Autor Adaptação de original estrangeiro Data Maio de 1948 Secção Publicação Altura – nº 12 |
O CAVALO ASSASSINO Adaptação de original estrangeiro Durante
largo tempo, o inspector esteve a contemplar o cadáver de Larsen, o famoso
jogador de pólo. Estava estendido de costas no chão, com os braços abertos.
Junto da sua mão esquerda via-se um charuto a meio fumar. O seu rosto estava
terrivelmente desfigurado, mostrando claramente a marca de uma ferradura,
mais acentuada na fronte, onde a parte curva daquela havia deixado profundo
sinal. Os pómulos e um dos olhos estavam quase desfeitos por efeito do
violento coice. -
É estranho que o senhor Larsen estivesse vestido de cerimónia – comentou o
polícia. -
Nãi vejo porquê – replicou o juiz. – Houve uma festa no Clube de Pólo e,
antes de recolher a casa, Larsen veio ver o seu cavalo. -
Não compreendo como foi possível dar-se o acidente - disse o tratador. O bicho era muito manso,
sobretudo com o dono. Nunca o vi tão enfurecido. Tudo se passou num
relâmpago. O senhor Larsen entrou aqui, chegou-se ao cavalo como de costume,
para o acariciar, e o animal encabritou-se repentinamente, dando-lhe o
terrível coice que o matou. -
Entrou alguém na cavalariça, além do senhor Larsen? – perguntou o inspector. -
Passaram alguns amigos que vinham com ele, mas não entraram – respondeu o
tratador. -
Não veio a senhora de Larsen? – quis saber o polícia. - Não, senhor. O
inspector abaixou-se e apanhou do chão uma ponta de cigarro. Era de tabaco
amarelo e apresentava marcas de carmim na extremidade. -
Basta! – disse o inspector ao juiz. – Já sei quem é o assassino de Larsen. Quem
assassinou Larsen? Como
soube o inspector que se tratava de um crime e não de um acidente? |
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© DANIEL FALCÃO |
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