|
|||||
(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 106 EFEMÉRIDES – Dia 15 de Abril Howard Browne (1908-1999) –
Nasce em Omaha, Nebraska, EUA. É editor de ficção
científica, escritor de livros de mistério e de argumentos para cinema e
séries de televisão, como por exemplo Missão Impossível. Assina também com os
pseudónimos Alexander Blade,
Ivar Jorgensen, John
Evans, Lawrence Chandler, Lee Francis. Sob o pseudónimo John Evans,
destaca-se o detective privado Paul Pine –
inspirado em Philip Marlowe
de Chandler – que é a figura principal de contos e de romances: Halo In Blood
(1946), Halo For Satan
(1948), Halo In Brass
(1949) e The Taste of Ashes (1957. Em Portugal
está editado: A Porta Indiscreta (1966) Colecção Xis, Minerva. Título Original: Thin Air (1954) Jeffrey Archer (1940) – Jeffrey Howard Archer nasce em Londres.
Político,
membro do parlamento com uma vida pessoal atribulada, é um escritor de bestsellers no
Reino Unido. Cria a série Kane & Abel,
com 4 títulos publicados; a série Clifton Chronicles com 1 volume editado e próximo agendado
para Maio de 2012; 12 romances editados entre 1976 e 2009; e 13 livros com colecções de short stories publicados entre 1980 e 2011. Em Portugal
estão editados muitos dos seus livros, a maior parte pelas Publicações Europa
América. TEMA – ABEL E CAIM O assassínio
bíblico de Caim, na pessoa de Abel, seu irmão, tem sido ao longo dos tempos objecto de estudos, contos e romances com centenas de
páginas. O tema parece-nos atractivo de tal modo
que guardamos religiosamente tudo o que encontramos sobre assunto. O presente
trabalho é um deles. Quebrar as regras do registado é crime, mas esperamos o
perdão do autor, Wellington Gabriel Mainero. O conto curto Hermanos foi publicado em 1980 e aqui fica com a devida
vénia. IRMÃOS – Deves fazê-lo! Caim encarou o
mensageiro com um olhar selvagem. O seu coração debatia-se entre o profundo e
fraterno amor e os dilacerantes ciúmes que, por vezes o invadiam. – Não! Não o farei! Recuso-me! – decidiu. – Deves
repensar… o enviado do céu modelou a voz tentando dar convicção do seu
argumento – a História não pode alterar-se, repete-se a si mesma uma e outra
vez. Numa outra única ocasião se escreveu o livro do teu Povo e está escrito
que assim deve suceder. Pensa, sem o teu crime não há Redentor, nem esperança
para os teus filhos… Reflecte, por favor! O primogénito
observava as suas mãos, grandes e calejadas de amanhar a terra, o sentido de
cada dia. Aninhadas debaixo das unhas estavam todas as suas vidas anteriores. De umas ruínas
antigas, meio cobertas pelos danos do tempo, chegou-lhe a doce melodia de uma
flauta e o balir de ovelhas. – Não! – a sua voz era firme, determinante, não admitia réplica. Olhou
desafiante o mensageiro – Diz ao teu amo que não atentarei contra a vida do
meu irmão, ainda que o preço seja não conhecer a sua religião de Amor. A
primeira página da nossa História será distinta, porque será fraterna. E
voltando as costas ao Anjo, tomou o peso da enxada inclinando-se sobre o
sulco da terra. Pela primeira
vez em muito, muito tempo, sentiu-se um HOMEM LIVRE! TEMA – LITERATURA POLICIÁRIA – DETECTIVES DO OCULTO (1) O género
policiário, que se iniciou sob a égide do raciocínio, para adquirir
posteriormente um universo díspar de métodos, situações e ambientes, mantêm,
não obstante, uma característica inalterável: O MISTÉRIO. Quer se
contenha numa intrincada equação, queda e racional, quer se substitua esta
pela força bruta dos punhos ou das balas, sempre releva a sombra de um
mistério, por mais impreciso, e a necessidade de o explicar. É a “explicação”
que sempre se procura, de Dupin a Sam Spade, de Sherlock Holmes a Philip Marlowe. A par do comum
dos detectives, oficiais, privados ou simples
amadores, existe uma gama de personagens para os quais “tornar inteligível” é
a palavra de ordem, movimentando-se, entretanto, na órbita do imaterial ou do
invisível. Em pleno
apogeu do espiritismo, do ocultismo, das sociedades teosóficas, apresenta-se
uma autêntica panóplia de argumentos ornada de mortos cujo retorno é
tecnicamente possível; a consequente criação literária dos DETECTIVES DO
