Publicação: “O Almeirinense” Data: 1 de Fevereiro de 2008 Torneio Domingos Cabral
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TORNEIO DOMINGOS CABRAL PROBLEMA Nº 6 O INSPECTOR FIDALGO E O MORTO NO RIBATEJO Autor: Luís Pessoa O Sebastião
apareceu morto. Naquele local ermo
e calmo, algures no interior do Ribatejo, em zona onde muitas vezes os
nevoeiros têm o seu reinado, um nome como o dele prestava-se a brincadeiras a
propósito da lenda que mostraria um Sebastião a aparecer numa manhã de
nevoeiro… Diziam-lhe os
amigos para ter o cuidado de nunca aparecer quando os nevoeiros tapassem a
planície, pois poderia acabar em rei… sem trono! Sebastião não era
rei de coisa nenhuma. Filho de um modesto
caseiro de uma propriedade abastada, teve a sorte de vir ao mundo com dois
palmos de cara e assim conquistar a filha do senhor das terras, algo que não
era, como é óbvio, muito bem recebido por este. Daí que estivesse
proibido de aparecer na parte da casa dos senhores, o que não impedia, ao que
se dizia, alguns encontros furtivos. Naquela manhã,
Alarcão, proprietário e pai de Carolina, levantou-se cedo, cerca das 7 horas
e, como declarou mais tarde à polícia, não viu nada, porque o nevoeiro ali é
mesmo cerrado e também não ouviu nada estranho, nem os cães deram sinal, pelo
que foi logo fazer aquilo que mais gostava, ou seja, tratar dos seus cães,
mas muito rapidamente porque ainda era muito cedo e o vento gelado cortava a
cara. O casarão ficava na
parte da frente do terreno, ainda a considerável distância da estrada e era
vedado em todo o seu perímetro por muros altos. Na parte de trás do terreno,
fora dos muros, estava a casa do caseiro, onde vivia Sebastião. Todo o terreno
estava isolado de outros, uma vez que havia pinhais em toda a volta, excepto
na frente, onde passava a estrada. Do lado direito, havia um caminho que dava
acesso à casa do caseiro, ao longo do muro compacto, de mais de 100 metros,
apenas interrompido, quase no seu extremo, por um portão que era usado por
todos os que da casa do caseiro iam ou vinham para a casa do Alarcão. Foi por
volta das 8 horas que a mãe do moço deu com ele sem vida, quando o foi chamar
para o pequeno-almoço. Os pais de
Sebastião não deram por nada, segundo declararam, o mesmo acontecendo com os
moradores da casa de Alarcão. Os vizinhos mais próximos, do outro lado do
pinhal, disseram que apenas ouviram os cães em grande algazarra, por volta
das 7 e meia, como sempre faziam, quando o seu dono regressava a casa depois
de alguma ausência e o vento estava de feição. O padeiro da
aldeia, que circulava por ali, como sempre fazia por volta daquela hora, na
faina de levar o pão de porta em porta, declarou que não deu nota de nada e
que só viu, ao olhar da estrada, o senhor Alarcão a caminhar em direcção a
sua casa, vindo dos lados da casa do caseiro, ainda não eram 8 horas. A polícia
interrogou-o durante algum tempo. Sabia-se que Sebastião namorara com a filha
dele durante muito tempo e que chegaram a ter data marcada para o casamento,
mas a chegada da filha de Alarcão fez cair por terra todos os planos. O
interrogatório não revelou muito mais. A filha do padeiro,
por seu lado, declarou não saber nada sobre o assunto, já que nessa madrugada
e manhã estivera com a mãe a fazer o pão que o pai levava a casa das pessoas,
o que se confirmou. Alarcão manteve a
sua história e mostrou-se muito ofendido por alguém alimentar sequer a
suspeita de que ele seria capaz de fazer tal atrocidade ao moço, mesmo
querendo, como ele queria, que ele largasse a sua filha, de vez. O Inspector Fidalgo
não precisou de muito tempo para descobrir que alguém não dizia toda a
verdade nesta história e que, apesar do Sebastião jamais poder surgir do
nevoeiro, esse alguém também não o poderia fazer durante muito, muito tempo… Caro detective: O
Inspector Fidalgo sabe que não fez nada de especial para decifrar este caso e
cabe-lhe a si demonstrá-lo! Elabore um relatório, sem se esquecer que não
basta dizer quem mente. É preciso justificar, apresentando provas. |
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DANIEL FALCÃO |
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