos e uma adaga de ouro à
cintura. É a glória. Lawrence converte-se num herói. Vestido com roupas
árabes é respeitado e considerado um deles, tem influência e protege os
interesses britânicos, cujo dinheiro anda altamente envolvido. Mais do que um
agente secreto, é um guerreiro entre os guerreiros, um aventureiro de sorte.
O domínio britânico vai-se alargando e estabelecendo. Herói duplo para
ingleses e árabes, esquecendo-se por vezes de que é um oficial inglês e um
espião pago pela coroa, favorece os árabes com os quais se identifica, até
alguém se lembrar desse facto. Regressa a Londres já em 1918 com a promoção a
tenente-coronel. Deixa o seu coração nas areias escaldantes, que no íntimo a
sua luta seria, claramente, a independência árabe. O esforço
físico dispendido foi exaustivo. Sente-se esgotado
mas regressa a Oxford e resolveu escrever. Não se conhece relação feminina.
Morre num acidente de mota em 19 de Maio de 1935. Um homem
estranho com muita vida, rodeado de muitos acontecimentos, sobre os quais
muito se escreve e comenta. TEMA – ANATOMIA DO CRIME MÁGICA REALISTA Nos meados do
século XIX, mais precisamente em 1862, nenhum outro mágico conseguiu alcançar
a força de Ugo Cavalli. O mais velho e
conhecido número de magia – serrar uma mulher pelo meio – era por si
praticado com um realismo jamais atingido por outrem. Ainda que
antecipadamente se soubesse que não passava de um truque bem delineado e
concebido, e que a mulher estava encolhida num canto da caixa cortada, longe
do alcance das lâminas, ou já desaparecida por uma abertura secreta, os
espectadores sustinham a respiração, dilatavam os olhos suspensos do
resultado. De resto Cavalli cativava a plateia. Capa negra que lhe chegava ao
chão, chapéu alto da mesma cor, bigode torcido e enrolado, igualmente negros
os olhos profundos, espessas sobrancelhas, voz de barítono na realidade um
mágico encantador. Ainda que
fosse a sensação máxima do velho continente, desejava sempre e sempre
aperfeiçoar o seu número de serras. Tão meticuloso e concentrado se mostrava
no seu trabalho que, invariavelmente, ao dar por findo o espectáculo,
desmaiava, no que era acompanhado pelos espectadores mais impressionáveis no
meio dos mais fortes aplausos dos outros. Claro que
tinha concorrentes que não só copiavam o seu trabalho como os próprios modos
de falar e de vestir. Ugo sorria
desdenhosamente. Um dia pensou fazer um trabalho deixaria os seus copiadores
roendo as unhas de inveja! Duas semanas mais tarde teve a ideia genial que
revolucionaria toda a sua mágica. E durante meses, com um fim, procurou um
par de gémeas, jovens e bonitas. O seu trabalho não ganharia com mulheres
feias. De Praga
chegaram, finalmente as desejadas irmãs gémeas, Caterina e Hilda Freagu, de vinte e um anos, moças lindíssimas. Ugo preparou
tudo e o número fenomenal que pretendia realizar foi anunciado em todos os
jornais com uma enchente soberba. Toda a gente queria ver o espectáculo! Na hora marcada Ugo Cavalli
ocupou o palco. Convidou os mais eminentes cidadãos e autoridades locais a
examinarem a caixa, a qual, referiu bem, não tinha fundos falsos. Curvou-se,
enfim, diante do público, pegou a linda Hilda Freagu
pela mão, e apresentou-a ao público, colocando-a na caixa com galanteria e
carinho. Caterina esperava na sombra. Ugo pegou na
serra. Medonhos gritos começaram a sair da caixa, quando começou a serra-la.
Encantados, os espectadores deliravam de emoção, apreciando o toque de
realismo do grande mago enquanto ia serrando a caixa até atingir o fundo. Ugo limpou o
suor com um grande lenço escarlate, sorriu para o público e abriu a caixa. A
linda rapariga saiu alegremente do seu interior – era Catarina. A plateia
aplaudiu frenética e longamente. Desta vez foi
Caterina quem desmaiou. E quando recuperou os sentidos e correu para a caixa
seguida de alguns espectadores, encontrou a sua irmã gémea serrada ao meio… o
inevitável realismo que Ugo oferecia ao público! Sadismo?
Loucura? O júri achou
que merecia a morte e Ugo Cavalli, o super-mágico, deu o seu último espectáculo
balouçando desesperadamente na ponta de uma corda. M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
6 de Abril de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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