Orientador Datas De Março de 1948 Até Dezembro de 1949 Publicação Altura |
É O LEITOR UM BOM DETECTIVE? Em Junho de 1947, com um formato A5, apareceu no mercado
a revista ALTURA, sub titulada “A IMPRENSA MUNDIAL EM POUCAS PÁGINAS”. Era publicada pelas Edições Altura, do Porto, e esse
primeiro exemplar trazia a referência: 1.º Volume – n.º 1. Tinha periodicidade mensal, e ao longo das suas cerca de
60 páginas, como no cabeçalho se assumia, versava diversos artigos e assuntos
culturais, científicos e técnicos, instrutivos e curiosos, não faltando as
páginas de cinema, humor, passatempos e exercícios mentais. #1. No seu número 10, em Março de 1948, o âmbito dos
exercícios raciocinativos foi ampliado e enriquecido, já que surgiu, no alto
duma página, o seguinte título, discreto, em letra pequenina: É o leitor um bom detective? E logo a baixo, sem preâmbulos, em letra mais destacada… PROBLEMA POLICIAL Após o texto do problema policial e o habitual
questionário, indicava-se que ali havia colaboração de CONSTANTINO –
Almeirim, e que a solução se encontraria em outra página da revista. Nos dois números seguintes, consecutivamente,
publicaram-se os problemas: #2. Abril; n.º 11 – O COLAR DESAPARECIDO #3. Maio; n.º 12 – O CAVALO ASSASSINO Em ambos os casos, as soluções, em posição invertida,
acompanhavam os problemas, sem outras quaisquer observações. A secção não foi publicada no mês de Junho, ou seja, no
n.º 13 da revista. #4. Em Julho, porém, no n.º 14, a secção ressurgiu com novas
roupagens. Apresentava um cabeçalho com o título “CONCURSO DO
PROBLEMA POLICIAL”, e, ao lado, uma caricatura que nos parece ter sido
inspirada no busto do orientador da secção: M. CONSTANTINO. Apareceu, também, um texto de abertura, neste caso
informando que ali se iniciava “o tão solicitado concurso, que constará de
SEIS problemas, dos quais o último será publicado no número de Dezembro”. E
com simplicidade, em meia dúzia de frases, expunham-se as normas do concurso,
para produção e decifração, e a respectiva lista de prémios. Divulgava-se a seguir o problema policial “A MALA DESAPARECIDA”, que se estenderia por uma segunda página. Pela
primeira vez, a secção excedia o espaço de uma página. #5. Em Agosto, (ALTURA n.º 15), repetia-se quase na íntegra,
o texto inicial, informativo, da secção anterior. E desta vez em três
páginas, além do problema “O CASO CURRY”, divulgava-se a solução do problema anterior, A MALA
DESAPARECIDA, bem como o rol dos acertantes, onde apareciam alguns nomes
nossos conhecidos, como sejam o M. B. Constantino, e o saudoso SETE DE
ESPADAS. #6. No mês de Setembro, (ALTURA n.º 16), uma pequena nota de
entrada sobre o “Concurso do PROBLEMA POLICIAL, chamava a atenção para o 3.º
problema do certame, “TRÊS ARMAS DISPARARAM…”, da autoria do concorrente SETE DE ESPADAS. #7. Em Outubro, (ALTURA n.º 17), apenas encontrámos a
informação de que por motivos de força maior, não se publicava a secção com o
4º problema do concurso, e a solução do anterior. #8. Mas em Novembro, (ALTURA n.º 18), apareceu na página 51,
sem qualquer observação ou título, o 4.º problema. Vamos nós titulá-lo «A MORTE DE EMMA GILMAN», que a curta narrativa, apenas uma dúzia de linhas, nos
sugere. Logo abaixo, a designação dos “Concorrentes classificados na solução
de «Três armas dispararam…» Completava a página, extra secção, um anúncio
publicitário sobre o romance policial “ALIBI” QUASE PERFEITO, da «Série
policial» de EDIÇÕES ALTURA. A página 52 estava totalmente ocupada com a solução que o
SETE DE ESPADAS redigira para o seu problema «TRÊS ARMAS DISPARARAM…», que
incluía um esquema por ele desenhado. #9. No n.º 19 de ALTURA, em Dezembro, NATAL DE 1948, já sem
necessidade do intróito que aparecera nos números anteriores, publicou-se o
