Autor Data Maio de 1978 Secção Enigma Policiário [26] Publicação Passatempo [48] |
A TABERNA DOS PESCADORES A. C. R. Era uma
taberna característica, daquelas só frequentadas por pescadores. Dentro cheirava
a bafio e a vinho azedo. A um canto, umas redes dependuradas na tentativa
infrutífera de amenizar o ambiente. No meio do
compartimento, perto do balcão, uma mesa e algumas cadeiras. E, como centro
de toda a cena, um corpo, sentado numa daquelas cadeiras, tombado sobre a
mesa. Um dos braços pendia em direcção ao chão e o
outro, o direito, colocado sobre o tampo da mesa, tinha perto de si um copo
com um resto de vinho tinto. Quem
observasse com cuidado o corpo da vítima – com o trajo inconfundível dos
pescadores – notaria que no seu peito se achava cravada uma navalha. O sangue
brotava abundantemente do ferimento mortal manchando a camisa de xadrez e as
calças de cotim da vítima. No chão uma poça vermelha. O taberneiro,
segundo as suas próprias palavras, fora a única testemunha do caso. – «Eles eram
dois. Entraram já a discutir. Este mandou que lhe deitasse um copo de vinho.
Assim fiz enquanto eles continuavam a regatear. Ao que me pareceu, a questão
era devida a uns dinheiros emprestados. A certa altura, quando este estava a
beber, o outro puxou da navalha e cravou-lha no peito. Fiquei espantado com a
rapidez do sucedido e quando dei por mim já o patife tinha desaparecido… Não
toquei em nada.» O caso fica
por aqui. E é tão fácil, tão fácil, que o observador atento não precisava de
mais para tirar conclusões. Vamos a isso? |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|