OCULTO, com jurisdição no reino do invisível, surge como um prolongamento
necessário num espaço livre deixado pelos seus outras
colegas criminalistas. Se bem que,
depreciativamente, se denominem de “caça fantasmas”, nada tem a ver com as
narrações sofisticadíssimas, complicadas e aterradoras, de fantasmas
vitorianos ou pós vitorianos, espectros espectaculares,
ou contos góticas de inspiração Ann Radcliffe, fachada de crimes verdadeiros sob o
aparentemente sobrenatural. A nova versão
daquela velha mercadoria, tem bênção doutrinal e
científica dos documentos espíritas, com expressão realista e informe
técnico, redigidos por investigadores de fenómenos e factos inexplicáveis
absolutamente objectivos: um ruído, uma sombra, um
queixume, algo que, pela sua inverosimilhança, seja capaz de despertar o
interesse das actividades da Society
for Psychical Research ou provocar complexa e
anormal emoção no leitor. Numa época,
pois, em que o sobrenatural adquiriu direito a uma possibilidade científica,
ou pelo menos para-científica, as narrativas de detectives
de oculto são o resultado da contaminação de um novo vírus de carácter
benigno para o policiário; os detectives da espécie
são, entretanto, autênticos ocultistas, peritos em fenómenos paranormais,
investigadores tenazes, autênticos pioneiros de uma nova ciência, senhores de
usa nova metodologia de detecção. A mesma
capacidade de intelecto e dedução, astúcia e iniciativa são comuns a Sherlock
Holmes ou ao Professor Challenger
— alias ambos criação de Conan Doyle
— ou a Poirot e Carnacki,
a única diferença é o terreno onde se aplicam aquelas capacidades. Para os detectives do oculto, naturalmente, um Além susceptível de investigação, mas um Além realista e até
materialista, pois existe independente dos nossos sentidos. A tipologia
dos detectives do oculto, caçadores de fantasmas,
tão só “investigadores psíquicos profissionais”, é vasta e variada. Aponta-se, em
regra, como natural precursor destas figuras o Dr. Van Helsing,
personagem da novela de Stoker, Drácula, se bem que
as características deste, como posteriormente Kronos
Blade, Peter Vincent, o jornalista Kolchak, os qualifiquem como caçadores de vampiros, o que
é bem diferente. Verdadeiramente os arquétipos são os personagens de Le Fanu, e de Conan Doyle o Professor Hesselius e o Professor Challenger.
Relevam, entretanto, numa curta abordagem ao tema, John Silence,
Carnacki, Harry Dickson,
Jules de Grandin e outros. O Professor
Martin Hesselius, criação de Joseph Sheridan Le Fanu
(1814-1873) é um dos mais claros antecedentes da figura de detective ocultista profissional. Licenciado em medicina
e cirurgia, nunca praticou uma ou outra profissão, não obstante interessar-se
com entusiasmo pelo estudo das mesmas, adquirindo conhecimentos e um “olho
clínico” quase infalível, que o tornaram justamente admirado. Motiva-o, ao
não exercício directo, certamente, a circunstância
da amputação de dois dedos em resultado, de um corte insignificante de um
bisturi, a partir do qual começou a ressentir-se da saúde, tornando-se num
vagabundo profissional, um vagabundo que, se não rico, pelo menos sem grandes
necessidades. Possuía uma estranha visão do mundo e do homem. Este,
essencialmente um espírito, sendo o espírito uma substância organizada, ainda
que tão distinta da material que conhecemos por matéria, como distinta é a
luz natural da eléctrica. O corpo material, no
sentido mais literal, é apenas uma roupagem e, em consequência, a morte não é
uma interrupção da existência mas uma libertação do corpo natural, processo
que começa com a que designamos de morte e se completa dias mais tarde com a
“ressurreição em potência” Vai mais
longe… Em cada homem existem pelo menos dois espíritos malignos que procedem
do inferno e vivendo no homem, habitam o mundo dos espíritos… Mais médico
das almas que dos corpos, profundo conhecedor da metafísica, Hesselius é o autor de “Ensaios de -Medicina Metafísica”,
e é apresentado em “Green Tea”, falando-se na
investigação, de cinquenta e sete casos, em que põe à prova a sua capacidade
mental, sem um único fracasso. (Continua) M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
15 de Abril de 2012
|
||||
© DANIEL FALCÃO |
|||||
|
|