5.º problema, “O ESTRANHO CASO DE FRITZ YULE”, por Jim Mc Roy, que ocupou por inteiro as três páginas
da secção. Isso motivou um pedido de desculpas, por não se poder publicar a
solução do problema n.º 4 e as respectivas classificações. #10. O ano de 1949, iniciado com a ALTURA n.º 20, referente a
Janeiro, começou com a publicação, sem quaisquer notas e sem título, do
Problema Policial n.º 6, que começava assim: Numa tarde de verão,… A
propósito, é isso que lhe vamos dar por título: «NUMA TARDE DE VERÃO…». Nas duas páginas seguintes, divulgavam-se as soluções
dos 4.º e 5.º problemas, e as soluções respectivas. #11. No n.º 21 da revista ALTURA, com data de Fevereiro/Março
– 1949, sob o cabeçalho: Concurso do Problema Policial, havia o seguinte texto
elucidativo: Ora bem leitores amigos. Terminou o
nosso primeiro Concurso e vamos já dar início ao segundo. Até agora, fosteis
vós os argutos detectives que, na peugada de Sherlock Holmes, vão ganhando
fama e glória… Mas talvez desejeis agora pôr à prova as vossas qualidades de
imaginação e argúcia tentando outra modalidade. Vamos inverter os papéis? É bem simples:
em cada número de ALTURA publicaremos a solução de um problema policial; fica
à vossa argúcia e imaginação o construir o próprio problema, de modo que a
solução esteja certa. Os dados dos «vossos» problemas devem ser descritos da
forma mais clara possível. Embora não querendo arrogar-nos o exclusivo da
originalidade, atrevemo-nos a apontar os problemas que expusemos nos últimos
números, e que vos podem servir de exemplo. À tarefa, pois, grandes detectives, que
isto pode ser o começo de uma bela carreira de escritores policiais. Mas não
se esqueçam que o segredo do êxito está em dizer muito com poucas palavras… Este segundo Concurso constará de SEIS
problemas. Em cada número se publicará o problema que melhor “encaixar” a
solução publicada no número anterior, problema que será o primeiro
classificado – com 10 pontos. Os restantes problemas que forem classificados,
sê-lo-ão conforme o seu mérito, pela escala de valores de 1 a 9. Fechava a página, que era a 63, a solução do problema n.º
6 do 1.º CONCURSO. Voltada a folha, na página 64, numa “caixa” rectangular,
apresentava-se a solução mote, proposta para a elaboração dum enigma para o
CONCURSO DO PROBLEMA POLICIAL, conforme as instruções fornecidas. Essa solução e as que se lhe seguiram, serão adiante
divulgadas, na sequência de todos os problemas e soluções que no final deste
caderno transcreveremos. #12. A secção do n.º 22, de Abril de 1949, tinha a primeira
página preenchida pelas notas informativas sobre o novo Concurso, repetindo,
mais ou menos, as instruções do número anterior. E, na página seguinte, era o
FIM DO PRIMEIRO CONCURSO. Trazia a classificação dos concorrentes no 6.º e
último problema, e a listagem da Classificação Geral. Vinha, a seguir, a SEGUNDA SOLUÇÃO, proposta para a
elaboração dum novo problema para o certame em curso. #13. Em Maio, a ALTURA n.º 23 publicava mais uma «SEGUNDA
SOLUÇÃO», que não era a SEGUNDA, mas sim a TERCEIRA SOLUÇÃO, como mais tarde
veríamos ser corrigido. Também se dava, nessa secção, notícia dos prémios
disponíveis para os classificados deste Torneio. #14. No mês seguinte, Junho, o n.º 24, numa curta nota,
chamava a atenção para os números 22 e 23, onde se publicaram as condições do
novo Concurso. E com simplicidade, propunha-se uma «TERCEIRA SOLUÇÃO», que
afinal não era a TERCEIRA, era a QUARTA SOLUÇÃO, como no mês seguinte viria a
ser esclarecido. #15. Em Julho de 1949, editava-se a revista ALTURA n.º 25, e a
secção abria com o esclarecimento de que, por lapso, se havia indicado erradamente,
a ordem das soluções ultimamente publicadas, e que passariam a designar-se,
como nós já corrigimos, mas vamos repetir, textualmente: Fevereiro/Março .
