Publicação: “O Almeirinense” Data: 15 de Novembro de 2007 Torneio Domingos Cabral
|
TORNEIO DOMINGOS CABRAL SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 2 CAÇADA NOCTURNA Autor: Figaleira (Extractos das soluções
apresentadas pelo Autor e pelos concorrentes Nove, Medvet, Daniel Falcão e
Onaírda) “Mêdêbê” chegou à
aldeia no dia 07.07.07, o do “tríparo 07”. Era sábado. A 2ª feira imediata foi, portanto, a de
09.07.07. Na manhã desse dia, “Manel da Eira” deu por falta do seu melhor
coelho, que sabemos ter sido roubado na noite anterior, pouco depois das
23H00 (do Domingo 08.07.07). Na altura do furto,
decorria o jogo de futebol (ou estava no intervalo…) Portugal-Gâmbia, a
decorrer no Canadá, para o Campeonato Mundial de Sub-20. Era um desafio
decisivo para a nossa selecção e estava a ser transmitido pela RTP 1 – um dos
canais que a generalidade dos habitantes da aldeia podia captar em casa. Temos 3 suspeitos para o assalto à
coelheira: “Tóino Pipo”, “Xico d’Avó” e “Jaquim Meia-Ó”. “Tóino Pipo” saiu cerca das 21h00 do café do
Zeca, com uma monumental piela, o que foi confirmado pelos seus dois
companheiros. O “Xico d’Avó” garantiu que o meteu na cama (com a ajuda da
mulher daquele), a qual, certamente, testemunharia o facto. Assim, pelas
23H00 de Domingo, estaria a dormir e não em condições de ir buscar o láparo,
tanto mais que, mesmo que estivesse são, ser-lhe-ia difícil, com o seu físico
baixo, atarracado, convexo, galgar a janela do telheiro. “Xico d’Avó” também não teria sido o
assaltante, porquanto, ao fim do dia de Domingo, já se encontrava com a
enorme constipação que o obrigava a espirrar e a assoar-se constantemente, o
que facilmente o denunciaria, no silêncio daquela noite). Logo, e não só por
exclusão de partes, como se verá, temos o “Jaquim Meia Ó” como culpado.
Porque: Não tem álibi aceitável e susceptível de
comprovação. Nem a sua mulher pode garantir o que ele terá feito depois das
dez e meia. Manifestou alguma perturbação, sintoma de
falsa declaração em curso para esconder uma ilicitude, ao falar da
programação xaroposa de ambos os canais de televisão, exactamente no momento
em que decorria a transmissão do Portugal-Gâmbia. Ora, sendo ele um
entusiasta de futebol, com televisão em casa, muito se estranha que haja
esquecido este jogo e, ainda, que não tivesse aproveitado a emissão como
álibi. Quer dizer, atrapalhado, com algo para esconder, cometeu dois erros a
propósito de um só acontecimento que muito lhe interessava; negou a sua
ocorrência e esqueceu-se de o aproveitar como álibi. Mostrou saber do
furto da noite de Domingo sem que alguém se tenha referido ao assunto. A que
propósito (tem que se perguntar) se lembrou de falar de uma sombra “para os
lados do “Manel da Eira”, pouco depois das onze? Tal referência motiva
suspeição, por constituir menção desconexa, ao efectuar um relacionamento que
nada alude ou sugere… Mas há mais: a declarada visão da sombra (ou
vulto?), no escuro, era muito pouco credível. A noite do roubo fora escura. A
aldeia estava “encravada num vale, rodeada de arvoredo espesso, frondoso e
alto e em que os raios solares custam a entrar”, possuía ténue iluminação da
via pública e, nessa noite, o ciclo lunar começara a fase de quarto minguante
(às 16H54), não proporcionando, assim, luminosidade suficiente que lhe
permitisse visionar, ao longe, uma sombra com um saco às costas… Mas ele
afirmou que “viu” um saco de linhagem com algo lá dentro que estrebuchava!!!
De resto, se houvesse boa visibilidade, não teria o ladrão necessidade de
usar lanterna... O aprumo em que
normalmente “Jaquim Meia Ó” se apresentava não impede que tivesse usado, por
ocasião do furto, vestimenta apropriada para as lides no campo. E, vivendo
ali, numa aldeia, ele tinha, de certeza, roupa e calçado para tal fim. |
|||||||||||||||||||||
©
DANIEL FALCÃO |
|