. . .
. PRIMEIRA SOLUÇÃO Abril .
. . .
. . .
. SEGUNDA SOLUÇÃO Maio .
. . .
. . .
. TERCEIRA SOLUÇÃO Junho .
. . .
. . .
. QUARTA SOLUÇÃO Abaixo, inseria-se uma QUINTA SOLUÇÃO, proposta para a
criação de um novo problema. Nada mais se publicava… E desta forma, talvez inesperada
para quem não acompanhasse mês a mês o sumário da revista, a secção acabou…
tal como começara. Sem anúncio prévio. Mas a revista, também não teve melhor sorte. Terminou a sua publicação, com o número 28, em Outubro de
1949.
SEGUNDO CONCURSO DO PROBLEMA
POLICIAL Para este concurso, fica
assente o seguinte: Em cada número de ALTURA
publicaremos a solução de um problema policial, ficando à argúcia e
imaginação do Concorrente a construção do próprio problema, de modo que a
solução esteja certa. Os dados dos problemas enviados pelo Concorrente devem
ser descritos da forma mais clara possível. Embora não querendo arrogar-nos o
exclusivo da originalidade, atrevemo-nos a apontar os problemas que expusemos
nos últimos números, e que podem servir de exemplo. O Concurso constará de SEIS
problemas. Os problemas que melhor se «encaixarem» nas soluções publicadas,
serão tornados públicos. PRIMEIRA
SOLUÇÃO PROPOSTA (Título do problema à escolha
do concorrente) Sugestão de M. Constantino. Publicado em: ALTURA – n.º 21
- Fev. Março de 1949 «Fora de facto Chris que
matara Allam. Como se viu, as botas enlameadas de Bob não estavam sujas por
ter lá estado. Também se sabia já que só no local do crime havia lama. Logo,
só quem soubesse da existência de lama no local e da existência de um «crime»
poderia ter tentado lançar as culpas para Bob. Esse alguém, pelo que ficou
dito, só poderia ser Chris.» E agora, leitor? Ficamos à
espera do seu problema, de que já sabemos antecipadamente a solução. SEGUNDA
SOLUÇÃO PROPOSTA (Título do problema à escolha
do Concorrente) Sugestão de M. Constantino. Publicado em: ALTURA – n.º 22
- Abril de 1949 «A janela fechada queria levar
a supor que fôra pela porta que o ladrão entrara. Sendo assim, as culpas
caíam sobre o criado do banqueiro. O inspector telefonara para o
perito: os diamantes eram falsos. O truque da janela era demasiadamente batido
para enganar o inspector: haviam entrado calmamente pela janela, atraindo o
criado pelo barulho que haviam feito propositadamente no jardim. Aproveitaram
esse momento para saírem peça porta da casa, fechando-a novamente. E assim se
roubaram os «diamantes» falsos de um banqueiro falido…» TERCEIRA
SOLUÇÃO PROPOSTA (Título do problema à escolha
do Concorrente) Sugestão de M. Constantino. Publicado em: ALTURA – n.º 23
- Maio de 1949 «O depoimento do Dr. Castle
confirmava a lógica dedução do inspector Mallan. Na verdade, uma vez provada a
presença de Mabel no escritório da companhia, das 17 às 19 horas, não podia
ter esta assistido à reunião e, portanto, não podia ter-se apoderado dos
documentos que foram encontrados às 17 e 30. Porém, o inspector falhou num
pormenor, que acusa irremediavelmente Patterson: as chaves que estavam sobre
a mesa não eram as de O’Connor, mas as de Mabel, que só a última pessoa a
sair poderia ter posto ali. O criminoso é, portanto, Paterson.» QUARTA
SOLUÇÃO PROPOSTA (Título do problema à escolha
do Concorrente) Sugestão de M. Constantino. Publicado em: ALTURA – n.º 24
- Junho de 1949 «Roberts e Clarissse mentiam.
Não podiam ter presenciado a cena uma vez que estavam de costas para o
espelho e absorvidos na contemplação do quadro, como demonstrou a dona da
casa. Por seu turno, Manuel também mentiu, visto que a figura não podia ficar
tombada por assentar no globo que tinha dentro a esfera de chumbo, muito mais
pesada do que aquela. De resto, Martin não poderia ter sido o autor do acidente,
por duas razões: Por ser muito baixo e, mesmo em bicos de pés e braço
estendido, não chegar à janela e porque não estava no terraço quando a janela
se abriu violentamente, mas sim a braços com as consequências do génio
irascível da tia. O gigantesco Geofrey, nada tem
com o caso, apesar da má vontade que tinha à velha Margaret; o seu proverbial
mutismo poderia comprometê-lo um pouco aos olhos de outro que não fosse o
nosso arguto Jones, que sabia muito bem o enorme transtorno que a morte de
Margaret causaria ao pachorrento administrador… O acidente, portanto, não foi provocado, mas
involuntário, e ocasionado pela imprevidência do criado que devia ter corrido
os ferrolhos quando viu que outras janelas se tinham aberto por força da
ventania. Quanto a Roberts, Clarice e
Manuel, a sua intervenção no caso explica-se pelo ódio que nutriam contra
Martin, que lhes desfizera o sonho, e a quem queriam prejudicar por qualquer
forma.» QUINTA
SOLUÇÃO PROPOSTA (Título do problema à escolha
do Concorrente) Sugestão de M. Constantino. Publicada em: ALTURA – n.º 25
- Julho de 1949 «O homem saiu pela porta das
traseiras. Não podia ter saído por outra, visto estarem todas fechadas à
chave e com esta bem encaixada nas respectivas fechaduras, do lado de fora, e
ter-se verificado ser impossível abri-las do lado de dentro. O homem era o
próprio detective Mathias, que quis verificar pessoalmente todas as
possibilidades de fuga – e verificou com a própria experiência, partindo uma
perna. Portanto, está explicada a fractura do antebraço de Simmons, e entorse
no artelho do pé esquerdo de Leburgue e as múltiplas contusões que ambos
apresentavam. Também está explicado o aparecimento da madeixa de cabelo da
vítima junto à porta da garagem, precisamente no local onde caíram os dois assassinos:
Simmons e Leburgue.» NOTA
CONCLUSIVA: Terminou assim, a secção da
revista ALTURA, sem que fosse conhecido qualquer problema policial produzido
a partir dos motes propostos. Aqui se apresenta, portanto, uma
oportunidade, para os criativos problemistas de agora, que se encontrem em
pausa de actividade, aceitarem o repto do mestre M. CONSTANTINO, e,
aproveitando as suas dicas e lamirés, construírem - estou seguro disso -
interessantes enigmas para a HISTÓRIA DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA
PORTUGUESA. João Artur Mamede 2011.Janeiro |
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
© DANIEL FALCÃO |
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
|